Imperialismo
EUA poderão ficar na Síria para evitar “vitória” de Assad e do Irã
A administração norte-americana pretende manter as suas tropas na Síria depois da derrota do Daesh – objetivo que tem usado para justificar a sua presença no país levantino. A meta é agora impedir a vitória de Assad e dos seus aliados iranianos, noticiou o Washington Post esta semana.
A administração Trump está a “alargar os seus objetivos” na Síria, que passam por uma permanência “potencialmente ilimitada” no território, para apoiar as chamadas Forças Democráticas Sírias (FDS), dominadas majoritariamente pelos curdos, informou o periódico na quarta-feira, referindo-se a declarações, feitas sob anonimato, de vários representantes norte-americanos.
Até aqui, Washington tem justificado a sua presença no território sírio com a necessidade de combater o chamado Estado Islâmico. Algo que faz de forma ilegal, sem consentimento do governo de Damasco e sem um mandato das Nações Unidas, pese embora as declarações recentes do secretário de Estado da Defesa, James Mattis, a apontar em sentido contrário: “a ONU basicamente disse-nos que fôssemos atrás do Daesh. E nós andamos lá atrás deles.”
É longa a lista de intervenções militares norte-americanas sem aprovação das Nações Unidas, bem como a das suas “justificações” para lançar nas TV e convencer os “cidadãos” da justeza dos seus bombardeamentos, operações e destruição de Estados soberanos.
De acordo com a reportagem do Washington Post, os EUA estarão decididos a manter-se no terreno para servir de contrapeso às forças vitoriosas de Bashar al-Assad – que não foi varrido do mapa, como pretendido – e dos seus aliados russos e iranianos.
“Uma retirada abrupta dos EUA poderia garantir a Assad o controle do território sírio e ajudá-lo a sobreviver politicamente – um resultado que seria uma vitória para o Irã, seu aliado próximo. Para evitar esse cenário, representantes norte-americanos afirmam ser sua intenção manter a presença das tropas dos EUA no Norte da Síria… e estabelecer um novo governo local, fora do alcance do governo de Assad, nessas áreas”, lê-se no jornal.
A confirmar-se esta presença, confirma-se também aquilo de que os norte-americanos têm vindo a ser acusados há muito, nomeadamente por sírios e russos: estão a atacar a integridade territorial da Síria e pretendem garantir o controlo de recursos naturais sírios – como gás e petróleo –, continuando a desestabilizar a região, ao serviço dos “interesses dos sionistas”.
Nicholas Heras, do Center for a New American Security, com sede em Washington, disse ao jornal referido que “existem condições para transformar a (alegada) campanha contra o Daesh numa campanha contra o Irã” e que, “ao não estabelecer um limite temporal para a missão norte-americana, o Pentágono está a criar uma estrutura para manter os EUA envolvidos na Síria por muitos anos”.
Presença militar dos EUA na Síria parece uma ocupação
Falando nesta quinta-feira numa conferência de imprensa em Moscou, a porta-voz do Ministério russo dos Negócios Estrangeiros, Maria Zakharova, afirmou que, “do ponto de vista do direito internacional, os Estados Unidos da América estão ilegalmente na Síria, não possuindo nenhuma autorização oficial ou um convite de Damasco”.
“Estão na Síria contra a vontade do governo legítimo do país, sem uma base legal, pelo que, de fato, o seu comportamento se assemelha ao de uma ocupação”, acrescentou, citada pela PressTV.
Zakharova manifestou-se ainda espantada com as declarações recentes que dão conta das intenções da administração norte-americana de prolongar a presença das suas tropas na Síria.
Fonte: AbrilAbril