Opinião
Conselho de Segurança da ONU vota nesta segunda-feira resolução sobre Alepo, Síria
Os membros do Conselho de Segurança da ONU votarão nesta segunda-feira (19) um projeto de resolução negociado para o deslocamento de observadores da organização ao leste da cidade síria de Alepo.
Segundo o texto, os monitores das Nações Unidas teriam a responsabilidade de acompanhar a evacuação de civis e de combatentes da oposição da devastada cidade, onde o exército sírio e seus aliados conseguiram o controle na semana passada, depois de anos de ocupação por terroristas e grupos armados da oposição.
O Conselho, presidido durante este mês pela Espanha, deveria ter-se pronunciado na reunião de domingo (18) sobre uma iniciativa francesa para a transferência desses observadores, mas a Rússia não concordou com o texto apresentado pela França e propôs emendas ao texto.
Diplomatas participantes na reunião a portas fechadas manifestaram à imprensa ao sair do encontro as suas expectativas de que o novo projeto seja adotado por unanimidade.
A representante permanente dos Estados Unidos na ONU, Samantha Power, assinalou que o documento francês sofreu modificações a partir da postura da Rússia, que insiste em rechaçar as ações promovidas pelo Ocidente no Leste de Alepo.
Washington, Paris e Londres, com o apoio de vários países, acusam o governo sírio e seus aliados de criar uma crise humanitária na parte oriental da cidade, que foi até há pouco santuário de grupos terroristas, como a Frente al Nusra, e de extremistas chamados pelas potências ocidentais de “oposição moderada”, na prática a ponta de lança para impor a Damasco uma mudança de regime.
Por sua parte, o embaixador francês na ONU, François Delattre, explicou que o adiamento da votação para esta segunda-feira permite aos membros do Conselho de Segurança consultar suas respectivas capitais acerca do texto.
Seu colega russo, Vitaly Churkin, considerou bom o projeto de resolução modificado, depois de antecipar horas antes a possibilidade de um veto por Moscou.
Em declarações a jornalistas antes da reunião de emergência deste domingo, o diplomata russo tinha considerado que a iniciativa francesa acarretaria um potencial desastre, pela falta de coordenação e preparação para semelhante mobilização.
Estados Unidos, França e Reino Unido buscam minimizar ou ignorar o papel do governo sírio na saída da crise e suas conquistas na luta contra o terrorismo imposto ao país desde o exterior.
Para a Rússia, não se pode chegar a nenhum acordo, inclusive no campo humanitário, sem contar com Damasco, em sintonia com o respeito à soberania, à independência e à integridade territorial dos Estados nacionais, de acordo com a Carta da ONU.
Prensa Latina