A emergência da frente ampla e a estruturação do PCdoB
As condições amadurecem para que a união de partidos, centrais sindicais, organizações juvenis, de trabalhadores rurais e personalidades independentes se torne realidade.
Por José Reinaldo Carvalho
Num quadro político ainda tenso e marcado pelo embate democrático para defender o mandato da presidenta Dilma das investidas golpistas conduzidas pela direita, a principal batalha é construir a frente ampla das forças do campo progressista.
Os partidos de esquerda procuram ajustar seu rumo. O PCdoB fez há poucos dias a sua 10ª conferência nacional, na qual reafirmou a confiança na presidenta Dilma e reiterou o apoio às suas opções de governo, somando-se às demais forças que lutam pela constituição da frente ampla pela democracia, o desenvolvimento e os direitos sociais.
Simultaneamente, é notável o apelo de sua militância e bases sindicais, juvenis e nos demais movimentos sociais por maior assertividade na defesa dos direitos sociais e mais desengajamento das medidas do ajuste fiscal que sejam contraditórias com a bandeira do desenvolvimento e com os direitos dos trabalhadores.
Por seu turno, o PT realiza seu congresso nos próximos dias, na busca da recomposição da unidade interna, da reaproximação com o povo, da restauração da própria imagem e de pontos de convergência com o governo.
O momento exige a união da esquerda. É positivo que tenha crescido a resistência no interior do PSB à fusão com o PPS, partido que é linha auxiliar do PSDB. Há importantes setores entre os socialistas que podem somar-se ao empenho pela unidade progressista, reconduzindo o partido a suas históricas posições democráticas, populares e patrióticas.
A palavra de ordem da frente ampla pode assim ganhar força com as movimentações desses três partidos, que, como bem lembrou Roberto Amaral, foram os fundadores da Frente Brasil Popular, em 1989.
As condições amadurecem para que a união de partidos, centrais sindicais, organizações juvenis, de trabalhadores rurais e personalidades independentes se torne realidade. É a única via para construir alternativas de ação que impulsionem o governo no sentido da realização de reformas estruturais, da defesa da democracia e dos direitos dos trabalhadores. A união das forças democráticas e populares e a afirmação de uma tendência mais progressista no governo são indispensáveis como contraponto às investidas reacionárias do condomínio oposicionista e um alento para as batalhas que virão.
É também um dado importante para aquilatar a força da esquerda a discussão que nós, comunistas, realizamos sobre o reforço da identidade do PCdoB como partido de classe, da esquerda consequente e com sólido referencial teórico marxista-leninista, o que deve traduzir-se também no empenho pela estruturação da vida orgânica de um partido que não restringe sua atuação aos terrenos eleitoral e de governo, mas é uma organização permanente, que luta pelo objetivo estratégico do socialismo e acumula forças na luta política de massas e na batalha das ideias.
Assim, para que as decisões tomadas na última conferência nacional dos comunistas alcancem plena realização, é indispensável que se dê primordial importância à tarefa de organizar e estruturar o partido, de cuidar mais e melhor deste que é a condição subjetiva primordial da luta pela emancipação dos trabalhadores e do povo. Por óbvio, organização e estruturação a serviço da luta política, o que faz lembrar um conceito leninista exposto com clareza por Stálin: “Quando a justa linha política é fixada, o trabalho de organização é o que decide tudo, inclusive a sorte da própria política, decide sobre sua realização ou insucesso”.