“A Venezuela tem em mim um filho”
Depois de doze anos, quando tentou empalmar o poder pela força através de um golpe de Estado, a oligarquia reacionária venezuelana volta a empreender uma aventura contrarrevolucionária.
José Reinaldo Carvalho *
Mancomunada com forças imperialistas que sonham recuperar sua influência e poder no país bolivariano, derrocando a revolução inaugurada pelo comandante Hugo Chávez, hoje sob a liderança do presidente Nicolás Maduro, vândalos da direita, agora sob a direção de um arrivista que já se encontra encarcerado, promovem mais uma intentona golpista.
Essa direita concentra seu ataque contra o presidente Nicolás Maduro, exigindo sua deposição ou renúncia. Conta para isso, com apoio externo e a agitação política promovida pelos meios de comunicação , usina de mentiras que se encarrega de criar um clima propício ao êxito da sua aventura.
Os golpistas navegam nas águas turvas das dificuldades enfrentadas pelo país, imerso na guerra econômica desencadeada pela oligarquia e o imperialismo ao qual serve de instrumento.
No poder há menos de um ano, eleito após o desaparecimento de Hugo Chávez, o presidente Maduro leva adiante com seu estilo próprio a consolidação da Revolução Bolivariana. Instituiu o governo nas ruas, uma gestão peregrina de ligação direta com as massas para encontrar soluções criativas e viáveis aos angustiantes problemas do povo. Combate a usura, a especulação e as tentativas de desestabilização econômico-financeira. Prossegue o esforço de integração, impulsionando a Alba, o Mercosul, a Unasul e a Celac, abrindo novas parcerias comerciais e políticas. Olha também para o outro lado do mundo, onde busca contatos frutíferos com a Rússia, o Irã e a China.
Com visão estratégica, Maduro dá continuidade ao plano socialista da nação, concebido por Hugo Chávez, como expressão de um novo pensamento político denso e qualitativamente diferente do da oligarquia. Forja-se, desse modo, em meio a imensas dificuldades objetivas e subjetivas, como estadista e dirigente político, decidido a levar adiante com consequência, um programa patriótico e de esquerda, bolivariano, democrático-popular, anti-imperialista e socialista, capaz de construir uma grande e poderosa nação progressista.
Trata-se do programa a que jurou fidelidade, como herdeiro do comandante Hugo Chávez, em cujo governo começou a redenção nacional da Venezuela e a libertação social do seu povo. Por meio do programa chavista, Nicolás Maduro busca plasmar e dar concretude aos objetivos históricos, nacionais e estratégicos da revolução na presente etapa. Independência política, econômica, financeira, científica e tecnológica; socialismo, para superar o iníquo sistema capitalista vigente; poderio econômico, social e regional, numa perspectiva de integração entre iguais, com altos índices de desenvolvimento educacional e cultural – são alguns dos objetivos permanentes da revolução que o atual governo busca com pertinácia. É isto que a contrarrevolução busca interromper.
O poder nacional venezuelano é hoje uma fortaleza política e ideológica. Conta com o legado teórico e prático de Hugo Chávez, a ação coordenada dos partidos revolucionários que constituem o Grande Polo Patriótico, as Forças Armadas Bolivarianas e demais instituições republicanas. Em repetidas ocasiões , Chávez sentenciou que as forças entreguistas, reacionárias, opressoras e exploradoras do povo venezuelano “non volverán jamás”. Nicolás Maduro e os demais integrantes do comando revolucionário bolivariano são portadores dessa convicção, o que explica a segurança, firmeza e decisão com que têm agido na presente crise.
A Venezuela chavista, hoje governada por Nicolás Maduro, é um país com milhões de amigos em todo o mundo, a começar pelas repúblicas fraternas da região, entre as quais o nosso país e o nosso povo têm a honra e o orgulho de figurar. O maior líder latino-americano de todos os tempos, o comandante da Revolução cubana Fidel Castro, numa pungente declaração emitida por ocasião do falecimento de Chávez em 5 de março do ano passado, afirmou que o líder bolivariano fora “o melhor amigo que o povo cubano teve, ao longo da sua história”.
Na mesma ocasião, Fidel recordava que o apóstolo das lutas pela independência de Cuba, José Martí, dirigiu-se nos seguintes termos ao país que lhe serviu de abrigo: “Diga-me, Venezuela, em que servir-lhe: ela tem em mim um filho”.
No momento em que a contrarrevolução volta a levantar a cabeça na Venezuela, somos todos venezuelanos e bolivarianos. Com o herói cubano, repetimos que o país de Bolívar e Chávez tem em nós seus filhos, empenhados na solidariedade e na luta em defesa da Revolução.
Vale recordar ainda as palavras de Chávez na última batalha que realizou e venceu: “Os povos do mundo têm dentro de si o que alguém chamava de pulsão heroica. Os povos vivem de sua pulsão heroica e o povo venezuelano possui uma pulsão heroica que vive e viverá para sempre na alma do povo, em suas entranhas”.
São ideias e convicções que nos dão a certeza de que a contrarrevolução mais uma vez será derrotada.
P.S: Não posso evitar uma extrapolação, em momento delicado também para o Brasil, num ano que começa efervescente pelo calendário eleitoral. Forças de direita, utilizando-se de bandos violentos, contando com a hipocrisia da mídia e a ambiguidade de aprendizes de feiticeiro, buscam provocar distúrbios no país, a pretexto de protestar contra a realização da Copa do Mundo de futebol. O golpismo e o intervecionismo externo mantêm sua essência mas mudam de forma e métodos. Os acontecimentos dos últimos dias mostraram aos incautos que não convém brincar com fogo.
Ilha de Cotijuba, Arquipélago de Belém (PA) 19 de fevereiro de 2014