Opinião

América Latina e Caribe em primeiro lugar!

21/03/2018

Em tempos em que os Estados Unidos revivem a Doutrina Monroe, os povos de Nossa América devem, assim como fizeram os libertadores há 200 anos, estar prontos para a batalha pela segunda independência.

Por Sergio Alejandro Gómez

A política dos “Estados Unidos sempre em primeiro lugar”, que é defendida pela atual administração republicana, constitui uma declaração de princípios.

Se Washington fantasiou até recentemente com um mundo à sua própria imagem, onde o progresso se espalharia igualmente entre as nações que não discutiram sua hegemonia, agora reconhece que no topo há apenas espaço para um país: o das listras e estrelas e quem tentar mudar isso, deverá enfrentar “fogo e fúria”.

O que a América Latina e o Caribe podem esperar do vizinho? A próxima reunião dos líderes do continente, que ocorrerá em meados de abril, em Lima, Peru, será uma boa oportunidade para descobrirmos.

Faltando menos de um mês para a abertura da VIII Cúpula das Américas – uma iniciativa que surgiu durante o governo Clinton para promover o livre comércio – a Casa Branca precisa preparar o terreno.

Essa será a tarefa do vice-presidente Mike Pence no dia de hoje (21) no Conselho da Organização dos Estados Americanos (OEA), com sede em Washington, onde fará um discurso insólito sobre as prioridades de seu governo, em relação ao continente.

Pence seria o primeiro vice-presidente dos EUA a ir a essa câmara desde que o democrata Al Gore o fez em 1994, o que mostra a pouca importância que Washington atribui ao seu “ministério colonial”, exceto quando os EUA pretendem atacar países soberanos ou promover golpes de Estado.

Seus porta-vozes já adiantaram que planejam intensificar os ataques contra o Governo da Venezuela, cuja derrubada se tornou uma obsessão para a atual administração republicana estadunidense, enquanto lançarão um ramo de oliveira para tentar suavizar as ofensas do presidente Donald Trump contra vários países da região.

A atividade em Lima deverá ser o primeiro encontro cara a cara do presidente dos EUA com os seus homólogos da América Latina e do Caribe, que ainda têm fresca na memória sua retórica xenófoba durante a campanha de 2016, as ameaças para forçar o México a pagar o muro em sua fronteira sul, a qualificação de “assassinos e estupradores” para os imigrantes da região e a ofensa de chamar de “países de merda”, o Haiti e El Salvador.

Quando Pence estiver falando à OEA, em Washington, simultaneamente em Lima, representantes da sociedade civil no continente estarão reunidos em um chamado Diálogo Hemisférico, onde seria de esperar que toquem em temas como os desaparecimentos forçados, ‘pacotaços’ neoliberais, demissões, diminuição de pensões, assassinatos de jornalistas, corrupção e golpes ocultos que assolam nossa região.

Em Cuba, também em paralelo, o Fórum “Pensando as Américas” terá como objetivo mostrar a diversidade e a riqueza da sociedade civil cubana, em tempos de mudanças transcendentais para garantir um socialismo próspero e sustentável.

Três acontecimentos, em três pontos diferentes do continente, cujo eixo é o momento-chave na região, que volta a enfrentar, uma vez mais, o dilema das duas Américas, dois projetos históricos diferentes, que coincidem no mesmo continente

Como disseram os libertadores da América, há 200 anos, esta parece ser a hora de bradar: “América Latina e Caribe em primeiro lugar”.

 

Fonte: Granma, tradução de Maria Helena De Eugênio para o Resistência

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