José Reinaldo: Movimento mundial pela paz ganha novo impulso e deve ser valorizado
Está em curso uma grande iniciativa do Movimento Cubano pela Paz, do Conselho Mundial da Paz (CMP) e do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz – Cebrapaz, com o apoio de prestigiosas entidades congêneres da América Latina. De 23 a 25 próximos, realiza-se na simbólica localidade de Guantánamo, Cuba, o Seminário Internacional pela Paz e contra as Bases Militares Estrangeiras. Dois dias antes, reúne-se o Comitê Executivo do Conselho Mundial da Paz, também em Guantánamo.
Por José Reinaldo Carvalho*
São eventos da maior importância, em que se debaterá sobre o atual cenário global, carregado de ameaças à soberania nacional, à paz e aos direitos dos povos. A liderança do CMP traçará planos de ações concertadas internacionalmente na luta anti-imperialista, com o intuito de fortalecer o movimento pela paz e avançar com propostas concretas.
Para a presidenta do Conselho Mundial da Paz, Socorro Gomes, esta é uma oportunidade de extrema importância na demonstração da solidariedade internacional ao povo cubano, tanto na comemoração pelos avanços das suas causas (como a libertação dos cinco heróis cubanos detidos nos EUA e a própria retomada de relações diplomáticas com esse país), e também para o reforço da luta pelo fim do bloqueio criminoso imposto à ilha revolucionária e pela devolução do território usurpado de Guantánamo.
A agenda do Comitê Executivo é diversa e representa as várias e urgentes prioridades dos povos atualmente, na luta contra a militarização do planeta, contra as políticas de ingerência belicista impulsionadas pelo imperialismo, pela abolição das armas nucleares, a persistência do colonialismo e o neocolonialismo, entre outras, com o empenho decidido pela dissolução da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) como a « máquina de guerra do império » entre os apelos centrais por ação de unidade.
Os membros do Conselho Mundial da Paz preocupam-se com a escalada da violência no Oriente Médio e na África, principalmente devido à ação imperialista de desestabilização e ingerência, de apoio incondicional ao sionismo israelense e sua ocupação sobre os territórios palestinos, ameaçando também seus vizinhos árabes, o ressurgir do fascismo e da extrema-direita na Europa e na América Latina, com ameaças golpistas para conter o avanço progressista e soberano dos últimos anos, as manobras militares de ameaça e acosso da Otan e seu expansionismo em direção à Rússia, as ingerências dos Estados Unidos também na vizinhança da China, com o apoio à remilitarização do Japão, entre outros temas prementes na agenda de lutas do movimento pela paz.
A solidariedade aos povos em resistência à guerra, à ocupação, à ingerência e às intentonas golpistas abastece e fortalece as organizações membros do Conselho Mundial da Paz pela consolidação de uma intensa programação de ações coordenadas, enfrentando a ameaça de guerra disseminada para demandar respeito à vontade dos povos de todo o mundo de paz, justiça, cooperação e igualdade. A ênfase nessa determinação é essencial para a mobilização e a inclusão de cada vez mais movimentos sociais nessa luta compartilhada contra o imperialismo.
O tema é abrangente e de interesse geral. Ainda que não faça parte das plataformas imediatas das lutas reivindicativas dos movimentos sociais e dos planos de campanha eleitoral, cedo ou tarde as consequências do desenvolvimento do quadro internacional – onde gigantescos interesses entram constantemente em conflito – irão interferir poderosamente inclusive nos cenários da luta cotidiana doméstica em suas várias dimensões e, portanto, subestimar a importância estratégica do movimento internacionalista é não só expressar uma visão pequena sobre o necessário embate ideológico mas revela também uma inaceitável incompreensão de como se desenvolve uma luta política de fundo.
A solidariedade internacionalista e a luta pela paz vão inelutavelmente transformando-se em assuntos emergentes, na contramão dos interesses do imperialismo e do sionismo, que controlam a mídia mundial. A subestimação deste tema revela os equívocos de forças progressistas que, por desaviso ou oportunismo, ignoram os fatos da ação solidária internacional.
Os atentados terroristas, o agravamento da crise no Oriente Médio, a intensificação das lutas do povo palestino contra a ocupação sionista, impõem-se cada vez mais na agenda internacional, concentrando as atenções dos povos.
Aparentemente, há pletora de informação na cobertura de fatos chocantes como os atentados em Paris. Nada mais falso. Vivemos no tempo em que se desinforma vendendo a imagem de que se está informando, tergiversa-se supostamente interpretando, encena-se opinião formada a partir de suposta análise multilateral dos fatos, quando o de que necessitamos, ao menos do lado das nossas forças, é de opinião clara, vertical, direta e sem rodeios.
Felizmente, ainda temos a mídia alternativa e de esquerda, sites e blogues comunistas, e intervimos nas redes sociais, armas modestas na guerrilha diuturna que fazemos na batalha da comunicação e das ideias. Nesse mister o movimento popular, a intelectualidade progressista e os partidos de esquerda, ainda combalidos pelos golpes sofridos das forças do imperialismo nestes tempos de contrarrevolução, fazem um aprendizado aturado e doloroso, com vaivéns, vitórias e derrotas. O Blog da Resistência é um pequenino grão de areia e com sua modesta condição de trabalho divulga as ações do movimento pela paz e da luta anti-imperialista, publicando nestes dias, com o destaque que merece, informações e análises sobre os eventos em Guantánamo.
Colaborou Moara Crivelente
*Jornalista, Secretário de Política e Relações Internacionais do PCdoB