Opinião

África do Sul: CNA se consolida como partido das maiorias

18/03/2016

O Congresso Nacional Africano (CNA) é hoje, após quase 22 anos do início da democracia, o que atrai a maioria dos eleitores na África do Sul, afirmou o jovem acadêmico Wayne Jumat.

Jumat, pesquisador assistente do Instituto para o Diálogo Global adjunto à Universidade da África do Sul (Unisa), fez uma análise para a Prensa Latina sobre o atual cenário político do país a propósito da proximidade das eleições locais deste ano, e mais a longo prazo as nacionais, em 2019.

O histórico partido de Oliver Tambo e Nelson Mandela é o “mais importante” e o que produz “políticas viáveis”, disse ao enfatizar as fortalezas do CNA.

No entanto – sublinhou -, o aspecto frágil tem sido “sua incapacidade como organização, e como o partido no poder, para pôr em prática de maneira efetiva suas políticas, lutar contra a corrupção, o crime e melhorar o crescimento econômico”.

Recordou que “a oposição com o maior número de cadeiras no Parlamento (89) é a Aliança Democrática (AD)”, que “promove em grande parte os modelos de governo neoliberais ocidentais como seu modus operandi”.

É uma força que tenta se reformar a si mesma para atrair o eleitorado negro nas comunidades, apontou Jumat.

Em 2015 a AD – tradicionalmente o partido da minoria branca – elegeu com esses fins um líder negro: Mmusi Maimane.

Em relação aos Combatentes pela Liberdade Econômica (CLE) está “competindo para ser a principal oposição” no Legislativo, enfatizou o pesquisador.

Pode-se dizer – explicou – que “o CLE tem assumido o papel mais ativo e visível na oposição ao CNA, que conta com 249 assentos no parlamento”.

Para as eleições municipais de 2016 e as nacionais, em 2019, o CNA pode esperar “um descenso no apoio”, ainda que perfile-se como a força que deva seguir à frente dos destinos do país, estimou.

Por outro lado, Wayne Jumat destacou alguns avanços do presidente Jacob Zuma – alvo constante de ataques da imprensa -, que em seu mandato “tem aumentado o financiamento para os estudantes nas instituições terciárias, ainda que a cifra seja insuficiente”.

Também sob sua administração se prestou mais atenção ao HIV/AIDS (esta é uma das nações mais afetadas pelo flagelo) e é de ressaltar no âmbito das relações internacionais os crescentes laços com os países africanos, entre outros aspectos.

Jumat é convicto de que persistem muitos desafios, mas “as histórias mais positivas sobre a África do Sul precisam ser contadas” pelos meios de comunicação.

Em maio de 2014 o CNA ganhou as eleições pela quinta vez consecutiva com 62,15% do apoio eleitoral, dessa forma consolidou sua primazia no Parlamento e assegurou um segundo mandato para Zuma, até 2019.

Segundo o julgamento de observadores, a África do Sul vive um dos momentos mais interessantes de sua etapa democrática, que começou depois das primeiras eleições multirraciais de abril de 1994 quando triunfou o CNA.

Não obstante, persistem sequelas derivadas de anos de apartheid que não serão fáceis de erradicar em pouco tempo e males como as desigualdades e o desemprego que gravitam sobre grande parte da população sul-africana, que supera os 54 milhões de habitantes.

Fonte: Prensa Latina, texto: Deisy Francis Mexidor

Tradução: Maria Helena D’Eugênio, para o Resistência 

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