Resistência

Há setenta anos, um grupo de resistentes, entre eles Yves Farge e Raymond Aubrac, se reuniu em Paris no dia 22 de fevereiro de 1948 no Hotel dos Dois Mundos para criar a associação “Os combatentes da Liberdade”, “movimento nacional em defesa dos princípios e direitos da Resistência francesa”, que depois se torna o Movimento da Paz.

Este movimento não cessou de lutar para aglutinar todas aquelas e todos aqueles que consideram que a paz não se constrói através das lógicas de potência que alimentam a corrida armamentista, mas através da realização dos direitos humanos, do respeito aos objetivos e princípios contidos na Carta das Nações Unidas e seu preâmbulo.

A lista das violências armadas e não armadas durante estes setenta anos e o número de vítimas revelam uma evidência compartilhada pela imensa maioria dos povos: a guerra é sempre um erro.

Durante sete decênios, em face dos dramas e desarranjos de todo tipo, o Movimento da Paz atuou e uniu para fazer avançar a exigência de um mundo de paz, justiça, fraternidade, solidariedade e progresso compartilhado.

Para além da luta contra a bomba atômica, o Movimento da Paz acompanhou os povos em suas lutas contra o colonialismo, por sua autodeterminação e contribuiu para conquistar Tratados de interdição de todas as armas de destruição em massa como ultimamente a adoção pela ONU, em julho de 2017, do Tratado de Interdição das Armas Nucleares (TIAN).

Quando da realização do seu último congresso, o Movimento da Paz fixou quatro objetivos prioritários:

– Obter a assinatura e a ratificação pela França do Tratado de Interdição das Armas Nucleares e o imediato congelamento das despesas previstas para a modernização das armas nucleares com a transferência desses créditos à pesquisa civil e à satisfação das necessidades sociais.

– Obter uma paz justa e durável no Oriente Médio, incluindo o reconhecimento do Estado da Palestina.

– Trabalhar pela construção de uma segurança comum para o conjunto da Europa, baseada na cooperação econômica e cultural equitativa incluindo novas relações com a África, e não nas lógicas da militarização.

– Desenvolver em toda a França atividades de educação popular em favor da cultura da paz e da não violência.

Na ocasião deste 70º aniversário, o Movimento da Paz apela solenemente à população que vive na França a se mobilizar por estes quatro objetivos.

Uma união na ação se constrói atualmente em torno das lutas pela eliminação das armas nucleares, pela realização dos Objetivos do Desenvolvimento Durável (ODD), por soluções duráveis aos problemas climáticos, pela promoção de uma cultura da paz e da não violência, por um mundo de justiça, progresso compartilhado e de paz.

Cada um pode assumir seu posto.

O Movimento da Paz se considera um instrumento a serviço de todos aqueles que consideram que para o futuro da humanidade não há outro caminho senão a paz e que desejam assim prosseguir a luta dos Combatentes pela Liberdade.

O Prêmio Nobel da Paz de 2017 atribuido à Campanha International pela Abolição das Armas Nucleares (ICAN) da qual o Movimento da Paz é membro, é um encorajamento a que cada um participe na construção da Paz.

Feliz aniversário a todos os pacifistas!

22 de fevereiro de 2018, o Movimento da Paz

Tradução da redação do Resistência