PCdoB
As nossas lutas no Brasil não estão dissociadas dos graves problemas geopolíticos no mundo multipolar
Intervenção de José Reinaldo Carvalho (*) na Reunião do Comitê Central do PCdoB em 30 de setembro de 2023
As nossas lutas no Brasil não estão dissociadas dos graves problemas geopolíticos no mundo multipolar. O imperialismo estadunidense, em franco declínio no mundo multipolar, o que o leva a maior agressividade, e seus aliados na Otan e União Europeia, ameaçam a segurança internacional, a paz mundial, os direitos e a soberania dos povos. O mais eloquente exemplo disto é sua maciça participação, com armas e assistência de todo tipo ao regime ucraniano, com o objetivo de impor uma derrota política e militar à Federação Russa. Faz parte dos planos estratégicos do imperialismo estadunidense fragilizar, fragmentar e destruir o país euro-asiático, como já foi anunciado em diferentes ocasiões pela Casa Branca, o Pentágono e o Departamento de Estado. A Coordenação de Solidariedade e Paz do Comitê Central do PCdoB indica que o Partido se solidarize com o valente povo russo.
De igual maneira, os Estados Unidos têm como objetivo central a contenção da República Popular da China, país contra o qual realiza uma tentativa de cerco econômico e militar. São exemplos disto a incitação ao separatismo em Taiwan, as incursões de navios de guerra no Estreito de Taiwan e no Mar Meridional da China, além da militarização da região da Ásia-Pacífico. A Coordenação de Solidariedade e Paz do Comitê Central do PCdoB indica que o Partido se solidarize com o valente povo chinês, o Partido Comunista da China e o governo da República Popular da China.
O imperialismo estadunidense reage assim à nova realidade do mundo multipolar, que se expressa no processo histórico de seu declínio, na emergência de novos atores relevantes no palco internacional, na ascensão da China, na revitalização da Rússia, no surgimento de novos mecanismos de ação multilateral com impacto econômico e político, destacadamente o Brics, e na ação em prol do desenvolvimento independente dos países emergentes. Igualmente, as lutas dos povos por democracia, direitos sociais, soberania nacional e paz, nas formas mais diversificadas na vastidão do planeta, fazem parte do novo cenário mundial.
Na América Ltina são cada vez mais intensos os movimentos que envolvem governos progressistas, instituições parlamentares, organizações sociais e partidos políticos que se opõem ao hegemonismo do imperialismo estadunidense e seus intentos de manter laços de dominação sobre nossas nações. Esses movimentos reiteram com suas ações a luta pelos objetivos comuns de nossos povos – a defesa e fortalecimento da soberania e independência dos países da região, a integração regional soberana em prol do desenvolvimento econômico e social.
Fazem parte deste processo as vitórias eleitorais em vários países da região, a permanência e o aperfeiçoamento de processos revolucionários em Cuba, onde prossegue com êxito o aperfeiçoamento e atualização do modelo econômico para fortalecer o socialismo, na Venezuela e na Nicarágua. A Coordenação de Solidariedade e Paz do Comitê Central do PCdoB indica que o Partido se solidarize com os povos e governos revolucionários de Cuba, Venezuela e Nicarágua.
O desenvolvimento da situação política em nosso país, com o resgate da democracia e da soberania nacional no terceiro mandato do presidente Lula também compõe este quadro. A eleição de Lula abre um novo ciclo político em que o povo brasileiro se sente fortalecido, reúne melhores condições de se unir e mobilizar para abrir caminho à construção de um país democrático, soberano e socialmente justo. O Brasil está voltado agora para a obra da reconstrução nacional, a restauração da democracia e a realização das políticas públicas necessárias à promoção dos direitos sociais. O presidente Lula, em seu terceiro mandato, tem o desafio de forjar o apoio de uma expressiva maioria política e social no país, a fim de consolidar a democracia e avançar na implementação do projeto vitorioso nas urnas pela democracia, a soberania nacional e o progresso social. A construção de uma maioria política e social requer que o Partido e seus aliados desenvolvam ações nos movimentos populares, além das frentes governamental e parlamentar.
Já são sensíveis os progressos alcançados no exercício de uma política externa altiva e soberana, que prioriza a autodeterminação, a inserção soberana do Brasil no mundo e nas instâncias multilaterais. O Brasil volta a dar contribuição de peso à construção da multipolaridade, rechaçando as políticas hegemonistas. Isto tem ficado evidente com a atuação no âmbito do Brics, no G20, no G77+China, no enfrentamento do “neocolonialismo verde”, na luta por uma nova arquitetura financeira mundial, nas negociações entre o bloco imperialista europeu e o Mercosul, no âmbito dos mecanismos de integração da região latino-americana e caribenha, na solidariedade reafirmada aos povos irmãos.
Também no que se refere ao conflito na Ucrânia, destaca-se a recusa do Brasil a se alinhar com a posição imperialista e belicista dos Estados Unidos e da Otan. Consideramos positiva a posição adotada por Lula de defesa da paz e de negociações que conduzam de imedato a um cessar-fogo e, em perspectiva, a um acordo de paz.
A conjuntura política na América Latina reflete o desenvolvimento da luta anti-imperialista nas novas circunstâncias. Por diferentes caminhos os nossos povos se empenham pelo resgate da soberania e independência na luta contra as políticas neoliberais e a desigualdade econômica. A luta anti-imperialista e a solidariedade entre os países da região desempenham um papel central neste contexto, enquanto se busca construir uma região da América Latina e Caribe mais justa e independente.
Hoje é incontornável a busca pela autodeterminação, a concertação de alianças, a construção de mecanismos de integração, a busca por alternativas ao neoliberalismo, adotando políticas independentes e voltadas para a luta pelo bem-estar social.
Estamos às vésperas de mais uma Assembleia Geral do Cebrapaz, ocasião em que o Comitê Central e demais instâncias diretivas partidárias estão chamados a dar uma decisiva contribuição ao fortalecimento de uma organização política e social indispensável à prática do internacionalismo proletário, princípio constitutivo de nossa inalienável e indeclinável identidade comunista.
(*) Jornalista, editor do Resistência, editor internacional do Brasil 247, secretário-geral do Cebrapaz – Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz. Coordena a atividade de solidariedade internacional do Comitê Central e da Comissão Política Nacional do PCdoB. Este artigo orienta e assessora os dirigentes e membros do partido nas ações de solidariedade internacional