Oriente Médio

Acordo de cessar-fogo em Gaza provoca crise no governo sionista israelense

15/11/2018

O ministro da Defesa de Israel, Avigdor Lieberman, anunciou nesta quarta-feira (14) sua demissão do governo de Binyamin Netanyahu, um dia depois do anúncio de um acordo de cessar-fogo com o Hamas na Faixa de Gaza.

O ministro, sionista e ultranacionalista, afirmou à imprensa que a trégua é uma “capitulação ante o terrorismo”. “O Estado compra tranquilidade a curto prazo ao preço de graves danos a longo prazo para a segurança nacional”, disse.

O acordo, intermediado pelo Egito, foi anunciado na terça (13). O governo israelense não se pronunciou oficialmente, mas fontes diplomáticas confirmaram a trégua ao jornal Haaretz. ​

Lieberman se pronunciou com o ódio de sempre: “Em períodos de urgência, o público nem sempre sabe” por que são tomadas “decisões essenciais para a segurança do país, e estas decisões devem permanecer secretas para o inimigo”, afirmou Lieberman, ao anunciar sua demissão. “Nossos inimigos nos suplicaram para aceitar este cessar-fogo e sabem muito bem por que fizeram isso”, acrescentou.

O ministro também disse que é completamente contrário à decisão israelense que permitiu que o Catar enviasse, na última semana, ajuda humanitária a Gaza no valor de US$ 15 milhões.

Em um comunicado, o grupo islâmico Hamas, que controla Gaza, qualificou a demissão de Lieberman de “vitória política”.

A saída do ministro entra em vigor em 48 horas. Netanyahu assumirá o posto interinamente.

A renúncia do ministro enfraquece significativamente Netanyahu e pode até levar a uma nova eleição.

Isso porque a demissão de Lieberman provavelmente vai significar a retirada de seu partido, Yisrael Beiteinu, da coalização do governo Netanyahu. Sem essas cinco cadeiras no Parlamento de 120 membros, o primeiro-ministro terá uma maioria de apenas um assento, o que pode levá-lo a considerar antecipar as eleições nacionais, previstas para novembro de 2019.

Em seu anúncio de renúncia, Lieberman pediu eleições antecipadas. “Deveríamos acertar uma data para eleições o mais rapidamente possível”, afirmou.

A recente escalada de violência começou no domingo (11), após uma operação secreta do Exército israelense matar um líder do Hamas, que controla Gaza, e outros seis palestinos que também fariam parte do Movimento. Um tenente-coronel israelense também morreu na ação.

Com isso, os palestinos passaram a lançar na segunda-feira foguetes em direção a Israel, que respondeu com bombardeios, gerando uma crise em um momento em que avançavam as negociações para conter a violência.

A ONU e o Egito vinham negociando com os dois lados uma tentativa de cessar-fogo na região, que vive uma onda de violência desde 30 de março, com a repressão israelense às manifestações de protesto dos palestinos contra a ocupação da Faixa de Gaza.

Essas manifestações muitas vezes acabavam em conflitos e mais de 220 palestinos foram mortos no período. No mesmo período, dois soldados israelenses morreram, incluindo o deste domingo.

Resistência, com agências

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