Telesur

Para Prêmio Nobel argentino proibição à Telesur é censura

31/03/2016

 

O Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel, considera que a decisão do governo do presidente Mauricio Macri de proibir a Telesur na Argentina constitui um ato de censura e falta de pluralidade na informação.

A Argentina, assim como outros países latino-americanos, integrou o projeto da Telesur, inclusive com participação acionária no canal internacional, após sua criação em 2005 por sugestão do falecido presidente venezuelano Hugo Chávez.

No último domingo (27), o diário governista La Nación anunciou que a administração Macri retirava a Argentina do projeto, o que foi confirmado na segunda-feira pelo ministro de Meios e Conteúdos Públicos, Hernán Lombardi.

Desde o dia 4 de março, a Telesur foi retirada do pacote de canais da Cablevisión sem argumento legal algum e privando milhões de argentinos que pagam por esse serviço de um sinal de notícias de 24 horas.

Na Argentina, “os canais locais não informam, se concentram em encenações e espetáculos e pouco na situação política internacional e latino-americana”, declarou Esquivel em sua conta no Twitter.

Esquivel também mostrou-se preocupado pela postura “muito condicionada e dirigida” de Mauricio Macri, em especial em suas críticas à Venezuela. E sublinhou: “Isto tem que ser posto em evidência (…) são decisões políticas de marginalizar um meio de comunicação como a Telesur”.

Embora Lombardi tenha dito que não se tratava de censura mas de uma questão “prática” e de “risco econômico”, Pérez Esquivel foi contundente ao afirmar que se trata de uma distorção informativa e uma “censura a favor da CNN”.

Também pelo Twitter, Lombardi insistiu em justificar na quarta-feira (30), a desvinculação da rede de televisão Telesur, ao assinalar que o país “não tinha mais a mínima ingerência nas questões financeiras e jornalísticas”.

Muitas outras vozes criticaram na Argentina tal decisão. O líder do partido Novo Encontro, Martín Sabbatella, destacou que a “Telesur permite que o mundo conheça informações que são deliberadamente excluídas dos meios hegemônicos em todos os nossos países”.

“Macri não gosta do que se fala sobre a Argentina na Telesur, porque as notícias e as vozes que nesse canal são difundidas estão fora do pacto de invisibilização que ele acordou com o Grupo Clarín e outros meios argentinos, a partir da abertura de negócios milionários”, afirmou Sabbatella.

Por sua vez, a titular das Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini, disse que “os que falam de pluralidade, de democracia, de ouvir todas as vozes, vão nos proibir de ver a Telesur na Argentina. Calam mais outra boca, outra cabeça que pensa, que nos conta o que realmente está acontecendo”, criticou.

Em um comunicado, a Rede de Intelectuais e Artistas em Defesa da Humanidade (REDH) qualificou de “uma afronta à liberdade de expressão” a retirada do sinal do canal Telesur das emissões na Argentina.

A direção da Telesur queixou-se que o governo argentino divulgou sua decisão de forma isolada sem se comunicar primeiramente com o Conselho de Direção do canal multiestatal.

A Telesur está presente em mais de 90 operadoras a cabo e mantém convênios com mais de cinco emissoras de televisão em diferentes províncias argentinas, chegando até o dia 29 de fevereiro a mais de 20 milhões de potenciais telespectadores e a mais de oito milhões de assinantes, detalhou em um comunicado.

A decisão do governo – advertiu – implica que a Telesur deixará de ser transmitida pelo serviço estatal de Televisão Digital Aberta e ficará nas mãos de cada operadora a cabo a decisão de continuar ou não incluindo o sinal em seu pacote de canais.

Prensa Latina

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