O Sionismo, a questão palestina e a hegemonia estadunidense: a geopolítica genocida do Estado de Israel

08/09/2015

A região da Palestina, até o século 19, era habitada predominantemente por muçulmanos, o idioma falado em suas ruas era o árabe, falava-se em hebraico (língua judaica) apenas nas casas ou nos templos judeus e a religião predominante era a islâmica, religião dos palestinos, que eram a maioria da população daquela região. Até 1910, apenas 8% das crianças daquela região eram judias.

Por Lucivânia Nascimento dos Santos*

O Sionismo Internacional, ou Sionismo Político, foi fundado por Theodor Herzl, no fim do século 19, quando judeus da Europa e dos Estados Unidos passaram a investir na compra de terrenos na região da Palestina, a fim de ocupar a «terra santa», também conhecida como Canaã, que compreende o território da região da Palestina, a fim de terem uma pátria, um Estado na «terra prometida», que, segundo a tradição e a crença judaicas, pertenceria aos descendentes de Abraão. Seria a «terra prometida» pelo deus dos judeus toda a área peregrinada pelo patriarca e isso abrange também territórios do Egito e da Síria.

Fundou-se assim, a Organização Sionista Mundial e desse movimento resultou a criação do Estado de Israel (1948), por meio de resolução da ONU.

O Estado da Palestina tornou-se independente por meio de uma declaração da OLP (Organização para a Libertação da Palestina), em 1988 – e logo reconheceu o direito do Estado de Israel de existir – teve sua soberania como Estado reconhecida pela ONU em 2012, não como Estado-membro da ONU, mas Estado observador, porém Israel e EUA não reconhecem a soberania do Estado Palestino.

Organizações e empresas judaicas ou dirigidas por judeus financiam o cinema estadunidense, campanhas de políticos estadunidenses, como a de Bill Clinton que foi eleito presidente dos Estados Unidos, cuja campanha teve mais de 56% de financiamento oriundo de organizações judaicas. Sabe-se que o cinema estadunidense compõe um dos tripés da sua hegemonia, pois a indústria cinematográfica estadunidense está a serviço do Estado desde sua criação na década de 1920, serviu de instrumento de proliferação da cultura dos Estados Unidos e de sua ideologia e modo de vida capitalistas pelo mundo, bem como foi braço ideológico do Estado para reforçar o sentimento nacionalista, patriótico do povo estadunidense e para legitimar ações militaristas dos Estados Unidos principalmente durante as duas grandes Guerras Mundiais, durante a Guerra Fria e não tem sido diferente com a emergência da nova ordem mundial iniciada na década de 1990.

O estilo do cinema estadunidense de «contar histórias» é também caracterizado pelo dualismo bem e mal, com forte apelo militarista e belicoso, muita arma, e volta e meia entram em cartaz filmes com uma história fictícia de presidente estadunidense prestes a ser vítima de um ataque terrorista, o que seria uma ameaça mundial e o «mocinho» do filme sempre tem que correr contra o tempo para salvar o presidente, porque assim estaria salvando o mundo e a paz mundial, ironicamente.

Assim, a população mundial absorve da indústria cinematográfica estadunidense a imagem do mocinho do bem: branco, (em minoria negro, porém cristão-protestante), cristão (representante da civilização judaico-cristã), contra uma terrível ameaça terrorista muçulmana que afetaria os EUA, e como este é colocado como o herói do mundo através da mídia e principalmente da indústria cinematográfica, mesmo com sua política externa voltada para o desrespeito às soberanias nacionais, para a guerra, para a matança e para a diplomacia sem pauta em diálogo, apenas em imposições, significaria que a ameaça aos EUA representaria uma ameaça ao mundo, à paz mundial, falsamente preconizada pela fala estadunidense na mídia e nos filmes, porém nunca alcançada devido ao procedimento da política externa estadunidense e dos seus aliados nas práticas imperialistas.

A mídia mundial, também controlada pela hegemonia estadunidense, que abrange a cultura, a política, a tecnologia, a informação, a economia, a ideologia e o poder militar, hegemonia esta que tem uma relação de interesses com Israel, tanto como meio de exercer seu jogo de xadrez no Oriente Médio tendo Israel como contraponto aos países árabes que oferecem resistência ao imperialismo estadunidense e à sua influência, tanto como meio de garantir políticas e pautas favoráveis aos seus financiadores de campanhas presidenciais. Diante disto, a geopolítica que transformou Gaza e Cisjordânia em verdadeiros campos de concentração por meio do extermínio indiscriminado de milhares de palestinos, principalmente no ano de 2014, quando a guerra se caracterizou pelo genocídio de milhares de civis, onde o Estado de Israel alegava não estar conseguindo acertar o alvo, mesmo com toda a sua alta tecnologia bélica que lhe permite precisão. Mesmo com toda a omissão e consentimento da opinião da mídia hegemônica sobre o genocídio promovido pelo Estado de Israel, com sua geopolítica sionista e genocida, não é difícil perceber que o alvo era a população palestina e o objetivo era varrer a população palestina da região, negando-lhes o direito a viver no  Estado Palestino fragmentado (que ainda não foi reconhecido por Israel), que resultou das guerras promovidas pelo Estado israelense e das negociações internacionais que sempre favoreceram os aliados dos Estados Unidos.

As ações de Benjamin Netanyahu (Primeiro Ministro de Israel), a geopolítica adotada pelo Estado de Israel, desde que este foi criado em 1948, bem como as ações político-militares dos judeus na região da Palestina para a criação do Estado de Israel, correspondem ao pensamento propagado pelos sionistas após a II Guerra Mundial: «Deve ficar claro que não há lugar para todos os dois povos neste país”; faz-se necessário “transferir os árabes para os países confinantes, transferi-los todos”. Esse pensamento sionista se concretizou com práticas desde a transferência de palestinos para o Iraque a ataques genocidas a fim de dizimar a população palestina, como o genocídio promovido pela guerra de Israel em 2014, em Gaza (Palestina). Como «promover» a paz mundial insistindo em promover e dar respaldo a genocídios e a varrer uma população do mapa? Como preconizar a paz mundial sem reconhecer a soberania dos povos? A coexistência pacífica e o reconhecimento mútuo entre os Estados israelense e palestino são um caminho importante para sanar um dos conflitos mais duradouros do mundo.

* Graduada em Geografia pela UESC (Universidade Estadual de Santa Cruz – Bahia)

 REFERÊNCIAS

Cinema e poder: uma análise contemporânea – Jornal UEM. Disponível em >http://www.jornal.uem.br/2011/index.php/edicoes-2013/99-jornal-113-dezembro2013/918-cinema-e-poder-uma-analise-contemporanea< Acesso 05 set 2015.

LOSURDO. Domenico. O Sionismo e a tragédia do povo palestino. Crítica Marxista. p. 63-72.  Disponível em >http://www.ifch.unicamp.br/criticamarxista/arquivos_biblioteca/artigo248artigo138artigo139artigo4.pdf< Acesso 05 set 2015.

MIRHAN, Lejeune. Sobre o Estado da Palestina. Portal Vermelho. Disponível em >http://www.vermelho.org.br/coluna.php?id_coluna_texto=5801&id_coluna=25< Acesso 05 set 2015.

Palestina: História de Uma Terra. Disponível em >https://www.youtube.com/watch?v=1MXBL0Mc6XM< Acesso 05 set 2015.

 

 

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