Entendimento entre governo e oposição é proposta falsa

13/07/2015

Com justa razão o editorial do Portal Vermelho critica a proposta do senador Cristovam Buarque (PDT-DF) de “entendimento” entre o “PT e o PSDB” como tábua de salvação para a grave crise nacional. É um caminho falso.

Por José Reinaldo Carvalho, editor do Portal Vermelho

Não é a primeira vez que surgem semelhantes proposições. Mesmo lideranças de esquerda já a formularam antes. O curioso é que liminarmente os caciques do PSDB vão a público rejeitar, o que seria de per si um motivo para que tais alquimistas se calassem. A oposição neoliberal e conservadora não está interessada em entendimento algum. Optou há tempos pelo caminho golpista. Não está no seu horizonte o desanuviamento do ambiente político, mas o agravamento, não querem a composição com o governo mas seu derrocamento.

Não é admissível que lideranças de esquerda também endossem a tese, como ocorreu durante a campanha eleitoral de 2014 e logo depois da proclamação dos resultados. O “entendimento entre o PT e o PSDB” não é saída aos problemas nacionais.

O senador Cristovam propõe o “entendimento”, mas é uma das vozes mais sonoras no Congresso Nacional na oposição à presidenta Dilma e ao PT. Desde que viveu o trauma de ser demitido por telefone pelo ex-presidente Lula, integra na prática a oposição, muito embora seja membro de um partido governista, o PDT.

O Brasil é megadiverso também na sua vida política. Tanto no governo como na oposição não há traço de igualdade entre os componentes de um e outro lado do alinhamento político. O governo é apoiado por forças que vão dos comunistas e o PT, à esquerda, ao centro, o qual é composto até mesmo por forças conservadoras. A oposição conta com os neoliberais do PSDB, os oportunistas do PPS, a direita, a extrema-direita e até mesmo o PSB, que migrou do governo em 2014.

Tudo isto mostra como é simplista e até ingênua a proposta do ex-governador do Distrito Federal.

O PT e o PSDB atuam como forças estruturantes dos campos do governo e da oposição, mas o quadro político brasileiro é bem mais variado e complexo e não cabe em apenas duas siglas. As forças antagônicas que polarizam a luta política são, por um lado, os progressistas, democratas, patriotas e correntes de esquerda, que defendem a democracia, o Brasil e o progresso social e, por outro lado, as da oposição neoliberal e conservadora, antidemocráticas e entreguistas, aquelas mesmas que quando estiveram no governo, durante os dois mandatos de FHC violaram a soberania nacional, vilipendiaram os direitos do povo e mutilaram a democracia..

O suposto entendimento entre o PT e o PSDB tem na verdade o sentido do retrocesso, pressupõe a capitulação do governo e das forças progressistas às teses reacionárias e às ações golpistas da oposição comandada pelo PSDB.

O caminho para sair da crise é bem outro. É o caminho da luta contra os inimigos da democracia e da soberania nacional, da mobilização popular, da luta por reformas estruturais democráticas, o que pressupõe a unidade das forças progressistas com a formação de uma frente ampla democrática e patriótica.

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