Eleição na França
Franceses vão às urnas neste domingo; levar a esquerda ao segundo turno está ‘ao alcance da mão’
Há algumas semanas considerada improvável, a ida do candidato da França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, apoiado pelo Partido Comunista Francês (PCF), ao segundo turno, hoje está ao alcance da mão, segundo L´Humanité. A eleição de domingo (23) representa uma ocasião histórica para levar a esquerda progressista ao poder. Leia o editorial do jornal dos comunistas franceses, intitulado “Garantir o futuro”, assinado por seu diretor de redação, Patrick Apel-Muller.
“A fatalidade triunfa desde que se creia nela”, escrevia Simone de Beauvoir. A traição e os sofrimentos sociais deste quinquênio, o panorama político devastado, a ira popular às vezes desviada como raiva para com o vizinho, a dissimulação do liberalismo brutal por trás da máscara de um jovem ambicioso, a pulsão reacionária que tomou a direita, as negociatas em cascata acompanhando os candidatos da coalizão Les Républicains (LR) e da Front National (FN) … tudo isto poderia sufocar a campanha presidencial sob a fumaça.
Mas, às vésperas da eleição, é o candidato da transformação social, aquele que promete a igualdade e a justiça, que abala o cenário estabelecido pelos poderosos. A verdadeira esquerda não está morta, carregada pela juventude e retornando ao cenário com os setores populares e os desempregados. Jean-Luc Mélenchon pode, sim, ir ao segundo turno, isto está ao alcance da mão. Seria uma pena perder a oportunidade, não viver todas as horas que temos pela frente para convencer as pessoas próximas, os hesitantes, os indecisos. E mesmo para além de um possível sucesso, a votação de Jean-Luc Mélenchon é um investimento para o futuro. É primordial para o nosso povo que a esquerda não se dissolva pela religião do mercado, arrasada pelos tristes governantes que se submeteram aos desejos do Medef (Movimento das Empresas da França) e se aglutinam no círculo de Emmanuel Macron, prontos para seguir Manuel Valls nas suas alianças com François Fillon.
O candidato da coalizão LR (Fillon), como da En Marche! (Macron) prometem ao país uma purga violenta. É necessário ter uma força poderosa e confirmada pelas urnas para resistir a isto. As sensibilidades que a constituem são múltiplas: comunistas, insubmissos, socialistas, ecologistas, sindicalistas e associativos. Elas podem magnetizar uma reunião mais ampla de forças que estabeleça maiorias duráveis. “Não há passos perdidos”, escrevia André Breton. Domingo, um grande passo poderá ser dado.
Tradução de José Reinaldo Carvalho para Resistência