Guerra
ONU denuncia bombardeios contra civis no Iêmen feitos pela Arábia Saudita com apoio dos EUA
A ONU denunciou nesta sexta-feira (24) que a crise de fome infantil e os contínuos bombardeios contra civis marcam os dois anos da guerra civil no Iêmen, provocando a morte de pelo menos 4.773 civis além de milhares de feridos. A ONU aponta a Arábia Saudita e seus aliados como os principais responsáveis.
No dia 26 de março de 2015 a Arábia Saudita, à frente de uma coalizão militar árabe, invadiu o Iêmen pretextando a defesa de Abdo Rabbo Mansour Hadi, um ex-presidente exilado, expulso do país pelos rebeldes houthis.
De acordo com a ONU os números atualizados de mortos e feridos refletem apenas as vítimas civis – excluindo as baixas entre soldados leais a Hadi e rebeldes. Mas mesmo estes números são claramente menores do que a realidade, reconheceu a própria ONU.
Segundo a organização, só em fevereiro mais de 106 civis morreram, a maior parte em bombardeios aéreos e de artilharia lançados desde embarcações de guerra da Arábia Saudita e outras monarquias reacionárias árabes, que recebem também apoio dos Estados Unidos.
Em outubro de 2016, o jornal The Intercept mostrou que vários fragmentos na cena de um massacre – que deixou 140 civis mortos e 525 feridos – confirmavam o uso de bombas guiadas MK-82 produzidas pelos EUA.
O pior ato recente foi o bombardeio de uma embarcação que levava imigrantes e refugiados, que deixou 33 mortos e uma dezena de desaparecidos, mas a este se somam bombardeios contra caminhões de alimentos, mercados e inclusive barcos de pesca.
“As crianças, mulheres grávidas e idosos, especialmente aqueles que sofrem com doenças crônicas, estão particularmente expostos e em perigo pela falta de remédios”, declarou o alto comissário para os direitos humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein.
“Dois anos de violência gratuita e massacres, milhares de mortos e milhões de pessoas que necessitam desesperadamente de ajuda… é suficiente. Peço às partes deste conflito e aos que as influenciam que trabalhem a favor de um cessar-fogo”, disse Zeid Ra’ad Al Hussein em comunicado.
A agressora Arábia Saudita, aliada carnal dos EUA e que também está envolvida na agressão à Síria, é um país que tem como regime uma monarquia absoluta teocrática há 90 anos comandada despoticamente pela família Al Saud. Lá não existe constituição, os opositores são decapitados em praça pública e a crucificação ainda faz parte do arsenal de punições que um dissidente pode sofrer.
Talvez por conta disso, Zeid Ra’ad Al Hussein também pediu a criação de um órgão internacional independente que investigue os crimes cometidos nesta guerra, que atualmente são investigados unicamente por uma entidade de “direitos humanos” criada pela…. Arábia Saudita. Segundo a agência Efe, a ONU considera que esta entidade da família Al Saud não atua “com suficiente imparcialidade”.
Da redação com informações da Agência Efe