O cessar-fogo prolongado entre palestinos e agressores sionistas

27/08/2014

 

Os palestinos comemoram o fim de mais um episódio do massacre que sofreram por Israel. Um cessar-fogo prolongado, mediado pelo Egito, deve ser o ponto de partida para negociações mais abrangentes a serem retomadas em um mês. Entre os pontos centrais estão alívio do bloqueio de quase oito anos imposto ao estreito território palestino da Faixa de Gaza, para o envio de ajuda humanitária e materiais para a enésima reconstrução do enclave de 365 quilômetros quadrados, com quase 1,8 milhão de habitantes, uma das áreas mais densamente povoadas do mundo.

O fim dos bombardeios diários da “operação Margem Protetora” – que, em hebraico, foi intitulada “Penhasco Poderoso” – obtido em negociações importantes, é uma vitória para os palestinos, vítimas de ataques brutais que incluíram também, por algumas semanas, a invasão terrestre com tanques e artilharia pesada. A agência da ONU responsável pela assistência aos palestinos no território, UNRWA, lançou um pedido por US$ 295,4 milhões (R$ 671 milhões) em ajuda humanitária emergencial. Os prejuízos pela devastação, entretanto, são abrangentes e bilionários.

 

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Antes do anúncio do novo cessar-fogo pelo presidente palestino Mahmoud Abbas, o número de vítimas fatais entre os palestinos foi calculado em 2.139 pessoas, com sendo mais de 550 delas crianças e a grande maioria, civis. Estas mortes e a larga destruição da infraestrutura civil – como os quase 10 mil lares, hospitais, clínicas, escolas, mesquitas, igrejas, cemitérios, redes de abastecimento de energia, água e saneamento – são pontos centrais nas denúncias dos crimes de guerra perpetrados pelas forças israelenses.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que lançou a operação em 8 de julho e terminou com apoio de mais de 90% dos israelenses na ofensiva contra os palestinos, principalmente graças à propaganda de guerra veiculada pela mídia, decidiu autonomamente aceitar o cessar-fogo, sem uma votação do seu gabinete, forrado por partidários da ocupação e da violência como “medida de segurança” contra os “terroristas”.

O porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri, explicou um acordo ainda não detalhado. Além do “alívio do bloqueio” a Gaza para a entrada de assistência humanitária, está previsto ainda o aumento da área de pesca para os palestinos do território litorâneo, frequentemente agredidos e perseguidos pela Guarda Costeira israelense, em violação de acordos anteriores sobre o limite marítimo. O restante das questões essenciais deve ser debatido no próximo mês, mas a dinâmica política interna em Israel ainda pode afetar o processo.

Experiências anteriores já demonstraram a completa falta de compromisso do regime colonialista e opressor de Israel com a diplomacia e a justiça da causa palestina em sua luta por autodeterminação e pelo fim da ocupação. Além disso, a repetição do massacre palestino pela “Potência Ocupante”, como é classificado Israel pelo direito internacional humanitário – embora o governo israelense não reconheça essa condição – precisa ser encerrada, a começar com a responsabilização inédita dos líderes por trás das sucessivas ofensivas.

As consequências de mais esta operação são novamente devastadoras, extensas e não podem sair de vista. Ainda assim, o acordo assinado é uma vitória para os palestinos, que demonstram mais uma vez a sua determinação na resistência a mais uma agressão do regime truculento de Israel. O governo virulento de Netanyahu, assim como os anteriores, recusava-se a ceder qualquer ponto nas justas demandas dos palestinos de Gaza, culpando-os por votar em um movimento de resistência e partido político que é arbitrariamente desclassificado como “terrorista”, como se Israel tivesse o direito de decidir a legitimidade da liderança palestina e da sua resistência contra a ocupação.

Os palestinos, martirizados, mas firmes, venceram e angariariam ainda mais apoio internacional contra a opressão israelense. Resta que o mundo finalmente lhes conceda justiça e encerre de uma vez por todas a impunidade, o genocídio e a ocupação israelense da Palestina.

Editorial do Vermelho.

 

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