Sionismo
Israelenses “roubaram” a escola de Jubbet al-Dhib
O início do novo ano letivo estava marcado para 23 de agosto, mas na aldeia de Jubbet al-Dhib, na Margem Ocidental ocupada, teve de ser adiado, depois de a Administração Civil israelense ter confiscado as casas móveis que iam servir de salas de aula a 64 alunos.
Há pouco menos de uma semana, a Administração Civil (órgão das Forças Armadas de Israel para a administração dos territórios palestinianos ocupados) já tinha dado ordens aos habitantes de Jubbet al-Dhib, uma aldeia isolada na região de Belém, para pararem com a instalação das oito casas móveis que iam funcionar como escola para 64 crianças do primeiro ao quarto ano de escolaridade.
Os habitantes insistiram que tinham as autorizações necessárias, mas, na terça-feira, soldados israelenses apareceram na aldeia e dispararam gás lacrimogêneo e balas de aço revestidas de borracha contra quem tentou impedir o confisco das estruturas, que foram levadas em caminhões. A Administração Civil justificou a ação com o pretexto de que as casas móveis, doadas por uma organização não governamental europeia, tinham sido instaladas sem autorização, sendo assim “ilegais”, informa a agência Ma’an.
Em comunicado, o Conselho Norueguês de Refugiados condenou Israel pelo confisco das casas móveis, que classificou como parte de “um ataque mais amplo contra a educação na Palestina”. De acordo com esta organização, as ameaças de demolição e as ordens de embargo de obras por parte das autoridades israelenses abrangem cerca de 55 escolas da Margem Ocidental ocupada – muitas das quais foram construídas com financiamento de estados da União Europeia e de outros doadores.
A organização israelense de direitos humanos B’Tselem também emitiu um comunicado em que condena o confisco e afirma que a medida “simboliza a crueldade administrativa e o assédio sistemático, pelas autoridades, visando expulsar os palestinianos das suas terras”.
Ocupação e assédio
Em julho último, a Administração Civil já tinha confiscado os painéis solares que haviam sido instalados o ano passado, em Jubbet al-Dhib, com financiamento do governo holandês, alegando também “falta de autorização”. Para além disso, Israel impediu que a aldeia se ligasse aos sistemas de água e eletricidade, e não permitiu a construção de novas casas para responder ao crescimento da população.
Os palestinos que vivem na Área C – que constitui mais de 60% da Margem Ocidental e se encontra sob completo controle militar israelense – têm de pedir autorizações de construção para qualquer tipo de desenvolvimento nas suas terras. No entanto, os pedidos são muitas vezes negados e o processo pode ser demorado e caro, indica a Ma’an.
A aldeia de Jubbet al-Dhin, onde vivem cerca de 150 palestinos, tem nas suas proximidades vários colonatos – como o de Noqedim, onde reside o ministro da Defesa israelense, Avigdor Lieberman – e postos avançados judaicos, que, pese embora serem ilegais mesmo à luz do direito israelense, estão ligados à rede elétrica e a outras infra-estruturas.
Fonte: AbrilAbril