Opinião

O neofascismo e o imperialismo de Trump e Netanyahu serão derrotados pelo povo palestino

07/02/2025

A resistência palestina enfrenta desafios imensos, mas continua a demonstrar capacidade de afirmação, escreve o dirigente comunista José Reinaldo Carvalho

Por José Reinaldo Carvalho – O recente encontro entre o chefe de turno do imperialismo estadunidense, Donald Trump, e o genocida-mor dos tempos atuais, Benjamin Netanyahu, realizado durante esta semana, expõe com plena clareza mais uma vez o caráter criminoso da aliança entre os Estados Unidos e Israel. Com a desfaçatez que lhe é característica, o inquilino da Casa Branca, propôs a limpeza étnica na Faixa de Gaza, um projeto que se insere na lógica fascista e neocolonialista do imperialismo norte-americano e do sionismo israelense, própria da política de reconfiguração geopolítica da região do Oriente Médio, que mantém e exacerba a opressão nacional do povo palestino e agrava todas as contradições regionais.

O que Donald Trump propôs é a nova versão da “solução final” sionista, uma afronta aos direitos históricos do povo palestino, simultaneamente a uma violação do Direito Internacional e do Direito Internacional Humanitário. O deslocamento forçado de populações civis configura crime de guerra, é uma forma de genocídio, um crime de lesa-humanidade.

A “Solução Final” do sionismo, reforçado pela aliança incondicional com os EUA, é uma versão contemporânea de outros experimentos já praticados em circunstâncias distintas e peculiaridades de épocas pretéritas, como o extermínio de populações judaicas pelos nazistas e o apartheid e supremacismo racial na África.

A relação entre Washington e Tel Aviv se baseia em uma incondicional aliança militar, econômica e diplomática, um pacto entre estados bandidos. Desde sua criação em 1948, Israel tem sido uma ponta de lança dos interesses imperialistas ocidentais no Oriente Médio, contando com subsídios bilionários dos EUA para sustentar sua ocupação e agressões militares.

Sob o primeiro mandato de Trump, essa aliança alcançou um nível sem precedentes, consolidando-se com o reconhecimento de Jerusalém como capital israelense. Agora, no segundo mandato de Trump, afigura-se uma situação em que o mundo pode ser testemunha de crimes em série, que começam com o plano de deslocamento forçado dos palestinos de Gaza, passam pela ocupação total da Cisjordânia e a eliminação de forças políticas e militares da Resistência em todo o Oriente Médio.

Quando Netanyahu diz que o Oriente Médio jamais será o mesmo “ao final da guerra” em Gaza e Trump afirma que doravante “a estabilidade reinará para sempre no Oriente Médio”, estão sinalizando que a “solução final” que perseguem se traduz em domínio absoluto do binômio imperialismo-sionismo e aniquilamento dos adversários. Os palestinos sabem, pela amarga experiência do seu martírio, que a tradução disto é Nakba

Contra a Nakba, o fator decisivo é a Resistência

As forças da Resistência têm clareza de que é imperioso o cessar-fogo e têm dado demonstrações de engajamento responsável, cumprindo todos os compromissos assumidos e dispondo-se a levar até o fim o que já foi previamente acordado. É o que corresponde às aspirações mais imediatas do povo palestino, um pressuposto para prosseguir em novas condições a luta pela independência nacional.

Obviamente, diante da tentativa de impor uma nova Nakba, é inevitável que as forças da Resistência não deponham armas nem se entreguem. O povo palestino aspira à paz e à estabilidade, mas não ao preço da submissão.

A proposta de Trump também foi amplamente rejeitada no mundo. Organizações de direitos humanos, organizações multilaterais e governos, mesmo aliados ocidentais de Israel e dos EUA, condenaram a ideia de limpeza étnica. A ONU reafirmou a ilegalidade de qualquer tentativa de deslocamento forçado dos palestinos. O próprio Egito, que historicamente tem colaborado com Israel no cerco à Faixa de Gaza, manifestou preocupação com as repercussões humanitárias e geopolíticas da proposta.

A posição brasileira foi novamente exemplar, quando se trata da questão palestina. As declarações de Lula contra a proposta draconiana de Trump foi uma afirmação soberana e solidária.

Resistência máxima contra pressão máxima

Outro ponto central da agenda Trump-Netanyahu é a intensificação da pressão contra o Irã. O memorando de “pressão máxima” de Trump, que busca isolar Teerã e desestabilizar seu governo, representa uma continuidade da estratégia imperialista de Washington na região. A narrativa de que o Irã representa uma “ameaça” serve apenas para justificar a presença militar norte-americana e fortalecer a posição de Israel como principal aliado dos EUA no Oriente Médio.

Após o memorando em que proclamou a “pressão máxima”, o ditador da Casa Branca impôs novas sanções ao Irã.

A chegada de Trump pela segunda vez ao poder nos EUA marca uma mudança importante na tática do imperialismo estadunidense, que agora busca recuperar a hegemonia exclusiva ignorando qualquer resquício de multilateralismo e sinalizando que pode ir às últimas consequências em nome da primazia dos interesses estadunidenses.

O Irã é um dos principais alvos dessa nova estratégia, em que pode haver multiplicação de sanções e pressão diplomática e cerco militar. A estabilidade regional prometida por Trump pressupõe também o combate ao Irã. Mas isso também enfrentará forte resistência. O chanceler persa Seyed Abbas Araqchi afirmou nesta quarta-feira: “A política de ‘pressão máxima’ só levará à ‘resistência máxima'”.

A tentativa de cerco ao Irã tem encontrado uma contraofensiva. O país persa consolidou alianças estratégicas com China e Rússia, reforçando sua capacidade de enfrentar sanções e ameaças militares. Além disso, a crescente influência do Eixo da Resistência – que inclui Hezbollah, milícias iraquianas , os Houthis iemenitas e os próprios movimentos de Resistência palestinos – torna inviável qualquer plano de dominação unipolar no Oriente Médio.

As ameaças de Trump e Netanyahu devem ser tomadas em consideração como tais, não como blefes. Mas a tentativa desses verdugos do povo palestino e inimigos da humanidade de impor a “Solução Final” na Palestina, expulsando os palestinos de sua própria terra, não é de fácil execução. A política de dominação do eixo do mal Washington-Tel Aviv pode ser derrotada. A Resistência nacional, a unidade das forças progressistas, dos movimentos populares e dos países comprometidos com a autodeterminação dos povos serão elementos decisivos para derrotar essa empreitada criminosa.

A luta dos povos contra o imperialismo e o colonialismo é parte essencial da história mundial. A resistência palestina, assim como outras lutas de libertação nacional ao longo dos séculos 20 e 21 enfrenta desafios imensos, mas continua a demonstrar capacidade de afirmação. A Palestina vencerá.

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