Solidariedade
Em Portugal manifestantes exigem a liberdade de Lula: “Impedem Lula de se candidatar porque é a voz do povo brasileiro”
Centenas de pessoas participaram, nesta quarta-feira (11), junto à Embaixada do Brasil, em Lisboa, no ato público de protesto “Solidariedade com o povo brasileiro – Pela democracia no Brasil”.
A presença da comunidade brasileira na iniciativa foi grande – exibindo faixas e cartazes denunciando que “eleição sem Lula é fraude”, e fazendo ouvir palavras de ordem contra o golpe, o fascismo, a Globo. Para a próxima sexta-feira, dia 13, às 18h, está agendada uma iniciativa de teor semelhante no Porto, junto ao Consulado Geral do Brasil.
Filipe Ferreira, do Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), foi o primeiro dos oradores a intervir, para sublinhar a grande adesão à tomada de posição de protesto, intitulada “Solidariedade com Lula da Silva e o povo brasileiro. Contra o golpe – pela democracia”, que foi entregue na Embaixada do Brasil na passada sexta-feira.
De então para cá, o número de organizações subscritoras aumentou, pelo que, salientou Ferreira, é grande em Portugal o apoio à luta do povo brasileiro. Manifestou, para além disso, a grande preocupação com que o CPPC encara a atual situação no Brasil e o modo como, desde o início, denunciou o golpe, “sabendo que eram a democracia, a liberdade, a justiça e o progresso que estavam colocados em causa no Brasil”.
“Sabemos que este ataque, no Brasil, se enquadra num vasto plano de ingerência e desestabilização protagonizado pelos Estados Unidos da América contra países da América Latina e de outros cantos do mundo, países que ousaram afirmar a sua soberania, negar o saque dos seus recursos naturais, que pretendem utilizar as riquezas dos seus próprios países para o progresso e bem-estar dos seus povos”, salientou o representante do CPPC, acrescentando que se trata de “um ataque que pretende instalar governos subservientes aos interesses dos grandes grupos econômicos norte-americanos”.
“Lula é o candidato do povo brasileiro”
Em nome do PCP, a deputada Rita Rato reafirmou a solidariedade dos comunistas portugueses com o povo brasileiro e com Lula da Silva – que está a ser impedido de se candidatar às eleições porque “sabem que Lula é o candidato do povo brasileiro; tentam impedir a candidatura de Lula porque sabiam que isso era dar outra vez a voz ao povo brasileiro”, disse.
Numa brevíssima intervenção, Pedro Noronha, da Associação de Amizade Portugal-Cuba, fez questão de deixar claro que a associação que representa, para além de ser pela “amizade com Cuba, é pela amizade com todos os povos que lutem pela liberdade e pela democracia”.
Maurício Moura, do Coletivo Andorinha, afirmou o caráter jovem da democracia brasileira, agora alvo de um golpe. Nas suas palavras, trata-se de um “golpe contra o Brasil”, na medida em que foi promovido pelo imperialismo para “roubar” o país, para entregar os recursos do Brasil aos estrangeiros. Fez questão de agradecer aos portugueses e, em particular, às organizações promotoras desta iniciativa toda a solidariedade demonstrada com o povo brasileiro.
Repúdio pelo golpe, afirmação da solidariedade
Mal tinham terminado de gritar “Lula, guerreiro do povo brasileiro” e “Fascistas, golpistas, não passarão!”, os presentes começaram a ouvir a intervenção de Kaoê Rodrigues, que, em nome da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, expressou o repúdio pelo golpe, exigiu o fim imediato da perseguição a Lula da Silva e lembrou programas sociais, como o “Minha casa, minha vida”, que foram lançados no período de governo do ex-presidente.
Seguiu-se-lhe Joaquim Correia, do Partido Ecologista “Os Verdes”, que, numa curta intervenção, afirmou que “o grande crime que Lula cometeu foi tirar 40 milhões de brasileiros da pobreza”. Neste sentido, reafirmou a solidariedade de “Os Verdes” para com “a luta de todos os democratas brasileiros que aspiram a uma verdadeira democracia no seu país”.
Evonês Santos, coordenadora do núcleo de Lisboa do Partido dos Trabalhadores (PT), lembrou que o primeiro ato, em Lisboa, contra o ataque à democracia no Brasil ocorreu em agosto de 2015. Sublinhou que o golpe foi “bem montado” e que, subjacente a ele, está o interesse em “legitimar um regime fascista no país e na América Latina”.
Não negou que no Brasil não haja corrupção, mas disse que não foi “isso” que moveu o processo da Lava Jato; os interesses eram outros: legitimar e consumar o golpe numa suposta frente jurídica, contando com “o apoio midiático da comunicação social que replica aquilo que passa a Globo, grande apoiante do golpe”, denunciou, sendo apoiada, no público, por vozes que gritavam “a verdade é dura, a Rede Globo apoiou a ditadura”. Antes de concluir a sua intervenção, enalteceu a obra e o legado político de Lula da Silva, e agradeceu o apoio e a solidariedade demonstrados pelos portugueses.
“Uma ofensiva contra os trabalhadores”
A última intervenção da tarde esteve a cargo de Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP-IN, que deixou expressa a solidariedade dos trabalhadores portugueses com o povo brasileiro, com a luta imensa que está ter lugar por todo o Brasil, e denunciou “mais esta golpada do governo Temer com a colaboração da Justiça brasileira”.
Manifestou a convicção de que “este não é um problema apenas e só do povo brasileiro”, mas de todos os povos que “lutam pela liberdade e pela democracia”, que “acreditam que há alternativa ao capitalismo”, que “lutam todos os dias para melhorar as condições de vida e de trabalho dos trabalhadores e famílias”, que “todos os dias sabem que é necessário, mais do que nunca, continuar a lutar para criar condições para que todos tenham acesso à justiça, à educação, à cultura, ao ensino e, simultaneamente, ao trabalho e ao trabalho com direitos”.
Lembrando os avanços alcançados no tempo da governação de Lula, afirmou que, hoje, “o que está em desenvolvimento é também um ataque sem precedentes aos direitos dos trabalhadores e ao movimento sindical”. Antes de terminar, salientou a importância de “passar a mensagem de Lula” e afirmou a necessidade da “forte mobilização popular para derrubar Temer”.
No final, foi lida a tomada de posição subscrita por dezenas de organizações e que o CPPC divulgou, dia 6, na sua página de Facebook.
Fonte: AbrilAbril