Cuba

Fidel: Empreenderemos a marcha e aperfeiçoaremos o que devemos aperfeiçoar

20/04/2016

O líder da Revolução cubana, Fidel Castro, discursou na sessão de encerramento do 7º Congresso do Partido Comunista de Cuba, na terça-feira (19). Leia a íntegra.

Constitui, companheiros, um esforço sobre-humano dirigir qualquer povo em tempos de crise. Sem eles, as mudanças seriam impossíveis. Participar em uma reunião como esta, na qual se congregam mais de 1.000 — aqui se explicou que eram novecentos e tantos — representantes escolhidos pelo próprio povo revolucionário, que neles delegou sua autoridade, significa para todos a maior honra que receberam na vida (aplausos); a esta se soma o privilégio de ser revolucionário que é fruto de nossa própria consciência (aplausos).

Por que me tornei socialista? Mais claramente, por que me converti em comunista? Essa palavra que expressa o conceito mais distorcido e caluniado da história por parte daqueles que tiveram o privilégio de explorar os pobres, despojados desde que foram privados de todos os bens materiais que o trabalho, o talento e a energia humana proveem. Desde quando o homem vive nesse dilema, ao longo do tempo sem limite? Sei que vocês não necessitam desta explicação, mas talvez alguns ouvintes, sim.

Falo simplesmente para que se compreenda melhor que não sou ignorante, extremista, nem cego, nem adquiri minha ideologia por minha própria conta estudando economia.

Não tive preceptor quando era estudante de leis e ciências políticas, nas quais aquela tem um grande peso. Claro que então tinha cerca de 20 anos e era aficionado ao esporte e a escalar montanhas. Sem preceptor que me ajudasse no estudo do marxismo-leninismo, não era mais que um teórico e, certamente, tinha uma confiança total na União Soviética. A obra de Lênin ultrajada depois de 70 anos de Revolução. Que lição histórica! Pode-se afirmar que não deverão transcorrer outros 70 anos para que ocorra outro acontecimento como a Revolução russa para que a humanidade tenha outro exemplo de uma grandiosa revolução social que significou um enorme passo na luta contra o colonialismo e seu inseparável companheiro, o imperialismo.

Contudo, talvez o maior perigo que hoje paira sobre a terra derive do poder destrutivo do armamento moderno que poderia minar a paz do planeta e tornar impossível a vida humana sobre a superfície terrestre.

Desapareceria a espécie como desapareceram os dinossauros; talvez houvesse tempo para novas formas de vida inteligente ou talvez o calor do sol cresça até derreter todos os planetas do Sistema Solar e seus satélites, como reconhecem grande número de cientistas. Se forem certas as teorias de vários deles, as quais nós, leigos, não ignoramos, o homem prático deve conhecer mais e adaptar-se à realidade. Se a espécie sobrevive um espaço de tempo muito maior, as futuras gerações conhecerão muito mais do que nós, embora primeiro tenham que resolver um grande problema. Como alimentar os bilhões de seres humanos cujas realidades se chocariam irremissivelmente com os limites de água potável e recursos naturais de que necessitam?

Alguns ou talvez muitos de vocês se preguntem onde está a política neste discurso. Creiam-me que lamento dizer, mas a política está aqui nestas moderadas palavras. Oxalá muitos seres humanos nos preocupemos por estas realidades e não sigamos como nos tempos de Adão e Eva comendo maçãs proibidas. Quem vai alimentar os povos sedentos da África sem tecnologias a seu alcance, nem chuvas, nem reservatórios, nem mais depósitos subterrâneos que os cobertos por areias? Veremos o que dizem os governos que quase em sua totalidade subscreveram os compromissos climáticos.

Há que martelar constantemente sobre estes temas e não quero estender-me mais do que é imprescindível.

Logo completarei 90 anos (aplausos), nunca me havia ocorrido essa ideia e isso nunca foi fruto de um esforço; foi capricho do acaso. Logo serei como todos os demais. A todos nós chegará a nossa vez, mas ficarão as ideias dos comunistas cubanos (aplausos) como prova de que neste planeta, se se trabalha com fervor e dignidade, podem-se produzir os bens materiais e culturais de que os seres humanos necessitam, e devemos lutar sem trégua para obtê-los. A nossos irmãos da América Latina e do mundo devemos transmitir que o povo cubano vencerá (aplausos).

Talvez esta seja uma das últimas vezes que eu fale nesta sala. Votei em todos os candidatos submetidos a consulta pelo Congresso, e agradeço o convite e a honra de me escutar. Felicito todos e, em primeiro lugar, o companheiro Raúl Castro por seu magnífico esforço (aplausos).

Empreenderemos a marcha e aperfeiçoaremos o que devemos aperfeiçoar, com lealdade meridiana e a força unida, como Martí, Maceo e Gómez, em marcha imparável (aplausos).

Fonte: Granma; traduzido por José Reinaldo Carvalho para Resistência

 

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