Do Brasil e do PCdoB ao povo palestino: solidariedade incondicional

01/12/2015

Na última segunda-feira (30), sob a liderança do deputado estadual Luiz Turco, do PT de São Paulo, realizou-se na Assembleia Legislativa uma singela homenagem ao Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino, transcorrido na véspera, uma data oficial no estado devido a uma lei de iniciativa do ex-deputado do PCdoB, Benedito Cintra, na década de 1980.

Por José Reinaldo Carvalho*

Foi um ato plural, que contou com a participação de dirigentes de entidades de movimentos populares, coordenadores de campanhas, partidos políticos e lideranças religiosas.

Destaco, entre outras, a presença do embaixador da Autoridade Nacional Palestina (ANP) no Brasil, Ibrahim al-Zeben, sempre lúcido na defesa da política levada a efeito pela Organização pela Libertação da Palestina (OLP), legítima representante do povo mártir, e na denúncia da ocupação israelense.

Al-Zeben ecoou na Assembleia Legislativa paulista o apelo do presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, para a criação em caráter emergencial de « um regime de proteção internacional do povo palestino ».

 

O apelo tem importância em face dos assassinatos extrajudiciais cometidos pelas forças de segurança israelenses, da expansão das colônias e da persistência de todo tipo de violações dos direitos humanos perpetrados pela ocupação sionista, que, efetivamente é o reflexo no cotidiano de uma deliberada política de extermínio executada pelo Estado sionista. Os palestinos são expulsos de suas casas, impedidos de construir sua nação e quando protestam são duramente reprimidos, no mais das vezes presos e mortos. O Estado sionista visa, através do crime e da barbárie, aprofundar a ocupação e expandir os assentamentos, ignorando como letra morta as resoluções da ONU.

O conteúdo principal da fala do embaixador corresponde ao que dissera em outubro último o presidente da ANP, durante uma reunião especial do Conselho de Direitos Humanos da ONU: « É fundamental que cada um assuma as suas responsabilidades antes que seja tarde demais, penso principalmente nas Nações Unidas (…) e nos Estados-Membros das Nações Unidas » (…) « Faço um apelo ao Conselho de Segurança, que mais do que nunca é solicitado para criar um sistema internacional de proteção do povo palestino de forma urgente », disse o presidente palestino. « Nós precisamos de sua proteção. Protejam-nos, protejam-nos. Nós precisamos de vocês », afirmou. 

O veemente apelo do presidente Abbas corresponde à conclusão a que chegou a ANP de que é « inútil perder tempo em negociações apenas pelo prazer de negociar ». De acordo com ele, « é inaceitável imaginar que a atual situação persista, porque isso vai aniquilar todas as esperanças de uma paz baseada em uma solução de dois Estados ».

Destaco ainda da fala do embaixador palestino no ato realizado na Assembleia paulista, a convicção com que defendeu o fim da ocupação como o único caminho que pode assegurar a proclamação do Estado Palestino independente.

Profundamente grato pela realização da homenagem, Al-Zeben pediu aos brasileiros que sejam porta-vozes da causa palestina, esclareçam, informem e mobilizem-se, incrementando o movimento de solidariedade.

Neste particular, permito-me uma breve reflexão sobre as atuais vicissitudes do movimento de solidariedade ao povo palestino, de gloriosa tradição em nosso país e em São Paulo. O ato do dia 30 na Assembleia Legislativa foi politicamente significativo mas mobilizou muito pouca gente, como têm sido incipientes as manifestações recentemente realizadas, em contradição com a generalizada simpatia e o amplo apoio que a causa palestina sempre despertou em nossa gente.

A causa palestina não pode nem deve ser usada e instrumentalizada para atacar os governos progressistas, a Autoridade Nacional Palestina, a Organização pela Libertação da Palestina e governos de países vítimas do intervencionismo das potências imperialistas ocidentais. Um movimento de solidariedade tem como finalidade precípua prestar solidariedade, não lhe competindo imiscuir-se nas questões políticas internas de outros povos e países. Deve pautar-se pela amplitude, o caráter de massas, a convergência e a unidade de ação, não sendo justo que sirva de trampolim para protagonismos individuais ou de grupos. E em nenhuma hipótese, será linha auxiliar de forças internacionais.

Os comunistas, que têm por princípio o internacionalismo e como orientação estratégia e tática o anti-imperialismo, têm como tarefa prioritária o apoio à causa da libertação nacional dos povos oprimidos. Por isso, na passagem de mais um Dia Internacional do Povo Palestino, explicitamos uma vez mais, em nome do Partido Comunista do Brasil, a nossa histórica, permanente, indeclinável e incondicional solidariedade ao povo palestino, martirizado pela ocupação israelense, apoiada pelo imperialismo estadunidense.

Defendemos a criação do Estado livre e independente da Palestina, com as fronteiras de 1967, capital em Jerusalém Leste e a repatriação dos refugiados. Defendemos ainda a libertação de todos os pesos políticos. Exigimos a retirada de todos os assentamentos israelenses nos Territórios Palestinos Ocupados e a queda do Muro de Separação. Exigimos que sejam cumpridas as resoluções da ONU e conclamamos ao reconhecimento do Estado Palestino como membro pleno da ONU e que os governos dos países membros das Nações Unidas reconheçam urgentemente o Estado da Palestina.

Apelamos pela urgente libertação de todos os prisioneiros palestinos detidos em prisões israelenses. Defendemos uma solução justa do problema dos refugiados palestinos, de acordo com a resolução 194 da ONU e outras resoluções das Nações Unidas.

Faz parte desta luta e da solidariedade ao povo palestino o apoio à campanha internacional pelo boicote, o desinvestimento e as sanções a Israel e a luta para que o governo brasileiro – que no fundamental tem uma posição justa quanto à questão palestina – cancele contratos de compra de equipamentos militares a Israel. O Estado sionista, ao violar as normas mais elementares do Direito Internacional não merece sequer as relações diplomáticas com o nosso país.

*Jornalista, editor do Blog da Resistência, secretário de Política e Relações Internacionais do PCdoB

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