Internacionalismo
Criação heroica
Terminou neste domingo (28) o Encontro de Partidos Comunistas e Revolucionários da América Latina e Caribe, organizado pelo Partido Comunista do Peru (Pátria Roja) e o Partido Comunista Peruano. Na ocasião, ambos os partidos anunciaram o propósito de unir-se em uma só organização política. O encontro de Lima prestou calorosa homenagem ao líder histórico da Revolução Cubana, Fidel Castro, que completou 90 anos de vida em 13 de agosto último.
Por aclamação, foi aprovada a Declaração de Lima. O documento destaca a crise civilizatória, motivada pela crise sistêmica, multidimensional e estrutural do capitalismo, a maior de todos os tempos. “Em consequência, o imperialismo se torna cada vez mais agressivo e realiza uma ofensiva brutal contra a soberania das nações, os direitos dos povos e a paz mundial”.
Um dos pontos mais destacados da Declaração é a contraofensiva do imperialismo estadunidense e das oligarquias locais contra os governos democráticos, populares e patrióticos na América Latina e Caribe. “O imperialismo estadunidense vem desencadeando uma contraofensiva sobre Nossa América: reforço do militarismo e ameaças permanentes com a proliferação de bases militares e destituição de governos (…) Neste marco se realizam golpes de novo tipo já triunfantes em Honduras e Paraguai e em pleno curso no Brasil. Assim como as últimas eleições na Argentina onde uma forte campanha desestabilizadora articulada desde a embaixada dos Estados Unidos, aproveitou os limites e debilidades do processo argentino, o que levou ao triunfo eleitoral da direita nesse país. A isto devemos somar as intenções golpistas na Venezuela e na Bolívia. No marco desta ofensiva, registra-se o intento de impedir que a República Bolivariana da Venezuela assuma a presidência pro tempore do Mercosul, conforme é de direito pelas próprias normas e estatutos desse organismo de integração regional”.
Os partidos comunistas e revolucionários da América Latina e Caribe destacam ainda na sua Declaração os desafios da resistência e da luta, pondo ênfase na unidade ampla das forças anti-imperialistas, no que se ressalta a decisão de construir um programa político que aborde os conceitos, valores e projeções políticas que devem assumir para conduzir as mudanças na América Latina e Caribe.
“A todos os revolucionários da América Latina fazemos um chamado à unidade. Nestes difíceis momentos, devemos construí-la onde não haja e fortalecê-la onde já exista. Pela democracia, a justiça, a independência nacional e o socialismo”.
Também por aclamação foi aprovada uma moção condenando o golpe de Estado no Brasil, em solidariedade ao povo brasileiro, à presidenta Dilma Rousseff, ao PT, ao PCdoB e a todas as forças democráticas e progressistas do Brasil.
O encontro foi realizado sob a inspiração do grande marxista e patriota peruano José Carlos Mariátegui (foto), fundador do partido comunista em seu país, em 1928. Mariátegui dizia que a revolução na América Latina não será cópia de modelos, mas criação heroica.