Brasil e Itamaraty são atacados ao criticar ofensiva de Israel

24/07/2014

A nota emitida pela Chancelaria do Brasil nesta quarta-feira (23) sobre a situação na Faixa de Gaza foi respondida de forma raivosa e ofensiva pelo governo de Israel e setores virulentos no próprio Brasil. Em coluna na Veja, Reinaldo Azevedo usa a reação do governo ao massacre dos palestinos para atacá-lo de forma oportunista e manipuladora, enquanto a Confederação Israelita do Brasil (Conib) volta a atuar como agência da liderança sionista por trás dos crimes de guerra israelenses.

Palestinos se abraçam depois de um bombardeio israelense ter destruído uma mesquita em Jabalia, norte da Faixa de Gaza, nesta quinta (24).

Em declaração divulgada em sua página, a Conib, que alega representar a comunidade judaica no Brasil, faz a acusação leviana contra o governo brasileiro de “endossar a política de [usar civis como] escudos humanos”, o principal pretexto do governo israelense para se eximir da responsabilidade pelas mortes de centenas de civis e crianças, entre as quase 800 vítimas fatais da ofensiva contra a Faixa de Gaza.

De acordo com organizações internacionais no local, 80% dos palestinos mortos nos 16 dias de bombardeios lançados pelas forças israelenses por ar, terra e mar são civis e cerca de 200 são crianças. Ainda assim, o governo israelense e seus porta-vozes, como a Conib e Azevedo – que intitulou o artigo em sua coluna na revista Veja, nesta quarta, de “Ação do governo Dilma contra Israel: Só antiamericanismo ou também antissemitismo?” – insistem em justificar o massacre dos palestinos.
Apenas nos últimos cinco anos os palestinos de Gaza – já enfrentando repetidas emergências humanitárias devido ao bloqueio israelense – foram submetidos às “operações militares” de Israel três vezes, com mais de duas mil mortes como consequência e inúmeras denúncias de crimes de guerra ainda não respondidas, uma vez que os defensores desta política agressiva preocupam-se mais com eximir os responsáveis.

Manifestações massivas em todo o mundo têm rechaçado a nova ofensiva israelense, que se enquadra em um contexto mais amplo de ocupação, opressão e massacres repetidos pela história, enquanto qualquer ação de resistência por parte dos palestinos é taxada de “terrorista”. O seu direito à « autodefesa », para os defensores da agressão israelense, não existe.

Comunidades judaicas de diversos países e também vários grupos organizados em Israel somam-se diariamente às vozes contrárias à violência e à ocupação, afirmando não serem representados pela política colonialista, racista, extremista e ultranacionalista levada a cabo pelas lideranças israelenses, que contam com apoio direto dos Estados Unidos, cujos líderes possuem seu próprio histórico de crimes de guerra.

O Brasil enfatiza frequentemente a sua posição pelo diálogo e pela diplomacia para encerrar definitivamente o ciclo de violência e a ocupação ilegal da Palestina. Ainda assim, o porta-voz do governo israelense, Yigal Palmor, disse ao jornal The Jerusalem Post que a nota “demonstra” porque o Brasil “continua a ser um anão diplomático”, ainda que o país seja um dos únicos com relações diplomáticas estabelecidas com todas as nações do mundo e integre um grupo que tem mudado as perspectivas sobre o sistema internacional.

Azevedo adotou a mesma postura do porta-voz israelense, insultando o Itamaraty e o chanceler Luiz Alberto Figueiredo pela breve nota emitida na quarta, classificando-a de “intelectualmente delinquente”. O colunista da Veja escolhe fechar os olhos para as violações do Direito Internacional Humanitário e usar o posicionamento do governo brasileiro a respeito para cumprir a agenda política do meio para o qual escreve, a qualquer custo.

Enquanto movimentos sociais e indivíduos de todos os cantos do globo levantam-se contra a opressão do povo palestino, a Conib e vozes cínicas e oportunistas como a de Reinaldo Azevedo aproveitam-se da situação para atacar a posição do governo, que conta com o apoio dos brasileiros na condenação ao contínuo massacre dos palestinos.

Da Redação do Vermelho

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