A conferência nacional do partido comunista

02/06/2015

Os comunistas brasileiros protagonizaram no último fim de semana (de 29 a 31 de maio) um acontecimento marcante em sua trajetória pela construção de um partido de quadros e de massas, influente na vida nacional e no movimento popular, com a realização de sua 10ª Conferência nacional. 

Na tradição do PCdoB, e de acordo com seus estatutos, as conferências nacionais – diferentemente dos congressos quadrienais deliberativos – são eventos consultivos que podem ser convocados quando o Comitê Central necessita de mais elementos de convicção para tomar decisões de largo alcance. Para exemplificar, a anterior conferência realizou-se em 2003, para ajudar a direção a deliberar sobre se o Partido participaria ou não do governo do ex-presidente Lula. Na ocasião, concluiu-se que o centro da tática dos comunistas era o apoio ao governo do presidente Lula, com o objetivo de impulsionar a realização das mudanças estruturais que a nação reclamara na histórica eleição de 2002, ato inaugural de um novo ciclo histórico no país.

Desta feita, a conferência nacional foi convocada para atualizar a orientação adotada no 13º Congresso, no momento em que o país vive uma situação emergencial e exige luta decidida por parte das forças progressistas para defender a democracia, o que tem por pressuposto assegurar a continuidade do governo da presidenta Dilma Rousseff. E culminar o processo de renovação na presidência nacional do Partido, com a substituição de Renato Rabelo pela deputada federal Luciana Santos.

O evento concluiu-se com êxito. O Comitê Central elegeu a companheira Luciana para liderar os comunistas, num período repleto de desafios e perspectivas.

Quanto à linha política, há duas chaves para compreender a orientação emanada da conferência – constantes na resolução política.

A primeira é a proposta de criar uma frente ampla, que congregue as forças democráticas, patróticas, progressistas e de esquerda. Os comunistas se incluem em todas essas categorias e manifestaram-se dispostos a desempenhar seu papel agregador a fim de impulsionar a luta em defesa da democracia, da soberania nacional, dos direitos dos trabalhadores, do desenvolvimento e do progresso social. Partem do pressuposto de que a unidade do povo brasileiro é o instrumento indispensável para organizar a luta por reformas estruturais democráticas e bater os inimigos do consórcio oposicionista – capital financeiro, imperialismo, mídia monopolista, partidos neoliberais e conservadores, tais como o PSDB e seus aliados. Não há formas predeterminadas, nem é válida a cópia de modelos. A frente ampla proposta pelos comunistas tem essencialmente o sentido da unidade democrática, patriótica e popular. 

A outra chave refere-se às linhas de construção partidária. Os debates da conferência convergiram no sentido de derrubar as muralhas existentes entre a ideologia, a linha política e a vida orgânica. E as divisões artificiais entre a luta de massas, a luta de ideias e a atividade institucional, compreendendo-as como vertentes indissociáveis da luta política e da construção do partido dos comunistas. De acordo com o documento aprovado, a partir dessas chaves, é possível superar debilidades e avançar na construção de um partido comunista com ideologia, programa, plataforma de ação, estrutura orgânica e ligação com as massas.

A 10ª Conferência Nacional abre uma nova fase no processo de construção do PCdoB. A militância orgânica e os quadros estão chamados a cumprir papel decisivo na mobilização dos demais filiados e das massas. Como afirmou Renato Rabelo em seu informe à Conferência, “para o PCdoB o alerta é fazer valer as premissas do Estatuto e da Política de quadros, o fortalecimento das instâncias de direção do Partido, aperfeiçoando o rico método leninista da sinergia entre a ideologia, a política, a organização e a ligação com o povo”.

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