Honduras

Autoridades hondurenhas identificam assassino de Berta Cáceres

05/05/2016

As autoridades hondurenhas identificaram o assassino da líder indígena e ambientalista Berta Cáceres entre os quatro suspeitos presos recentemente em uma operação, informou a imprensa local nesta quarta-feira (4).

“Entre os detentos está a pessoa que disparou contra Berta Cáceres”, afirmou o diretor da Agência Técnica de Investigação Criminal, Ricardo Castro, e o diário El Heraldo publica que Edilson Duarte, de 25 anos, confessou ser o autor material do crime.

A declaração do jovem, capturado há dois dias na cidade de Ceiba, será utilizada em uma audiência na sexta-feira (6) para esclarecer o assassinato da defensora do povo lenca, ocorrido em 3 de março no departamento de Intibucá, ao sudoeste, onde dois pistoleiros invadiram sua moradia e a mataram a tiros.

Segundo El Heraldo, a investigação revela que o gerente da empresa Desenvolvimentos Energéticos S. A. (Desa), Sergio Rodríguez, contratou os serviços do major das Forças Armadas hondurenhas, Mariano Díaz, para planejar esse sangrento ato.

Ambos os suspeitos permanecem presos junto ao tenente reformado do Exército e ex-chefe de segurança da Desa, Douglas Bustillo, que contactou Díaz a pedido de Rodríguez.

Tanto Bustillo como Rodríguez foram objeto de denúncias da própria Berta Cáceres por intimidação e ameaças, em uma entrevista concedida ao jornalista sueco Dick Emanuelsson em 2013.

“O dono da empresa ofereceu-me suborno, a mim e ao Copinh (Conselho Cívico de Organizações Populares e Indígenas de Honduras)”, afirmou então a líder indígena.

“Como isso não funciona, vêm todas as acusações que já se conhecem e ameaças de morte. Inclusive tenho mensagens em meu telefone do chefe de segurança da empresa nas quais há inclusive assédio sexual”, acrescentou.

O motivo de seu assassinato gira em torno da construção da hidrelétrica Água Zarca que a empresa Desa desenvolvia sobre o rio Gualcarque, ante a oposição da população local liderada por Cáceres.

Anteriormente, a coordenadora do Copinh conseguiu frear um projeto similar financiado pela companhia Sinohydro e pelo Banco Mundial, pelo qual recebeu o Prêmio Goldman em 2015 como reconhecimento por sua consagração na defesa da natureza e do meio ambiente.

Por tal motivo, movimentos sociais de diversas partes do mundo exigiram ao governo hondurenho esclarecer o repudiado crime contra a ativista.

Prensa Latina

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