Opinião
A crise estrutural do capitalismo
O modo de produção capitalista representou um avanço progressista na história da Humanidade apesar da violência inaudita da acumulação primitiva de capital, de novas e desumanas formas de exploração de classe, das agudas contradições e crises cíclicas inerentes ao seu desenvolvimento.
Por Albano Nunes
Mas esse papel progressista terminou há muito. Com a passagem do capitalismo concorrencial ao capitalismo monopolista, com a entrada na era do imperialismo – que, desenvolvendo Marx, Lênin tão genialmente caracterizou em “O imperialismo, estágio superior do capitalismo” – o capitalismo entrou em decadência e revelou mais plenamente os seus limites históricos. A Revolução Socialista de Outubro inaugurou uma nova época, a época da passagem do capitalismo ao socialismo. O capitalismo que revelara já a sua incapacidade para dar solução aos problemas dos trabalhadores e dos povos, tornou-se não apenas um sistema reacionário mas uma perigosíssima ameaça à própria existência da Humanidade.
É isto claro para as forças que condenam as injustiças e os crimes do capitalismo – a fome e a doença, o desemprego, as profundas desigualdades e injustiças sociais, as criminosas guerras de agressão, a brutal predação dos recursos naturais do planeta?
Não, não é. O capitalismo dispõe de instrumentos de reprodução poderosos, a começar pelas alavancas do poder e o domínio dos aparelhos de produção ideológica que segregam a ideia de que, embora “imperfeito”, o sistema capitalista é o melhor dos sistemas possível e não tem alternativa. Importa por isso ir ao fundo da questão e evidenciar as contradições objetivas inerentes ao capitalismo que se agudizam com a sua própria evolução.
Refiro-me a quanto desde Marx é aquisição do pensamento revolucionário e que, com Lênin, conheceu importante atualização e desenvolvimento: as contradições entre o capital e o trabalho, entre o desenvolvimento das forças produtivas e as relações de produção, entre a socialização da produção e a apropriação privada do produto, num quadro em que opera a lei da baixa tendencial da taxa de lucro, lei que é fundamental para compreender a brutal intensificação da exploração que está a verificar-se assim como a financeirização da economia e o agravamento do caráter predador e desumano do capitalismo.
Dito isto proponho a revisitação da Resolução Política do XX Congresso do PCP onde se atualiza e aprofunda o tratamento deste tema. E termino lembrando que o aprofundamento da crise estrutural do capitalismo não conduz automaticamente ao seu fim, que só com a intervenção humana, com a intervenção revolucionária da classe operária e das massas trabalhadoras é possível a sua superação com a construção da sociedade socialista e comunista.
Fonte: Avante!, órgão central do PCP