Opinião
A “Direita” rancorosa
Os revolucionários incentivam as pessoas a participarem nas transformações que levam as sociedades a definirem os caminhos democráticos. É uma luta permanente para criar melhores condições de vida para todos: os que trabalham, os que estudam, os que desenvolvem a ciência e as artes, os idosos, as crianças, os que precisam de apoio.
Por Zillah Branco
As elites, que se servem do poder para explorar os mais pobres, vivem folgadamente acima da realidade em que mal sobrevivem os oprimidos. Não vêm as desigualdades e os sofrimentos. Alguns percebem e inventam teorias que explicam como uma fatalidade ou o destino a existência de ricos e pobres, fortes e fracos. Outros deixam-se ficar, alheios a uma maioria de cidadãos que se amontoam em bairros periféricos, dos quais se afastam com medo de assaltos ou do lixo acumulado.
As forças da ordem ao serviço da elite perseguem os revolucionários e ameaçam as populações oprimidas que os acolhem. Mas a História não pára; modifica-se contínuamente disseminando as sementes do percurso revolucionário que voam com as idéias por todo o mundo levando as imagens de movimentos de libertação de classes oprimidas e de países colonizados que plantam a democracia no seu solo.
Das elites surgem pensadores que admiram as mudanças ocorridas e o surgimento de Estados que atendem as populações com serviços sociais – de saúde, ensino, transporte, habitações – que promovem o desenvolvimento das suas indústrias, serviços e comércios. Acreditam que podem criar uma sociedade democrática onde uma elite benfeitora poderá gerir o Estado de maneira democrática. Esta elite é conservadora (quer continuar com as vantagens de gerir o poder) mas reconhece que o povo tem direitos humanos para se desenvolver.
O papel desumano dos que impedem que a democracia seja implantada em benefício de todos os cidadãos hoje é mais visível, um pouco por todo o mundo, devido ao conhecimento maior das ciências humanas e a crise que estrangula o sistema capitalista. Veja-se a filosofia social pregada pelo Papa Francisco que se aproxima de uma ideologia até agora defendida exclusivamente pela esquerda militante.
Nem todos os da elite aceitam sacrificar as suas riquezas sempre crescentes para financiar um Estado Social. Começam a corromper pessoas que ocupam lugares na estrutura do Estado para desviar a riqueza nacional para os bancos da elite e legisladores para que os direitos já conquistados não sejam respeitados. Criam dificuldades para que se instale a democracia promovendo conflitos sociais incentivando a prática de crimes e o hábito da corrupção. Torna-se cada vez mais difícil gerir o poder e manter a democracia. Destaca-se na elite uma “direita rançosa” que revela o seu instinto cruel contra a democracia. Ela odeia os pobres e todos os oprimidos, quer a riqueza produzida pelo país à sua disposição para escravizar trabalhadores e corromper serviçais. Inventa um “golpe de Estado” que acabe com a democracia e destrua as iniciativas revolucionárias.
Assim aconteceu no Brasil, dando início à oposição política que perdeu as eleições em 2015 quando Dilma foi eleita por 54 milhões de cidadãos que apoiaram o programa democrático defendido pelos partidos de esquerda. Fizeram uso da mídia, dos que foram processados por corrupção, de fanáticos da Igreja Pentecostal manipulada por políticos inescrupulosos, de juizes e advogados que desrespeitam a Constituição, de defensores da ditadura militar e sua prática de tortura, o que provocou uma indignação que se alastrou trazendo o povo brasileiro para as ruas e um movimento internacional de solidariedade à construção democrática iniciada no Governo de Lula em 2002.
Tal movimento permitiu a compreensão de que a democracia só existe se incluir os explorados e destituir os exploradores do poder. É a visível luta de classes que sempre inspirou os revolucionários e os leva a enfrentar a violência dos golpistas com a coragem de quem oferece a vida pela vitória.