Colômbia

Apesar de desacordos, governo colombiano e ELN retomarão contatos

10/01/2017

Após fracassadas tentativas de aproximação, as delegações do governo colombiano e do insurgente ELN (Exército de Libertação Nacional) voltarão a se encontrar na próxima quinta-feira (12) no Equador para definir o futuro das negociações de paz entre ambas as partes.

Prometidas desde o último 30 de março, tais negociações formais já têm uma agenda de seis pontos aprovada em acordo mútuo, além de uma sede, mas seguem sem calendário apesar de exortações de políticos e defensores dos direitos humanos para que se chegue ao que chamaram de paz completa.

Após o acordo com as Farc-EP (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo), maior grupo guerrilheiro do país, falta agora alcançar um pacto semelhante com o ELN, menos numeroso que a primeira organização, mas igualmente ativo há mais de 50 anos.

Em 24 de novembro último, o presidente Juan Manuel Santos e o líder das Farc-EP, Timoleón Jimenez, firmaram o documento definitivo no qual registraram sua decisão de terminar um longo conflito e expuseram as medidas necessárias a fim de alcançar esse objetivo.

Sem dúvida, analistas, congressistas e outras figuras do cenário nacional insistem que sem o ELN, a paz na Colômbia estará mutilada ou incompleta.

Não obstante o anúncio de março, o presidente condicionou o início das rodadas de negociações públicas (elas foram antecedidas por contatos preliminares) à libertação do ex-parlamentar Odín Sánchez, em poder do ELN.

Ao mesmo tempo, o ELN pede a anistia de dois dos seus militantes, que deverão agir como promotores de esforços em favor da pacificação, enquanto rechaça qualquer exigência prévia para o acordo no Equador.

Tal divergência mantém estagnados os esforços para instalar a mesa de acordo com a presença das duas delegações.

Além disso, o principal líder do ELN, Nicolás Rodríguez, é favorável a ampliar o silêncio dos fuzis instaurado pelo governo e as Farc-EP a um cessar fogo trilateral que favoreça as futuras reuniões e alivie a população civil, pedido rejeitado pelo governo.

Enquanto em algumas regiões os colombianos percebem os benefícios da suspensão dos confrontos e hostilidades com as Farc-EP (decretada e acatada desde o final de agosto), o confronto com o ELN continua vivo.

Diante do atual cenário, o monsenhor Dalrio de Jesus Monsalve, arcebispo de Cali, exortou a reforçar a paz nascente na Colômbia e a avançar nas negociações com o ELN, atualmente em um impasse.

O arcebispo reprovou o que considera uma personalização do tema das detenções a as exigências de Santos para que seja devolvida a liberdade a Sánchez.

Na sua opinião, seria sensato tratar o assunto e outras questões como as anistias dos guerrilheiros sobre uma base jurídica estável, fruto de um trabalho de comissões para chegar a uma solução real, não pontual.

Apesar das divergências atuais, ambas as partes reiteraram sua disposição para retomar os debates na capital equatoriana esta semana, resta esperar pelos resultados dos mesmos.

Adalys Pilar Mireles, na Prensa Latina; tradução de Luci Nascimento para Resistência

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