África do Sul

CNA e PC Sul-Africano exigem demissão de Jacob Zuma

14/02/2018

Na segunda-feira (12) uma reunião especial de emergência do Comitê Executivo do Congresso Nacional Africano (CNA) em Pretória, a capital administrativa do país, decidiu determinar que o presidente Jacob Zuma, que enfrenta várias acusações de corrupção, apresente sua demissão do cargo de presidente da república em 48 horas.

Cyril Ramaphosa, atual vice-presidente da África do Sul e presidente do CNA

Cyril Ramaphosa, atual vice-presidente da África do Sul e presidente do CNA

Pela constituição da África do Sul cabe ao partido majoritário no Parlamento indicar o presidente. Caso a demissão seja efetivada, deve assumir o cargo de presidente da república o atual vice-presidente Cyril Ramaphosa, que também é presidente do CNA, eleito em dezembro de 2017.

Nesta quarta-feira (14), quando termina o prazo dado pelo Comitê Executivo do CNA para a apresentação do pedido de demissão, Jacob Zuma declarou que considera injusta a determinação do seu partido e afirmou que não irá renunciar.

O CNA passa então a considerar a hipótese de apoiar uma moção de censura ao ainda Presidente, que deverá tramitar no Parlamento já nesta quinta-feira (15). “Não podemos manter a África do Sul esperando mais, a decisão deve ser implementada e agora devemos proceder com o processo parlamentar”, afirmou o tesoureiro-geral do CNA, Paul Mashatile.

O Partido Comunista Sul-Africano (PCSA), que integra e é uma das organizações fundadoras do CNA, emitiu uma nota no dia 10 de fevereiro, portanto antes da decisão do Comitê Executivo, onde denunciava que Jacob Zuma recorre ao “tribalismo e a mobilização étnica” para se manter no poder. O PCSA foi a primeira organização do CNA a exigir a saída do presidente. Após a decisão do CNA de pedir a demissão, os comunistas emitiram nova nota, nesta terça-feira (13), onde “congratulam-se com o fato de o Congresso Nacional Africano ter, por fim, se decidido sobre a necessidade urgente de o presidente Jacob Zuma demitir-se (…) A decisão deve abrir caminho para uma autocorreção profunda e decisiva e uma maior unidade do CNA e da Aliança (…) As tarefas imediatas incluem o desmantelamento das redes de parasitas em torno do nosso Estado e de lidar de forma decisiva com a captura corporativa do Estado e outras formas de corrupção (…) A prioridade deve ser dada à redução radical e eventual eliminação dos altos níveis de desigualdade de classe, raça e gênero e o desenvolvimento desigual entre áreas urbanas e rurais, desemprego, pobreza e insegurança social”. Leia abaixo a íntegra da nota emitida no dia 10, traduzida pela redação do Resistência.

Informe do Partido Comunista Sul-Africano sobre a situação no país

O Partido Comunista Sul-Africano condena, com toda a veemência, o tribalismo e a mobilização étnica, incluindo a de Amabutho (Regimento Zulu), das quais o presidente Jacob Zuma vem participando, aparentemente como uma estratégia de seu plano para continuar no poder.

O PCSA reitera a decisão de o presidente Zuma renunciar e o CNA permanecer intransigente se o presidente recusar a demitir-se. A Constituição do nosso país exige que o Presidente una a nação e não a divida. A conduta do presidente Zuma é imprudente e inaceitável. O PCAS convoca todos os sul-africanos para unirem-se em defesa do país e não permitir o fim da nossa democracia duramente conquistada.

Mais uma vez, o PCSA desafia o presidente Zuma a negar ou confirmar seu posicionamento urgentemente e, levando em conta seu desespero, acreditamos na informação de que o presidente se prepara para demitir o vice-presidente Cyril Ramaphosa, a qualquer momento, e substituí-lo por Nkosazana Dlamini-Zuma, que tem sua preferência para assumir o cargo de presidente interino, caso seja removido da presidência. Dlamini-Zuma foi o candidato apoiado pelo presidente Jacob Zuma na 54ª Conferência Nacional do CNA, realizada em dezembro de 2017. Nesse sentido, fica muito evidente que o presidente Jacob Zuma já estava determinado a dividir e destruir o CNA, por meio de uma conduta de camarilha, sem quaisquer constrangimentos.

O PCSA apela a todo o movimento comunista, assim como a todo o povo sul-africano, para que rejeitem as formas retrógradas de mobilização e de abuso do poder estatal, na tentativa de manipular e polarizar ainda mais as políticas internas do CNA e da Aliança Política.

 

 

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