Colômbia
Abstenção elevada e vitória da direita são as marcas das eleições legislativas na Colômbia
Por Tania Peña para a Prensa Latina
”Sem surpresas”, pode ser esta a conclusão dos resultados das eleições legislativas na Colômbia, nas quais o habitual abstencionismo voltou a ser protagonista.
As eleições deste domingo para o novo Congresso da República demonstraram uma vez mais a abulia do eleitorado diante da tradicional forma de fazer política.
Os colombianos ignoraram o chamado do presidente Juan Manuel Santos de ir votar em massa nas eleições legislativas para vencer o fantasma do abstencionismo.
Apesar de que o número de votos aumentou ligeiramente em comparação com as últimas eleições para o parlamento em 2014, continuou prevalecendo a indiferença para com as urnas.
Em 2014 o abstencionismo nas eleições para o Senado foi de 56 por cento. Nas eleições deste domingo foi de 53%. Para a Câmara dos deputados, passou de 56 a 52,4%.
Dos 50 milhões de habitantes da Colômbia, algo mais de 36 milhões estavam habilitados para eleger o novo congreso, que será formado por 108 senadores e 172 deputados. Mais da metade deles ficou em casa.
Mas os partidos tradicionis movimentaram suas máquinas para garantir suas cadeiras no poder legislativo.
Os partidos Centro Democrático, Conservador, Câmbio Radical, Liberal e Unidade Nacional conseguiram manter o maior número de assentos no parlamento.
O Centro Democrático, liderado pelo ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), se converteu na primeira força do Senado, com 19 cadeiras.
Câmbio Radical, o partido fundado pelo ex-vice-presidente Germán Vargas Llera, conquistou 16 cadeiras, das nove que tinha anteriormente.
Na Câmara a maior quantidade de cadeiras foi dividida entre os partidos Liberal, Centro Democrático e Câmbio Radical.
‘Um parlamento historicamente tomado pela direita e os partidos das classes dominantes’, comentou um analista colombiano.
Outras organizações com representação parlamentar no novo congresso são Aliança Verde, Polo Democrático Alternativo, Lista da Decência, Mira e a Farc.
A nota distintiva da renovação do parlamento nacional é que a Força Alternativa Revolucionária do Comum (Farc) contará com 10 cadeiras, cinco no Senado e igual número na Câmara no próximo período legislativo, segundo os acordos de paz assinados em Havana.
A ex-guerrilha, demonizada na agenda midiática local, e muito limitada em sua campanha eleitoral por reiteradas denúncias de ausência de recursos e falta de garantias para o exercício político, não pôde ampliar através dos votos o seu número de cadeiras no Congresso.
Segundo os especialistas, seria outro o mapa político da Colômbia a partir de hoje se a outra metade dos colombianos habilitados para votar tivesse comparecido às urnas.
As eleições deste domingo influem também na campanha presidencial. Conhecidos seus resultados, os oito aspirantes à Casa de Nariño (sede do governo) poderão medir a partir de agora o poderio de suas máquinas eleitorais.
Tradução da redação do Resistência