Os comunistas e os desafios da conjuntura internacional
Na última sexta-feira (6), teve lugar na sede nacional do PCdoB uma importante atividade organizada pela Secretaria de Política e Relações Internacionais do Comitê Central do Partido: a reunião ampliada da comissão internacional, com o objetivo de desenvolver o pensamento coletivo, elaborar e executar também coletivamente a política internacionalista do PCdoB. A reunião buscou promover a sinergia entre a ação da Secretaria Internacional e as demais frentes de atividade da direção partidária.
Além dos membros da comissão, participaram o ex-presidente nacional, Renato Rabelo, que fez um informe sobre a situação política nacional e o papel do Brasil na conjuntura internacional, o vice-presidente Walter Sorrentino, a secretária da Mulher, Liége Rocha, o secretário sindical, Nivaldo Santana, de Juventude e Movimentos Sociais, André Tokarski, de Propaganda e Formação, Adalberto Monteiro, de Finanças, Ronald Freitas e de Organização, Ricardo Abreu. A presidenta nacional do Partido, Luciana Santos, enviou uma mensagem de saudação à reunião (leia aqui a íntegra).
Na mesa diretora, ao lado de Renato Rabelo e do secretário de Política e Relações Internacionais, José Reinaldo Carvalho, estavam a deputada federal Jô Moraes, presidenta da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, Socorro Gomes, responsável no Comitê Central pela frente de Solidariedade e Paz, Marcos Tenório, do núcleo de Solidariedade e Paz do Distrito Federal e Wevergton Brito, membro da Comissão Internacional.
Participaram da reunião 57 quadros do PCdoB ligados à atividade internacional de oito estados da Federação – Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Distrito Federal, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e militantes que se dedicam ao estudo das questões internacionais em sua vida acadêmica, militante e profissional.
Para o secretário de política e Relações Internacionais do PCdoB, José Reinaldo Carvalho, um dos aspectos fundamentais da atuação do Partido é o internacionalismo proletário, “inerente ao caráter de classe e à missão histórica do Partido, uma componente fundamental da própria identidade do Partido”. Ao definir conceitualmente a importância do internacionalismo proletário, o dirigente assinalou que “na época atual, o internacionalismo proletário encerra um conjunto de orientações e tarefas, destacando-se a luta de classe dos trabalhadores em todo o mundo, de acentuado caráter anticapitalista, a luta anti-imperialista dos povos e nações oprimidos, a luta pela construção do socialismo em países onde os partidos comunistas exercem o poder político e o apoio a movimentos revolucionários que abrem novos caminhos para o socialismo no século 21”.
José Reinaldo lembrou ainda que o internacionalismo proletário é parte constitutiva do caráter e da natureza do PCdoB, cujos estatutos, já no artigo primeiro estabelecem que o Partido “no espírito do internacionalismo proletário, apoia a luta anti-imperialista de todos os povos por sua emancipação nacional e social, soberania nacional e pela paz mundial”. E mais adiante: “O Partido Comunista do Brasil é uma organização de caráter socialista, patriótica e anti-imperialista”. Lembrou ainda que no artigo 6º, ao referir-se aos deveres do militante, os estatutos estabelecem que um desses deveres é “hipotecar plena solidariedade à luta dos trabalhadores e dos povos em defesa da soberania nacional e de sua emancipação social, pela paz e contra o imperialismo”.
Em seguida, José Reinaldo fez uma análise da conjuntura internacional, com base nas resoluções do 13º Congresso e das reuniões do Comitê Central. “As políticas que o imperialismo e as classes dominantes põem em prática são antagônicas aos interesses dos povos e aos direitos dos trabalhadores. Elas conduzem inelutavelmente à degradação continuada da humanidade e de suas condições de vida. É por isso que, sem nenhum dogmatismo, se faz mais atual do que nunca a disjuntiva vislumbrada pelos fundadores do marxismo – e que foi verbalizada por Rosa Luxemburgo nas primeiras décadas do século passado – entre o socialismo e a barbárie. Estamos convencidos de que ou detemos o curso perigoso que o mundo está seguindo – e para detê-lo é preciso muita luta – ou a perspectiva da humanidade é a degradação, a barbárie”, destacou.
“A aplicação da estratégia de construir o chamado novo Oriente Médio; a contínua presença de tropas estadunidenses no Afeganistão; a intervenção na Síria; o golpe fascista na Ucrânia, com apoio das potências ocidentais e as ameaças de intervenção nesse país do Leste europeu; o prosseguimento da política de ocupação, colonização, limpeza étnica e terrorismo do Estado de Israel contra o povo palestino, com o apoio explícito do imperialismo estadunidense; a adoção de uma estratégia militar voltada para a Ásia; a militarização do planeta; as intentonas golpistas para reverter as conquistas democráticas, patrióticas e sociais na América Latina são os traços mais marcantes do que chamamos de ofensiva brutal do imperialismo contra os povos, causas principais da instabilidade e incertezas do mundo contemporâneo”, assinalou, resumindo a situação internacional, na qual os acontecimentos “tomam cada vez mais um rumo perigoso, intensificam-se as políticas agressivas das potências imperialistas, que põem em risco a paz mundial, a segurança internacional e violam os direitos dos povos e nações”.
O dirigente do PCdoB encerrou sua fala lembrando o 98º aniversário da Revolução socialista soviética, caracterizando-a como “o maior acontecimento político-social da história da humanidade até a presente data”. Esta Revolução, “abriu uma nova fase histórica, de grandes transformações políticas, sociais, econômicas e no exercício do internacionalismo proletário. Reivindicamos o seu legado, fonte de inspiração e ensinamentos para as lutas do presente e do futuro”, finalizou (leia aqui a íntegra da intervenção de José Reinaldo).
Após a abertura feita por José Reinaldo, o ex-presidente do PCdoB, Renato Rabelo fez uma profunda análise sobre a atual crise política brasileira, salientando que hoje a tarefa principal dos comunistas é a defesa do mandato da presidenta Dilma Rousseff.
Renato Rabelo alertou os presentes sobre o grave retrocesso que representaria uma vitória dos golpistas, com consequências nefastas para a democracia, os direitos sociais e a integração da América Latina.
Outras intervenções especiais foram feitas por Socorro Gomes (“a solidariedade aos povos e a luta pela paz”); Liége Rocha (“participação dos comunistas no Fórum Social Mundial Temático de Porto Alegre”) e Jô Moraes (“a frente parlamentar e o internacionalismo”).
Outros 20 camaradas fizeram uso da palavra, tendo como resultado um rico debate que se estendeu das 10hs às 17h40m (com um pequeno intervalo para o almoço) e abordou diferentes aspectos da conjuntura internacional e as tarefas do Partido no exercício do internacionalismo e na solidariedade aos povos e trabalhadores de todo o mundo. Em destaque a solidariedade aos povos da Palestina (leia aqui a moção elaborada pela reunião sobre a Palestina), Síria (leia aqui a moção elaborada pela reunião sobre a Síria), Saara ocidental e da América latina, destacadamente Cuba e Venezuela e um contundente pronunciamento de alerta para a ofensiva reacionária do imperialismo e classes dominantes para reverter as conquistas democráticas, sociais e patrióticas alcançadas na região com a vigência de governos progressistas em muitos países (leia aqui a moção elaborada pela reunião sobre a ofensiva conservadora na AL).
A reunião ampliada da Secretaria de Política e Relações Internacionais concluiu aprovando um plano de ação contemplando diversas tarefas que exigem a atenção dos comunistas na área internacional: a comemoração pelos dez anos da derrota da Alca em Havana (novembro de 2015); o seminário pela paz e o desarmamento concomitante com a reunião da direção executiva do Conselho Mundial da Paz (novembro de 2015); o Congresso da Federação Mundial da Juventude Democrática (Fmjd) em Havana (novembro de 2015); a 4ª Assembleia Nacional do Cebrapaz e a Assembleia do Conselho Mundial da Paz (2016); o Fórum Social Mundial Temático em Porto Alegre (janeiro de 2016); a reunião do conselho presidencial da Federação Sindical Mundial (FSM) no Vietnã (fevereiro de 2016); o Encontro Sindical Nossa América (Esna) no Uruguai (março/abril de 2016); o Fórum Social Mundial em Quebec (agosto de 2016); os preparativos para a comemoração do 100º aniversário da Revolução Russa em 1917; o reforço da nossa atuação junto ao Foro de São Paulo; a participação nos eventos dos partidos comunistas e revolucionários fraternos; o Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários (Eipco) e o Congresso da Federação Democrática Internacional das Mulheres (Fedim) em julho de 2016. .
Da Secretaria de Política e Relações Internacionais do PCdoB / Blog da Resistência