Argentina

Argentina de Macri vive cenário de crise e conflito social

22/07/2016

Os últimos dias têm sido complicados para o governo de Maurício Macri em relação à política equilibrista que desenvolve desde o início de seu mandato entre o bem-estar dos setores mais concentrados da economia e a marginalidade a que pretende confinar as maiorias sociais e organizadas.

A mudança de cenário aconteceu na quinta-feira passada (14), quando milhares de argentinos saíram às ruas dos principais centros urbanos para protestar contra as políticas de ajuste, inflação e desemprego que o governo promove.

Ainda que os grandes meios hegemônicos de comunicação tenham buscado minimizar o efeito do ato, o barulho das panelas e as buzinas dos carros deram uma sacudida na Casa Rosada, alertando boa parte da oposição a reconfigurar suas estratégias.

Os setores políticos entenderam que o povo dizia “basta”, impunha limites e designava culpados.

O partido oficialista “Cambiemos” saiu a tocar campainhas para tirar fotos com moradores zelosamente pré-selecionados.

Nem o presidente Maurício Macri, nem qualquer outro membro do gabinete disse algo sobre o protesto nacional; muito menos adotar algum tipo de medida que tivesse por objeto reverter o estado de crise que o país vive.

O estado da situação é delicado. Vários setores, como sindicatos, acadêmicos, cooperativas e políticos alertam sobre as consequências que o modelo econômico imposto por Macri está causando e o crescente espírito de instabilidade social. A pobreza traz consigo a resistência e um campo de maiores conflitos.

As fotos adocicadas com a golpista Sociedade Rural, o desfile de alguns cúmplices da última ditadura cívico-militar pelas ruas de Buenos Aires e a convocação à casa de governo de membros de um partido neonazista são cartões-postais do passado imediato mais sangrento do país, que mostra suas intenções de retornar.

E um capítulo à parte é a repressão selvagem no engenho Ledesma, na província de Jujuy, que se deu no dia 14 de julho, quando os trabalhadores da produção de açúcar faziam uma paralisação por tempo indeterminado.

A ação dos efetivos de infantaria deixou mais de 80 feridos pelas balas de borracha e gás lacrimogêneo, a grande imprensa não reportou nada disso, nem sequer fez alusão.

A greve continua. Os trabalhadores continuam na rodovia nacional 34 e mantêm bloqueado o acesso à localidade de Libertador San Martín, onde fica a sede da companhia da família Blaquier. O governo provincial de Gerardo Morales ordenou a conciliação obrigatória, mas o sindicato decidiu não acatar.

Apenas oito meses depois de começar sua gestão, Mauricio Macri gerou vários milhões de novos pobres, mais de 200 mil trabalhadores perderam seus empregos, só no último mês fecharam suas portas 20 mil pequenas e médias empresas. O consumo caiu quase 20 pontos e a inflação é histórica.

Como ficaram longe os slogans de campanha “Pobreza zero”; “Revolução da alegria” ou a mais recente das frases de efeito: “Segundo Semestre”, o paraíso perdido.

Se as coisas continuarem assim, nem a espessa cortina de fumaça que representa a suposta “pesada herança” da gestão anterior, nem as causas agitadas midiaticamente contra as antigas autoridades conseguirão frear o avanço dos setores populares.

Fonte: Prensa Latina.

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