Palestina
Palestinos continuam a resistir em Al-Aqsa
Pelo 10.º dia consecutivo, nesta segunda-feira (24) fizeram-se sentir os protestos dos palestinos contra as novas medidas de segurança no acesso ao complexo da Mesquita de al-Aqsa, na Cidade Velha de Jerusalém. As autoridades israelenses mantêm as medidas e a forte repressão.
A Polícia israelense dispersou os palestinos que se tinham reunido junto a um dos portões do complexo de Al-Aqsa, bem como os funcionários da autoridade muçulmana que administra o local – o terceiro mais sagrado para o Islã –, que têm estado a realizar vigílias com o intuito de denunciar as medidas de segurança implementadas e a detenção de dezenas de funcionários de Al-Aqsa, revela a Ma’an.
Na sequência de um ataque no local, a 14 de julho, as autoridades israelenses vedaram o acesso à Mesquita de al-Aqsa a todos os crentes muçulmanos e impediram, pela primeira vez em muitos anos, que ali fossem realizadas as orações de sexta-feira.
O complexo foi entretanto reaberto, mas a autoridade muçulmana que o administra não aceita os detectores de metal e os torniquetes instalados à entrada, bem como o reforço da videovigilância, acusando o governo de Israel de se aproveitar do ataque recente para aumentar o controle sobre Jerusalém Leste ocupada e incrementar as medidas de repressão contra os palestinos em Al-Aqsa, normalizando-as.
Desde o dia 15 que, em protesto, os palestinos se concentram à entrada das portas de Al-Aqsa, realizando ali as suas orações. Na sexta-feira, milhares manifestaram-se em Jerusalém Leste e no resto dos territórios ocupados da Palestina. Mais de quatro centenas ficaram feridos e três jovens foram mortos pela Polícia e por colonos israelenses.
Estruturas a aumentar
Apesar dos intensos protestos e da repressão, que se voltaram a sentir na Cidade Velha de Jerusalém, onde pelo menos 20 palestinos ficaram feridos no domingo ao fim da tarde, e na Margem Ocidental ocupada, onde as forças israelenses prenderam 16 palestinos durante a madrugada e feriram quatro na tarde de segunda-feira, tudo parece indicar que as autoridades israelenses vão manter e reforçar a estrutura junto a Al-Aqsa.
Esta manhã, forças israelenses foram vistas nas imediações da Porta dos Leões a colocar novas estruturas metálicas para condicionar a entrada na mesquita e impedir novos protestos. Por seu lado, o chefe da Polícia israelense, Roni al-Sheikh, e o presidente da Câmara de Jerusalém, Nir Barakat, fizeram um circuito pelas portas de Al-Aqsa, sob escolta, enquanto os crentes muçulmanos eram expulsos do local e engenheiros israelenses tiravam medidas, informa a Ma’an.
Judaizar Jerusalém, violar o estatuto
Jerusalém Oriental foi anexada por Israel em 1967, mas as Nações Unidas e a generalidade da comunidade internacional classificaram as pretensões israelenses de “uma Jerusalém completa e unida”, capital de Israel, como uma “violação do direito internacional”.
Atualmente 137 estados reconhecem o Estado da Palestina, tendo Jerusalém Leste como capital.
Após a ocupação de Jerusalém Leste, Israel assumiu, com a autoridade muçulmana que administra o complexo da Mesquita de al-Aqsa, o compromisso de não permitir orações não-muçulmanas naquele local. Os não-muçulmanos podem visitar o espaço a certas horas.
Num comunicado emitido este domingo, o Ministério palestino da Informação afirma que as tensões em redor de Al-Aqsa surgem na sequência de violências reiteradas por parte dos israelenses.
De acordo com o ministério, 14.806 israelenses entraram no complexo de al-Aqsa em 2016 – o que terá sido o maior número desde 1967 – e, este ano, já foram 8.000. Em simultâneo, as autoridades israelenses impediram 258 palestinos de Jerusalém de entrar em Al-Aqsa em 2016, por períodos de três a seis meses, indica a Ma’an.
Os palestinos há muito que acusam Israel de estar a tentar judaizar Jerusalém e alterar o estatuto de um local religioso que mexe com todo o mundo muçulmano. São cada vez mais frequentes as incursões da extrema-direita, que solicita a demolição da mesquita.
Tendo em conta as tensões crescentes na Palestina, foi agendada para hoje uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Por seu lado, a Liga Árabe marcou uma reunião para quarta-feira, por iniciativa da Jordânia.
Fonte: AbrilAbril