Movimento Comunista

Movimento comunista, a crise do capitalismo e a ofensiva imperialista

23/02/2016

O Grupo de Trabalho do Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários (EIPCO) reuniu-se em Istambul, nos últimos dias 20 e 21 de fevereiro. Estavam presentes o Partido Comunista, Turquia (anfitrião); o Partido Comunista da África do Sul; o Partido do Trabalho da Bélgica o PC da Boêmia e Morávia (República Checa); o Partido Comunista do Brasil; o Partido Progressista do Povo Trabalhador (Akel, do Chipre); o PC de Cuba; o PC da Grécia, o PC do Líbano; o PC da Índia, o PC da Índia (Marxista); o PC Português; o PC do Vietnã.

O 17º EIPCO, realizado em finais de outubro e início de novembro do ano passado, tinha feito um apelo à solidariedade internacional e o apoio às lutas da classe trabalhadora; por atividades contra o anticomunismo; pela defesa das liberdades democráticas contra o fascismo, o racismo e o militarismo; a defesa dos direitos dos migrantes e de outras pessoas alvos de discriminações; as atividades contra a Otan, as armas nucleares e as bases militares estrangerias; a luta contra a destruição do meio ambiente; a solidariedade aos povos palestino, sírio e outros povos árabes ameaçados pelo imperialismo; pelo fim do bloqueio dos EUA a Cuba e a abolição da posição comum da União Europeia; a solidariedade com a Venezuela e todos os povos latino-americanos lutando contra o imperialismo, a opressão e a injustiça; e a solidariedade com todas as forças do mundo com posições progressistas e anti-imperialistas, pelo povo oprimido e os trabalhadores.

Tendo em mente o apelo do 17º EIPCO, o desenvolvimento do conjunto da situação mundial, e a necessidade de aprofundamento sobre temas de interesse comum dos partidos comunistas e operários, o Grupo de Trabalho discutiu o tema para o próximo encontro, as suas datas e o local de realização, assim como as ações comuns e as atividades de cada partido presente.

O secretário de Política e Relações Internacionais do PCdoB, José Reinaldo Carvalho, presente na reunião, enfatizou a importância da preparação do 18º Encontro num contexto de permanente agravamento, que demanda “a análise dos comunistas e sua unidade de posições e ações.”

José Reinaldo Carvalho intervêm na reunião do GT

José Reinaldo Carvalho na reunião do GT

Para ele, “os comunistas não se perdem em avaliações equívocas nem se comprazem com uma abordagem idílica do desenvolvimento da situação política do mundo contemporâneo. Somos conscientes de que, no quadro de uma crise sistêmica multidimensional para o qual o capitalismo-imperialismo não é capaz de oferecer saídas efetivas, torna-se cada vez mais intensa e brutal a ofensiva do imperialismo contra os trabalhadores, os povos e as nações, que veem seus direitos e a soberania nacional ameaçados”.
José Reinaldo Carvalho identificou e destacou como traços desta ofensiva “as políticas econômicas neoliberais, conservadoras e neocolonialistas, o militarismo, a eclosão de guerras de agressão e as intervenções de variados tipos por parte das grandes potências”. Por isso, enfatizou as ações e o posicionamento dos comunistas brasileiros em solidariedade ao povo palestino e ao povo saaraui em sua resistência contra a ocupação e a agressão israelense e marroquina, ao engajamento do povo venezuelano na defesa da Revolução Bolivariana contra a reação da oligarquia nacional sustentada pelo império, a luta contra a ofensiva da direita no Brasil e em outros países da América Latina, a solidariedade ao povo sírio e ao ucraniano, vítimas da ingerência imperialista devastadora e do ressurgimento do fascismo, assim como os riscos agravados de confrontação na Ásia, sobretudo na Península Coreana, entre outros.

“O nosso Partido está empenhado na criação de instrumentos para ecoar e estimular as lutas dos povos e dos trabalhadores pela democracia, os direitos, a justiça, o progresso social, o desenvolvimento, a soberania nacional e a paz”, afirmou o secretário.

A reunião deliberou que o tema para o 18º EIPCO, será: “Crise do capitalismo e ofensiva imperialista – estratégia e táticas dos Partidos Comunistas e Operários na luta pela paz, pelos direitos dos trabalhadores e povos, pelo socialismo”.

Por aclamação, o Grupo de Trabalho decidiu que o 18º Encontro será realizado em Hanói, Vietnã, no último trimestre de 2016, sob os auspícios do Partido Comunista do Vietnã.

O secretário do Comitê Central do Partido Comunista, Turquia, Kemal Okuyan, ofereceu também uma informação abrangente sobre a situação no país e na região. Okuyan avaliou a expansão do capital turco após a queda da União Soviética, o papel da Otan e do imperialismo estadunidense, a guinada conservadora no país sob o governo do AKP (Partido da Justiça e do Desenvolvimento), o crescente anticomunismo e a militarização regional, na qual o país tem papel fundamental – no contexto do que o PC, Turquia, classificou de “neo-otomanismo”, o novo imperialismo turco. A análise será publicada pelo Resistência.

A próxima reunião do Grupo de Trabalho na preparação do 18º EIPCO acontecerá no início de julho, no Vietnã.

O Grupo de Trabalho aprovou uma declaração em solidariedade ao povo sírio (leia abaixo).

Condenamos a agressão imperialista contra a Síria pela Otan, a Arábia Saudita e a Turquia!

A agressão liderada pelos EUA-Otan contra a Síria, em cooperação com a Turquia, a Jordânia, o Catar, a Arábia Saudita e outros, ininterrupta desde 2011, entra agora em uma nova fase.

Desde o início da crise na Síria, que se desenvolveu a partir de complicações internas econômicas e sociais no país, testemunhamos uma intervenção por meio de forças terroristas respaldadas pelas potências imperialistas, significando uma interferência nos assuntos internos do país.

Regimes reacionários como a Turquia não assumiram apenas o papel de um simples peão do imperialismo, mas também se empenharam por criar sua própria hegemonia, baseados em seus interesses econômicos e orientações ideológicas.

Como consequência da guerra imperialista, milhões de pessoas que depois ficaram sujeitas às políticas hipócritas das mesmas forças imperialistas intensificando a agressão, foram forçadas a abandonar seus lares. Imigrantes sofrem de fome, pobreza, discriminação, violação dos direitos humanos, severa exploração e também arriscam suas vidas por um futuro incerto em diferentes países.

Como as forças terroristas estão prestes a perder, a Turquia e a Arábia Saudita começaram a enunciar a opção pela intervenção direta através da fronteira entre a Turquia e a Síria, justificando seus planos com a “ameça do EIIL [Estado Islâmico do Iraque e do Levante]”. Sabemos que essas alegações são uma grande mentira! Não é a primeira vez que o EIIL, uma criatura respaldada pelo imperialismo, é usado para justificar a intervenção na Síria.

Protestamos e condenamos a agressão contra a Síria, levada a cabo pela Turquia e a Arábia Saudita com a iniciativa da Otan, interferindo nos assuntos internos do país e danificando sua integridade.

Continuaremos a nossa luta contra o imperialismo e os monopólios internacionais, que se empenham por dominar o Oriente Médio através de intervenções militares, invasões e gangues terroristas, enquanto competem gravemente entre si pelo controle de recursos energéticos e rotas de transporte.

Fim à agressão imperialista!

Fim à Otan!

Viva a resistência do povo sírio!

Moara Crivelente, de Istambul, para Resistência

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