Opinião
Aleppo libertada
O desfecho da batalha de Aleppo, com a libertação de parte do Leste desta cidade – anteriormente ocupada pelos grupos armados que espalham o terror e a destruição na Síria –, constitui uma importante derrota para os Estados Unidos, as grandes potências da União Europeia e os seus aliados na região, como a Turquia, Israel e as ditaduras do Golfo, com destaque para a Arábia Saudita e o Catar.
Por Pedro Guerreiro*
A vitória militar da Síria e do seu povo – com a consequente derrota dos planos que ela encerra –, é tão mais significativa quanto o é a dimensão e intensidade da imensa e abjeta campanha de manipulação e desinformação veiculada pelos órgãos de informação dominantes para a ocultar e deturpar.
Uma vez mais, aqueles que no passado foram coniventes e estiveram sempre do lado da guerra, brandindo os mais falsos pretextos e utilizando as mais variadas “vestes” de serviço (ONG, jornalista, comentador, funcionário das Nações Unidas…), voltam agora e cinicamente a apresentar os agressores como “agredidos”, os algozes como “vítimas”, os grupos armados que praticam o terror e são responsáveis pelos mais hediondos crimes como “rebeldes”, os verdadeiros responsáveis pelo autêntico desastre humanitário na Síria como se de filantropos se tratassem.
Perante a possibilidade da derrota e procurando ir em socorro dos seus bestiais mercenários, sucederam-se novamente as iniciativas por parte dos Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Itália ou seus procuradores para um “cessar fogo”, sempre utilizado para quebrar a iniciativa das forças patrióticas sírias e reequipar os grupos armados. Houve mesmo quem clamasse com a dita “impotência” da “comunidade internacional”, apelando envergonhadamente pela intervenção direta armada dos Estados Unidos e da Otan em Aleppo.
Embora a libertação da parte ocupada de Aleppo não represente o fim da guerra de agressão imposta desde há quase seis anos contra a Síria e o seu povo, ela constitui um importante revés para os planos de fragmentação deste país, que tinham na ocupação de Aleppo pelos grupos de mercenários armados um dos seus principais pilares.
Mas não só. O desfecho da batalha de Aleppo representa, em primeiro lugar, a vitória da resistência obstinada de um povo face a uma bárbara operação de desestabilização e agressão desencadeada pelo imperialismo. Aliás, na senda das guerras de agressão contra a Jugoslávia, o Iraque, o Afeganistão, a Líbia, o Iémen e tantos outros povos e países, com o seu incomensurável rol de crimes, morte e destruição – que alguns, cúmplices, a tudo se prestam para fazer esquecer.
Sabemos que o imperialismo não irá desistir facilmente dos seus intentos. Veja-se as “juras” da Arábia Saudita e do Catar à continuação do seu apoio aos grupos de mercenários armados e a exigir a deposição do presidente sírio. Veja-se a admissão por parte de Erdogan do real objetivo da “entrada” das tropas turcas na Síria, o derrube do legítimo governo de um Estado soberano – afinal o único e verdadeiro intento da operação de desestabilização e de agressão à Síria, insistentemente afirmado pelos Estados Unidos e seus parceiros de guerra, incluindo da Otan, num claro ato de agressão que viola as mais fundamentais normas do direito internacional. No entanto, a Síria e o seu povo lutaram e lutam em defesa da soberania e da integridade territorial do seu Estado, com o importante apoio dos seus aliados, nomeadamente da Federação Russa.
Rejeitando a mentira e não cedendo a manobras de pressão, impõe-se a continuação da solidariedade com a resistência da Síria e do seu povo – é do seu lado que o Partido Comunista Português (PCP) está.
Fonte: Avante!
* Membro do Secretariado Nacional do PCP, responsável pela seção internacional