Meu voto no domingo, cinco de outubro
Torno público aqui o meu voto, em atenção a camaradas e amigos que me consultam a respeito. Independentemente da sensibilidade pessoal, em qualquer circunstância meu voto é partidário e orgânico.
José Reinaldo Carvalho *
Dilma presidenta – O voto na presidenta Dilma Rousseff é a expressão da convicção, da vontade e da decisão de prosseguir na luta por um Brasil profundamente democrático, soberano, socialmente justo, progressista e capaz de desempenhar um papel positivo no mundo, nos esforços por uma nova ordem, pela democratização das relações internacionais, a cooperação entre nações e a paz. Votar Dilma, para fazer avançar a luta democrática e anti-imperialista
Nas circunstâncias atuais do Brasil e do mundo, votar em Dilma é uma escolha revolucionária. Ao fazê-lo, optamos por continuar percorrendo o caminho da acumulação estratégica de forças na luta maior em que me sinto engajado desde que ingressei nas fileiras do Partido Comunista do Brasil, no distante setembro de 1972.
O povo brasileiro já viveu muitas encruzilhadas, algumas trágicas. Para ficar com as mais recentes, citarei a ditadura militar, um regime facínora que declarou guerra ao povo e à nação, para cuja derrubada a esquerda precisou se erguer em armas; e o período de oito anos (1995-2003) durante o qual o país foi administrado pelo PSDB, um dos governos mais entreguistas e corruptos de nossa história republicana, que infligiu à nação danos até hoje irreparáveis.
Nessas encruzilhadas, a questão que sempre se apresenta é: quais os meios e modos para fazer avançar a luta pela emancipação nacional e social do povo brasileiro, enfrentar as classes dominantes retrógradas e o sistema de dominação imperialista e abrir caminho para o socialismo. O voto nas forças progressistas, em lideranças provadas, como Lula, e agora Dilma, tem-se revelado eficaz para abrir novos caminhos nesta luta histórica.
Para além das considerações estratégicas, voto em Dilma pelas extraordinárias qualidades que revelou como estadista, chefe de governo, gestora e líder política consequente. Pela firmeza com que conduziu o país em meio à grave crise econômica e financeira internacional, pelos programas sociais e políticas públicas que levou adiante, pela busca de alternativas de gestão econômica tomando distância da oligarquia financeira, por sua postura de governante democrática, pela luta tenaz contra a corrupção.
E pela brilhante campanha eleitoral que fez, assertiva, combativa, transparente, esclarecedora e mobilizadora. Serena e firme, Dilma compreendeu o que estava em jogo e o caráter político e ideológico dos adversários principais – Aécio (PSDB) e Marina (PSB). Não hesitou em desmascará-los. Uma posição vacilante quanto a isso deitaria a luta a perder. A questão é relevante também porque terá desdobramentos políticos. E nisto está mais um ponto de unidade com os comunistas. A cinco de outubro do ano passado, quando o PSB selou a aliança com Marina Silva, afirmávamos aqui que se tratava da formação de um novo polo antiprogressista, o que ficou sobejamente comprovado durante a campanha eleitoral.
Dilma Rousseff mostrou ser uma militante e uma líder de descortino. Um coração valente, uma vontade férrea, uma determinação de seguir em frente na luta por mais mudanças por um Brasil democrático e progressista.
Padilha em São Paulo – É justa a aposta em lideranças novas, a exemplo do que ocorrera dois anos antes na Prefeitura de São Paulo, com Haddad. Alexandre Padilha tem todas as credenciais para governar o estado. O voto em Padilha, com Nivaldo Santana do PCdoB para vice, é a única via possível para apear do poder a corja tucana que está transformando São Paulo num bastião reacionário. O PMDB fez uma escolha bisonha, seu candidato não é nem poderá ser uma alternativa ao reinado do PSDB.
Deputados comunistas – Como toda a militância do PCdoB, lutamos para aumentar e qualificar a representação parlamentar do Partido em todas as esferas. A eleição de deputados, assim como a ocupação de espaços nas instituições de governo, faz parte do processo de construção política, ideológica e orgânica do Partido Comunista, uma indispensável organização na luta por transformações revolucionárias na sociedade e a conquista do socialismo. Quadros jovens, Orlando Silva (deputado federal, 6565) e Gustavo Petta (deputado estadual, 65100), serão porta-vozes orgânicos do PCdoB no exercício dos seus mandatos. Representativos, ligados à juventude e às massas populares, apresentam-se ao eleitorado com plataformas amplas, capazes de defender os interesses da população e somar forças com as demais formações da esquerda para respaldar a luta por mais mudanças no país sob a liderança de Dilma. Ao votar neles, ressalto também o papel da União da Juventude Socialista (UJS) na luta do povo brasileiro e na construção do PCdoB.
PS: Sopram-me aqui ao ouvido que temos eleições também para o Senado. Putz! Tudo bem, para derrotar o Serra e por disciplina férrea, seguidor que sou da norma do centralismo democrático, votarei na chapa completa indicada pelo Partido e acordada com os aliados, sentindo-me, porém, no dever de pedir ao candidato Eduardo Suplicy que reveja suas posições internacionais e faça autocrítica da postura que adotou em relação aos países que simbolizam a luta pela verdadeira independência e pelo socialismo em Nossa América. Que não confunda mais democracia e direitos humanos com apoio a contrarrevolucionários.