Mercosul
Gleisi Hoffmann: Brasil não tem o direito de interferir na política interna da Venezuela
Uma das mais eficientes senadoras da República, a paranaense Gleisi Hoffmann (PT), destacada defensora da presidenta Dilma Rousseff no embate contra o impeachment e ativa integrante da bancada de oposição ao governo interino do usurpador Michel Temer, publicou neste domingo (7) no site Brasil24/7 artigo em que afirma que o Brasil não tem o direito de interferir na política interna da Venezuela.
Engtre outras afirmações, a senadora petista alvejou em cheio os golpistas e os acusou de também tramar um golpe contra a Venezuela: “Os usurpadores da vontade popular, que foi claramente expressa nos 54 milhões de votos recebidos pela presidenta Dilma Rousseff nas eleições de 2014, hoje, fazem exatamente o que Chico Buarque declarou inúmeras vezes. Com os golpistas, o Brasil voltou a falar fino com os Estados Unidos e grosso como os países pequenos, como o faz agora contra a Venezuela”.
Ela afirma que os parlamentares que apoiam o golpe são submissos, obedientes ao império, e exercem “o papel que for preciso para atender aos interesses dos poderosos, inclusive os interesses antinacionais, como se está vendo na venda de lotes do pré-sal. Assim foi com a privatização selvagem do patrimônio público brasileiro nos anos 90, que hoje conhecemos como privataria, assim será com as reservas brasileiras de petróleo do pré-sal”.
Gleisi assinala que arquitetam um golpe contra a Venezuela e que isto é “mais uma vergonha a que os golpistas submetem nosso País”. Para a senadora, há um evidente contraste com a política externa inaugurada pelo ex-presidente Lula. “A altivez da diplomacia brasileira, que, no governo do presidente Lula, pela primeira vez na nossa história, passou a exercer influência e tornar-se um ator importante nas grandes questões globais, ensaia a volta à submissão, ao papel de servo de interesses dos poderosos, que não são os interesses do povo brasileiro”, apontou.
A senadora paranaense desvenda o sentido da nova orientação já em vigor: “Cínicos, os condutores da política externa interina repetem para a imprensa amiga que precisam afastar o fator ideológico das relações do Brasil com o mundo. Entretanto, seus movimentos indicam que o que determina suas ações é exatamente a ideologia do neoliberalismo que traz, sempre, como principal resultado a concentração da riqueza nas mãos de poucos e a miséria da maioria da população”, enfatiza.
De acordo com Gleisi, os usurpadores, sem qualquer legitimidade, “preparam-se agora para exportar o golpe para a Venezuela”, algo que fazem “de maneira acovardada, rasteira, sem qualquer interesse na estabilidade geopolítica na América do Sul, tarefa que é essencialmente do Brasil pela extensão do seu território e pela sua importância econômica para toda a região. Aliás o fazem sem considerar os interesses comerciais brasileiros”, acusa.
Mostrando números eloquentes, Gleisi evidencia as contradições da política conduzida pela dupla Temer/Serra para a Venezuela: “Em dez anos de relação com a Venezuela nossa balança ficou positiva em U$ 29 bilhões. Exportamos para lá alimentos, mas também produtos manufaturados sofisticados. A Venezuela também é vital para o desenvolvimento da nossa fronteira amazônica e desempenha papel fundamental para suprimento de energia elétrica da Região Norte. Essa ação do governo brasileiro é um tiro no pé”.
Argumentando de maneira consistente sobre o que corresponde a cada pais dentro das normas do Direito Internacional, a senadora conclui: “O Brasil não tem o direito de interferir na política interna de outros países, da mesma forma que seria inadmissível a intromissão de outros países na crise política pela qual passa nosso país”, defendendo, consequentemente o direito do país vizinho a assumir a presidência pro tempore do Mercosul. “Como os demais países-membros do bloco, a Venezuela está em condições de liderar o Mercosul. Não há nenhuma sanção que a impeça para isso. A alegação de que ainda não conseguiu cumprir com toda normativa do Mercosul, prevista no protocolo de adesão, é improcedente. Nenhum Estado Parte do Mercosul, inclusive o Brasil, cumpre integralmente com a normativa do bloco”.
Fonte: Brasil 247