“O inimigo obscuro que se esconde nos cantos sombrios da terra” (como o definiu em 2001 o presidente Bush) continua a fazer vítimas, as das quais em Bruxelas. O terrorismo é um “inimigo diferente daquele até agora enfrentado”, que se revelou ao mundo em 11 de setembro, com as imagens apocalípticas das torres que tombavam.
Para eliminá-lo, ainda está em curso aquela que Bush definiu como “a colossal luta do Bem contra o Mal”. Mas cada vez que se corta uma cabeça da Hidra do terror, surgem outras. Que devemos fazer? Antes de tudo, não acreditar naquilo que nos contaram durante quase 15 anos.
A partir da versão oficial do 11 de setembro, que entrou em colapso sob o peso de provas técnico-científicas, que Washington, não podendo refutar, liquida como “complô”.
Os maiores ataques terroristas no Ocidente têm três características.
Primeiramente, a pontualidade. O ataque de 11 de setembro ocorre no momento em que os Estados Unidos já tinham decidido (como informava o New York Times em 31 de agosto de 2001) de deslocar para a Ásia o foco da sua estratégia para se opor à reaproximação entre a Rússia e a China: menos de um mês depois, em 7 de outubro de 2001, com a motivação de caçar Osama Bin Laden, mandante do 11 de setembro, os EUA começam a guerra no Afeganistão, a primeira de uma nova escalada bélica. O ataque terrorista em Bruxelas ocorre quando os EUA e a Otan se preparam para ocupar a Líbia, com a motivação de eliminar o Isis (o chamado Estado Islâmico, na sigla em inglês), que ameaça a Europa.
Em segundo lugar, o efeito terror: a matança, cujas imagens desfilam repetidamente aos nossos olhos, cria uma vasta opinião pública favorável à intervenção armada para eliminar a ameaça. Piores massacres terroristas, como em Damasco há dois meses, inversamente, passam quase desapercebidos.
Em terceiro lugar, a assinatura: paradoxalmente “o inimigo obscuro” sempre assina os atentados terroristas. Em 2001, quando Nova York ainda estava envolta pela fumaça das torres demolidas, foram divulgadas as fotos e as biografias dos 19 autores do atentado, membros da Al Qaeda, muitos deles já conhecidos pelo FBI e pela CIA. O mesmo se deu em Bruxelas, agora em 2016: antes de identificar todas as vítimas, identificam-se os autores do atentado já conhecidos pelos serviços secretos.
É possível que os serviços secretos, a partir da tentacular “comunidade de inteligência” estadunidense formada por 17 organizações federais com agentes em todo o mundo, sejam totalmente ineficientes? Ou, ao invés disso, são eficientíssimos instrumentos da estratégia do terror?
Não falta mão de obra: é a dos movimentos terroristas islâmicos, armados e treinados pela CIA e financiados pela Arábia Saudita, para destruir o Estado líbio e fragmentar o Estado sírio com o apoio da Turquia e de cinco mil foreign fighters (combatentes externos) europeus que afluíram à síria com a cumplicidade de seus governos.
Nesta grande bacia se pode recrutar seja terroristas suicidas, convencidos a se imolarem por uma causa santa, seja o profissional da guerra, ou o pequeno delinquente que na ação é “suicidado”, deixando que sua carteira de identidade seja encontrada (como no ataque ao Charlie Hebdo), ou fazendo explodir a carga antes que se afaste.
Pode-se também facilitar a formação de células terroristas, que autonomamente alimentam a estratégia do terror criando um clima de estado de sítio, como ocorre nos países europeus da Otan, que justifique novas guerras sob o comando dos EUA.
Ou se pode recorrer à falsidade, como as provas sobre as armas de destruição em massa mostradas por Colin Powell ao Conselho de Segurança da ONU em 5 de fevereiro de 2003. Provas que depois se revelaram falsas, fabricadas pela CIA para justificar a “guerra preventiva” contra o Iraque.
Fonte: Il Manifesto.
Manlio Dinucci é jornalista e geógrafo; tradução de José Reinaldo Carvalho para Resistência[:it]«Il nemico oscuro che si nasconde negli angoli bui della terra» (come lo definì nel 2001 il presidente Bush) continua a mietere vittime, le ultime a Bruxelles. È il terrorismo, un «nemico differente da quello finora affrontato», che si rivelò in mondovisione l’11 settembre con l’immagine apocalittica delle Torri che crollavano.
Per eliminarlo, è ancora in corso quella che Bush definì «la colossale lotta del Bene contro il Male». Ma ogni volta che si taglia una testa dell’Idra del terrore, se ne formano altre. Che dobbiamo fare? Anzitutto non credere a ciò che ci hanno raccontato per quasi quindici anni.
A partire dalla versione ufficiale dell’11 settembre, crollata sotto il peso delle prove tecnico-scientifiche, che Washington, non riuscendo a confutare, liquida come «complottismo».
I maggiori attacchi terroristici in Occidente hanno tre connotati.
Primo, la puntualità. L’attacco dell’11 settembre avviene nel momento in cui gli Usa hanno già deciso (come riportava il New York Times il 31 agosto 2001) di spostare in Asia il centro focale della loro strategia per contrastare il riavvicinamento tra Russia e Cina: nemmeno un mese dopo, il 7 ottobre 2001, con la motivazione di dare la caccia a Osama bin Laden mandante dell’11 settembre, gli Usa iniziano la guerra in Afghanistan, la prima di una nuova escalation bellica. L’attacco terroristico a Bruxelles avviene quando Usa e Nato si preparano a occupare la Libia, con la motivazione di eliminare l’Isis che minaccia l’Europa.
Secondo, l’effetto terrore: la strage, le cui immagini scorrono ripetutamente davanti ai nostri occhi, crea una vasta opinione pubblica favorevole all’intervento armato per eliminare la minaccia. Stragi terroristiche peggiori, come a Damasco due mesi fa, passano invece quasi inosservate.
Terzo, la firma: paradossalmente «il nemico oscuro» firma sempre gli attacchi terroristici. Nel 2001, quando New York è ancora avvolta dal fumo delle Torri crollate, vengono diffuse le foto e biografie dei 19 dirottatori membri di al Qaeda, parecchi già noti all’Fbi e alla Cia. Lo stesso a Bruxelles nel 2016: prima di identificare tutte le vittime, si identificano gli attentatori già noti ai servizi segreti.
È possibile che i servizi segreti, a partire dalla tentacolare «comunità di intelligence» Usa formata da 17 organizzazioni federali con agenti in tutto il mondo, siano talmente inefficienti? O sono invece efficientissime macchine della strategia del terrore?
La manovalanza non manca: è quella dei movimenti terroristi di marca islamica, armati e addestrati dalla Cia e finanziati dall’Arabia Saudita, per demolire lo Stato libico e frammentare quello siriano col sostegno della Turchia e di 5mila foreign fighters europei affluiti in Siria con la complicità dei loro governi.
In questo grande bacino si può reclutare sia l’attentatore suicida, convinto di immolarsi per una santa causa, sia il professionista della guerra o il piccolo delinquente che nell’azione viene «suicidato», facendo trovare la sua carta di identità (come nell’attacco a Charlie Hebdo) o facendo esplodere la carica prima che si sia allontanato.
Si può anche facilitare la formazione di cellule terroristiche, che autonomamente alimentano la strategia del terrore creando un clima da stato di assedio, tipo quello odierno nei paesi europei della Nato, che giustifichi nuove guerre sotto comando Usa.
Oppure si può ricorrere al falso, come le «prove» sulle armi di distruzione di massa irachene mostrate da Colin Powell al Consiglio di sicurezza dell’Onu il 5 febbraio 2003. Prove poi risultate false, fabbricate dalla Cia per giustificare la «guerra preventiva» contro l’Iraq.
Il Manifesto[:fr]« L’ennemi obscur qui se cache dans les angles sombres de la terre » (comme l’avait défini en 2001 le président Bush) continue à broyer des victimes, les dernières à Bruxelles. C’est le terrorisme, un « ennemi différent de celui affronté jusqu’à présent », qu’on révéla en mondovision le 11 septembre avec l’image apocalyptique des Tours qui s’écroulaient. Pour l’éliminer, ce que Bush identifia comme « la colossale lutte du Bien contre le Mal » est encore en cours. Mais chaque fois qu’on coupe une tête de l’Hydre de la terreur, d’autres se forment.
Que devons-nous faire ? Avant tout ne pas croire ce qu’on nous a raconté pendant presque quinze années. A commencer par la version officielle du 11 septembre, écroulée sous le poids des preuves technico-scientifiques, que Washington, n’arrivant pas à réfuter, liquide comme du « complotisme ».
Les plus grandes attaques terroristes en Occident ont trois signes particuliers. Premièrement, la ponctualité. L’attaque du 11 septembre arrive au moment où les USA ont déjà décidé (comme le rapportait le New York Times le 31 août 2001) de déplacer en Asie le centre focal de leur stratégie pour contrecarrer le rapprochement entre Russie et Chine : moins d’un mois après, le 7 octobre 2001, sous prétexte de faire la chasse à Oussama Ben Laden commanditaire du 11 septembre, les USA commencent la guerre en Afghanistan, première d’une nouvelle escalade guerrière. L’attaque terroriste à Bruxelles survient quand les USA et l’Otan se préparent à occuper la Libye, sous le prétexte d’éliminer l’Isis (Daesh) qui menace l’Europe.
Deuxièmement, l’effet terreur : le massacre, dont les images défilent de façon récurrente devant nos yeux, crée une vaste opinion publique favorable à l’intervention armée pour éliminer la menace. Des massacres terroristes bien pires, comme à Damas il y a deux mois, passent par contre quasiment inaperçus.
Troisièmement, la signature : paradoxalement « l’ennemi obscur » signe toujours les attaques terroristes. En 2001, quand New York est encore enveloppée par la fumée des Tours écroulées, sont diffusées photos et biographies des 19 auteurs des détournements membres d’al Qaeda, plusieurs se trouvant déjà connus du FBI et de la Cia. Pareil à Bruxelles en 2016 : avant d’identifier toutes les victimes, on identifie les auteurs de l’attentat déjà connus par les services secrets.
Est-il possible que les services secrets, à commencer par la tentaculaire « communauté de renseignement » étasunienne formée de 17 organisations fédérales avec des agents dans le monde entier, soient tellement inefficients ? Ou est-ce au contraire les rouages de la stratégie de la terreur qui sont très efficients ? La main d’oeuvre ne manque pas : c’est celle des mouvements terroristes de marque islamiste, armés et entraînés par la Cia et financés par l’Arabie Saoudite, pour démolir l’Etat libyen et fragmenter celui de la Syrie avec le soutien de la Turquie et de 5 mille foreign fighters européens qui ont afflué en Syrie avec la complicité de leurs gouvernements.
Dans ce grand bassin on peut recruter aussi bien le commando suicide, persuadé de s’immoler pour une cause sainte, que le professionnel de la guerre ou le petit délinquant qui va être « suicidé » au cours de l’action, en faisant retrouver sa carte d’identité (comme dans l’attaque de Charlie Hebdo) ou en faisant exploser la charge avant qu’il ne se soit éloigné. On peut aussi faciliter la formation de cellules terroristes, qui alimentent de façon autonome la stratégie de la terreur en créant un climat d’état de siège, comme aujourd’hui dans les pays européens de l’Otan, qui justifie de nouvelles guerres sous commandement USA.
Ou bien on peut recourir au faux, comme les « preuves » sur les armes de destruction massive irakiennes montrées par Colin Powell au Conseil de sécurité de l’Onu le 5 février 2003. Preuves qui se sont avérées fausses ensuite, fabriquées par la Cia pour justifier la « guerre préventive » contre l’Irak.
Il Manifesto
Traduit de l’italien par Marie-Ange Patrizio
