Iêmen
Arábia Saudita impede pessoal da ONU de viajar para o Iêmen
A Arábia Saudita, que lidera uma intensa campanha militar contra o Iêmen, impediu que um voo charter das Nações Unidas, com pessoal de uma agência humanitária, pudesse viajar até ao país destruído pela guerra e onde milhões necessitam de ajuda.
Fontes da aviação revelaram, sob anonimato, que o avião, com destino à capital iemenita, Saná (atualmente sob controle do movimento Ansarullah), foi impedido de levantar de voo no Djibuti, alegadamente porque nele seguiam três jornalistas que trabalham para a BBC, informa a PressTV.
“A coligação (liderada pelos sauditas) alegou que a segurança dos jornalistas não podia ser garantida nas áreas controladas pelos Hutis e aconselhou-os a viajar em voos comerciais”, disse Ahmed Ben Lassoued, representante do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (UNOCHA, na sigla em inglês) no Iêmen.
“É deplorável e, em parte, explica por que o Iêmen, que é uma das maiores crises humanitárias, não está a obter atenção midiática internacional suficiente”, acrescentou.
Posteriormente, uma fonte anônima do contingente militar comandado pelos sauditas disse que a administração de Abd Rabbuh Mansur Hadi, ex-presidente do Iêmen, que se demitiu e é apoiado pela Arábia Saudita, é o único com competências para atribuir vistos a estrangeiros, acrescentando que quem se quiser dirigir ao Iêmen deve viajar para a cidade de Aden, no Sul do país e sob controle das forças leais ao antigo governo.
Caças sauditas matam 22 deslocados
A aviação de guerra saudita atacou três famílias deslocadas junto ao campo de Khalid, na província de Ta’izz (Sudoeste do Iêmen), matando 22 civis, segundo divulgou, nesta terça-feira (20), a cadeia televisiva Al-Masirah.
A campanha militar saudita contra o Iêmen – com o objetivo apregoado de recolocar no poder o antigo presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi e esmagar a resistência do movimento Huti – dura desde março de 2015, tendo destruído parte substancial da infraestrutura do país e provocado mais de 12 mil mortos.
A guerra de agressão conduziu o Iêmen a uma situação de desastre humanitário. De acordo com a ONU, cerca de 18 milhões de pessoas – aproximadamente dois terços da população do país – enfrentam carências alimentares e necessitam de ajuda humanitária. Destas, mais de três milhões sofrem de má nutrição aguda grave (a forma mais severa de subnutrição), sendo que mais de 2 milhões são crianças.
Para além disso, a epidemia de cólera que desde finais de abril atingiu o país já matou mais de 1.700 pessoas, estimando a ONU que o número de casos infecciosos seja superior a 320 mil.
Fonte: AbrilAbril