Venezuela
Almagro derrotado: OEA suspende aplicação de Carta Democrática e apoia diálogo na Venezuela
Depois de um rechaço contundente do governo venezuelano, o Conselho Permanente da OEA (Organização dos Estados Americanos) aprovou nesta quarta-feira (1), por consenso, um documento de apoio ao diálogo na Venezuela, na prática desautorizando o Secretário Geral da Organização, Luis Almagro, que em carta havia atacado duramente o presidente Nicolás Maduro, anunciando inclusive que aplicaria a Carta Democrática na Venezuela. Para a chanceler Delcy Rodríguez, a decisão pode ser considerada “uma vitória”.
A Carta Democrática é um instrumento jurídico cujo objetivo é preservar a institucionalidade democrática dos estados membros. Porém, esta seria a primeira vez que o mecanismo seria aplicado por imposição do bloco e não por pedido do governo da nação em questão. Por isso este passo é considerado uma ingerência de Almagro nos assuntos internos da Venezuela.
A declaração aprovada nesta quarta-feira (1) foi assinada pelos 34 estados-membros e é uma alternativa ao processo de aplicação da Carta Democrática. No documento, a OEA oferece apoio à abertura do processo de diálogo – proposto pelo governo bolivariano – entre o governo de Nicolás Maduro e a oposição da Venezuela conduzido pelo ex-presidente do governo espanhol José Luis Rodríguez Zapatero e pelos ex-mandatários da República Dominicana e Panamá, Leonel Fernández e Martín Torrijos, com apoio da Unasul (União das Nações Sul-Americanas).
No texto, a entidade declara “seu respaldo às diferentes iniciativas de diálogo nacional que conduzam, com apego à Constituição e o pleno respeito aos direitos humanos, de maneira oportuna, pronta e efetiva à solução das diferenças e à consolidação da democracia representativa”.
Apesar do consenso, o Paraguai declarou que não obstruiu a unanimidade, porém não apoia o texto. Isso porque o país defende a “exortação” ao governo da Venezuela e a convocação de um referendo revogatório impulsionado pela oposição venezuelana para colocar em xeque o governo de Nicolás Maduro.
O presidente paraguaio, Horacio Cartes, já afirmou reiteradas vezes que não considera o país vizinho como um “sistema democrático”. Na pátria guarani, porém, desde que tomou posse, o governo paraguaio mantém diversas regiões no Norte em estado de Exceção usando o argumento de “combate ao narcotráfico”. O “democrático” Paraguai, também é o mesmo país que em 2012 afastou, em um golpe parlamentar consumado em apenas 24 horas, o presidente democraticamente eleito, Fernando Lugo.
A ministra das Relações Exteriores da Venezuela, Delcy Rodríguez, qualificou como uma vitória a resolução conciliadora da OEA sobre seu país. “A Venezuela obteve uma vitória na OEA ao convocar o Conselho Permanente para uma declaração de apoio ao diálogo, à Constituição e à paz”, disse em sua conta do Twitter.
Ela também lamentou o posicionamento do Paraguai que, para ela, “se afastou do consenso em apoio ao diálogo”. E agradeceu aos países da região que respaldam o Estado de Direito na Venezuela.
Depois de realizar uma série de encontros com as duas partes, na República Dominicana, a Unasul afirmou que “existe vontade de diálogo” entre o governo de Nicolás Maduro e a oposição.
Fonte: Portal Vermelho