Resistência

Com a aproximação da campanha eleitoral, a luta de ideias tende a se intensificar e fundir-se com a batalha política. Afinal, sendo um episódio da luta pelo poder, campanha eleitoral é em essência luta de ideias, porque o eleitor decide, em última instância, sobre qual programa é mais adequado para o País.

Por José Reinaldo Carvalho

Inevitavelmente, as forças políticas se explicitam, dizem a que vieram, revelam o seu caráter. Na luta aberta, conhece-se melhor a essência dos partidos e candidatos.

Os comunistas têm vivido períodos férteis na batalha de ideias, terreno em que também – tal como na luta política – é desigual a correlação de forças. Invariavelmente, defrontamo-nos com o anticomunismo, com as diferentes variantes da social-democracia, com o oportunismo de direita e de esquerda, o dogmatismo e diferentes tipos de postulações baseadas em interesses personalistas e de grupos.

Na luta política concreta, em mais de uma década, ao lado de outras forças patrióticas e democrático-populares, os comunistas têm sustentado uma batalha de ideias em torno da formulação de uma alternativa para o País, que o torne capaz de enfrentar e superar o neoconservadorismo e o neoliberalismo que tinham marcado a década anterior, sob governos antinacionais e antipopulares.

Chegamos à formulação de um Programa Socialista, em que se insere uma plataforma de luta por um novo plano nacional de desenvolvimento, com valorização do trabalho, progresso social, defesa da soberania e integração regional, impulsionando igualmente a luta na esfera internacional contra o hegemonismo do imperialismo estadunidense e lutando por uma nova ordem política e econômica.

Estas indicações políticas não são estanques da evolução concreta do quadro político. Elas só encontram viabilidade no âmbito de uma luta pelo poder, em que se confrontam os interesses das classes trabalhadoras e demais camadas populares com os das classes dominantes retrógradas.

Objetivamente, na nova situação política que o país passou a viver a partir de 2003, este embate ocorre dentro e fora do governo, porquanto desde Lula, quando se formou um heterogêneo governo de coalizão, o governo está em disputa entre forças progressistas e conservadoras.

O recente congresso do PCdoB fez uma avaliação exaustiva do período iniciado em 2003.

Os comunistas chegaram à conclusão de que “a experiência demonstrou que as coalizões amplas e heterogêneas, decorrentes de uma realidade pluripartidária diversificada, são necessárias tanto às vitórias eleitorais quanto à governabilidade”. Os comunistas brasileiros avalizaram assim o pacto político vigente e consideraram que, sob a liderança, primeiramente de Lula e agora de Dilma, o Brasil avançou. Eis um tema sobre o qual desenvolver um bom debate, uma boa luta de ideias, porquanto há forças políticas que consideram “mofado” o pacto político que sob a liderança da presidenta Dilma afiança a governabilidade do País.

Os comunistas concluíram ainda que nos últimos 11 anos surgiu “um novo tipo de desenvolvimento que vai fortalecendo o País com o resgate do papel do Estado, afirmação da soberania nacional, ampliação da democracia e crescimento econômico com progresso social”. Há, porém, avaliações de sentido contrário, como a levantada há poucos dias por um dos pré-candidatos, de que um período de mais quatro anos com estas forças políticas no comando “não vai dar nada de bom”.

Os comunistas mantêm o ponto de vista de que, malgrado as limitações, os governos progressistas instaurados a partir de Lula e agora com a presidenta Dilma, avançam em meio às adversidades e prosseguem no mister de prolongar, passando a novas etapas, o novo ciclo político.

Insistimos. Está em curso uma batalha de ideias em torno do tema. Voltaremos a abordá-lo.