Sob pressão, a Venezuela necessita de paz e diplomacia

02/04/2014

Há muito tempo um país na região latino-americana e caribenha não tem estado sob tamanha pressão quanto a Venezuela bolivariana.

Os recentes protestos levaram o país ao centro das atenções internacionais, com grande cobertura pelos meios de comunicação que mais uma vez distorceram a realidade do país, apresentando um cenário caótico, de desgoverno e crise, ajudando assim a criar um ambiente propício a aventuras golpistas. Sob o pretexto de castigar o país pelo uso da força contra manifestantes, o governo e o Congresso dos Estados Unidos estão discutindo a imposição de sanções, o que penalizaria o povo, como sempre ocorre em semelhantes situações.

Duas têm sido as teses principais defendidas no exterior sobre a Venezuela – a de que o país é governado por uma ditadura e está experimentando retrocessos econômicos e sociais.

No entanto, desde a primeira eleição de Hugo Chávez, em 1998, e o início da Revolução Bolivariana, a Venezuela ingressou num período de construção e aprofundamento da democracia popular, com intensa participação e mobilização da população, realização frequente de eleições e outras consultas, inclusive o referendo revogatório de mandatos. Desde 1998, o movimento fundado por Hugo Chávez ganhou 18 eleições. O protagonismo popular e o exercício do poder pelo povo é a palavra-chave que sintetiza o espírito da Constituição bolivariana.

Quanto à evolução da situação social, a Venezuela nesta década e meia desde o primeiro governo de Chávez se tornou um país inteiramente distinto daquele quando era governado pela oligarquia. Em artigo recentemente publicado no jornal The New York Times, o presidente Nicolás Maduro assinala: “Segundo as Nações Unidas e o Banco Mundial, a Venezuela reduziu consistentemente a desigualdade, transformando-se de um dos países mais desiguais da América Latina em 1998 no país menos desigual de América Latina hoje. Reduzimos a pobreza enormemente – de 29% em 1998 a 19,6% em 2013. A pobreza extrema diminuiu no mesmo período, passando de 21,5% a 6,5%”.

A Venezuela avançou socialmente com a realização das Missões – mecanismo em que também se exercita o novo tipo de democracia – que consistem em programas sociais e políticas públicas emergenciais e estruturais em todos os domínios: alimentação, saúde, educação, habitação. O país fez prodígios redistribuindo socialmente os recursos provenientes da exportação do petróleo.

As autoridades venezuelanas têm reiterado que o país necessita de paz e diplomacia. O governo lançou o diálogo nacional através das conferências de paz, com ampla participação de todos os setores da população. Apostando no pior, a oposição recusa-se a debater com o governo no âmbito das conferências de paz. A oposição mais radical recorre a meios violentos, ataques a instalações públicas e a autoridades municipais. Pretende prolongar indefinidamente a crise e transformá-la em confrontações para alcançar o objetivo de derrubar o governo ou criar uma situação que “justifique” uma intervenção externa.

Nesse contexto, reveste-se de enorme importância a ação diplomática da Unasul, cujos chanceleres examinaram in loco a situação e fizeram pertinentes recomendações ao governo e à oposição. A nova diplomacia sul-americana dá assim uma contribuição para a estabilidade da Venezuela e um sinal de que crises e conflitos políticos internos podem ser resolvidos sem que nenhuma potência que se arvora em polícia do mundo intervenha nos assuntos internos de países soberanos e tumultuem o processo de integração solidária em curso na região.

A Revolução Bolivariana é indispensável para que o país avance como nação democrática, soberana e socialmente justa. E é cara aos países latino-americanos como referência necessária na formação de um novo bloco político de nações progressistas.

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