Mídia
A caixa fechada e a prometida liberdade
Sonho. Estou num elevador para lugar nenhum cheio de pessoas sorridentes e simpáticas. Demasiado sorridentes e simpáticas. É angustiante. Todos têm um sorriso tático, falso.
Por José João Louro* para Resistência
Ligo os canais televisivos. Por todos os canais internacionais em várias línguas as mesmas imagens. Cristiano Ronaldo eufórico a meter sempre o mesmo gol, seja na DW, Na RT, na TVE 24, na Sic Notícias, na BBC ou na TPA. As mesmas imagens para a notícia da Champions. Mourinho comedido assina um contrato com o Manchester United em todos os canais internacionais. Já se foi a euforia do tempo do Special One, mas ainda é primeira página em todo o mundo.
O mesmo abraço de Obama em Hiroshima no Japão. A mesma imagem ameaçadora de Trump num discurso de ganhador triunfal. Ninguém faz o trabalho mínimo. Copiam as notícias das agências internacionais. A informação ópio. Como drama as longas filas da Venezuela em todos os canais.
O totalitarismo mediático. Não temos nem liberdade para nos informar. Tenho de ir à Democracy Now ou à página da Resistência no Brasil para ler notícias diferentes. O mundo torna-se invariável como o elevador no meu sonho. Ronaldo promete gols, Mourinho angaria publicidade, Obama agoniza,Trump triunfa. “O Mundo a Seus Pés” como o desenhou Orson Wells para quem viu o filme. Um mundo dito “livre” sem qualquer sombra de liberdade. Um mundo odiosamente manipulado. “Chove em Santiago”.
*João José Louro é jornalista e escritor português