Opinião

A história é imparável

01/06/2016

Paralelamente ao desenvolvimento de todas as áreas do conhecimento que fortalecem a capacidade do ser humano assumir a liberdade individual com consciência da sua responsabilidade social – integridade, coerência, ética e respeito pelos outros, solidariedade – o sistema capitalista privilegia o poder de uma elite que controla o capital e desenvolve meios de comunicação para difundir massivamente o antidoto aos princípios de equilíbrio que integra indivíduo e sociedade no percurso evolutivo que os aperfeiçoa.

Por Zillah Branco

A existência de um poder centralizado que impõe pela força o crescimento da riqueza como meta do desenvolvimento descurando as necessidades humanas da população que realiza os trabalhos produtivos e suporta os sacrifícios, deforma o caminho trilhado pela humanidade com a meta da liberdade e da igualdade.

O combate ao sistema capitalista que domina a economia mundial é realizada por caminhos ainda possíveis que tocam os indivíduos, preservando os seus valores, e aproveita condições estratégicas em que a elite poderosa é obrigada a ceder às exigências dos que são o esteio da produção – os trabalhadores e suas famílias.

A história mundial, na evolução das forças que se unem ou se separam na expansão das conquistas – descobertas de territórios, povoamento, colonização, movimentos de libertação, independências nacionais e desenvolvimento de uma nova sociedade – obriga a elite a ceder para depois retomar o poder, criando brechas estratégicas para os que têm por meta o sistema socialista.

No segundo milênio verificou-se na América Latina uma etapa histórica em que governos progressistas abriram as portas das universidades para os mais pobres de todas as etnias, formados com apoios especiais para os que revelam os seus talentos em busca de maiores conhecimentos. A criação de empresas de comunicação social, como a EBC e os canais de TV internacionai pelos Estados evita o monopólio da mídia privada controlada pela elite do sistema transnacional.

Devemos redefinir o que se entende por sociedade civil para encararmos o verdadeiro significado de democracia real.  E os políticos terão de assumir compromissos com os que os elegem sem o distanciamento classista que antes separou os que “debatem a teoria” dos que “vivenciam a prática” para, juntos, defenderem a nação do determinismo capitalista.

Os governos que seguiram os programas sociais lançados no Brasil por Lula em 2003, permitiram que a juventude desabrochasse como cidadã. Basta ver o comportamento dos estudantes organizados do ensino secundário e superior, dos jovens trabalhadores do MST, dos milhares de professoras e professores que enfrentam os problemas de carência nas escolas e de violência nos alunos e buscam, incansáveis, os cursos de capacitação que ajudem a perceber como enfrentar as mudanças sociais, dos “Sem Teto”, dos imigrantes, de sindicalistas, de intelectuais, de artistas.

A ameaça de golpe desencadeou uma participação adulta dessa juventude na defesa da democracia e contra as máfias que estão por detrás de políticos proeminentes e com poder no Estado. Os protestos foram enriquecidos pela coragem e criatividade dos jovens que, ao mesmo tempo promovem a união de todos com as suas diferenças. As expressões revelam uma certa anarquia de costumes mas que distingue os opressores dos oprimidos, com identidades de classe e de cultura patriótica. Não cabem nas estruturas partidárias, transbordam qualquer limite. Mas têm metas coincidentes com os objetivos de esquerda e humanistas: querem o país melhor, combatem os corruptos, repudiam os que usam as leis para simular um Governo que não passa de um grupo assaltante. Exigem políticos à altura do país formado pela sua evolução histórica, decentes, honestos, capazes, dignos dos cargos de Estado. Um novo Estado, democrático de verdade.

No Brasil, a Frente Brasil Popular e outros movimentos sociais que vão surgindo como retalhos da sociedade brasileira para lutar pela integração na sociedade civil, na   perspectiva de limpar o Estado desta gangue assaltante PMDB/PSDB e aliados, reproduz o caminho inovador que levou Lula ao governo em 2002, no combate à ignorância das forças políticas que veem apenas a necessidade de chegar à Presidência de um país sempre dirigido por oligarquias, poderes de classes exploradoras, sem questionarem o determinismo do sistema capitalista. Dizem um rotundo NÃO às cedências aos ambiciosos que vendem o seu eventual apoio, porque conhecem os que construiram a própria dignidade, como o povo trabalhador, diferentes dos que herdaram altas posições e riquezas e só pensam na acumulação do capital.

Este lutadores têm consciência de que, mesmo dentro dos estreitos limites do sistema capitalista que beneficia uma elite mandante com a exploração dos que trabalham, é possível abrir caminho para uma democracia que se consolida através da luta de massas e do esclarecimento de quadros políticos sobre o papel das instituições públicas no desenvolvimento das forças produtivas e dos direitos de cidadania para todos. Um governo democrático tem o povo organizado como parceiro e discute com os vários setores sociais as formas possíveis de ação dos agentes privados e o Estado; fiscaliza a aplicação das leis constitucionais e a comunicação social que forma a consciência e a cultura nacional; estuda a evolução da sociedade e o surgimento de problemas condicionados pelo sistema envolvente para defender a democracia real e impedir a segregação de cidadãos marginalizados; fomenta o conhecimento da história nacional, das etapas da sua evolução, da integridade patriótica e do papel do país em relação aos seus vizinhos no continente, e aos demais a nível internacional.

Toda a esquerda, os democratas, os humanistas, reconhecem que o fundamental hoje é fortalecer a união para vencer a direita golpista que é dirigida pelo imperialismo. A união com o povo brasileiro e com os povos latino-americanos que lutam pelo mesmo objetivo: a democracia real. Todos conheceram o perigo do neo-liberalismo que impõe aos setores mais pobres das sociedades o custo da crise sistêmica que deve ser paga pelos ricos que acumularam o capital nas empresas financeiras. Todos sabem que as riquezas naturais constituem o patrimônio nacional que garante o emprego e o Estado social para toda a população se for gerido por patriotas em contato permanente com os movimentos sociais representativos.

Respeitem a Constituição e os princípios juridicos criados para servirem a Pátria dos brasileiros como uma Nação independente onde floresce a dignidade. Que o povo, livre  das pressões golpistas, manifeste a sua escolha através de uma nova eleição, antes que o Brasil seja completamente delapidado e mais de 200 milhões de cidadãos sofram as consequências do saque! O golpe foi um crime e continua impune!

 

 

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