Opinião
A “brincadeira” do Ministro Britânico: “Quem precisa da União Europeia quando temos a Otan?”
A frase “Quem precisa da União Europeia (UE) quando temos a Otan?” foi dita nesta sexta-feira (17), por Boris Johnson, ministro das Relações Exteriores do Reino Unido no auditório da Conferência de Segurança, realizada em Munique, na Alemanha, e, segundo informa a agência Efe, despertou o riso dos presentes.
Por Wevergton Brito Lima*
A Conferência reúne chefes de governo e ministros da Defesa e das Relações Exteriores de todo o mundo.
Boris, ferrenho defensor da globalização, tachou de “loucos” aqueles que pretendem estabelecer barreiras comerciais no mundo ocidental. Para ele, que apoiou a saída do Reino Unido da União Europeia, o “Brexit não representa o fim da UE nem que o Reino Unido deixará a Europa, já que o país seguirá apoiando seus aliados e permanecerá geograficamente, culturalmente, intelectualmente e espiritualmente no continente”.
A frase que provocou o riso da plateia, foi dita no contexto em que o ministro britânico exaltava o artigo 2 da Otan, que obriga os países que fazem parte da aliança a eliminar os “conflitos” em suas políticas econômicas internacionais.
Traduzindo a “brincadeira”: a Otan é um instrumento militar de coerção das soberanias nacionais que obriga Estados a seguirem determinadas políticas que violam os direitos sociais de seus povos em benefício dos países imperialistas centrais do velho continente e dos EUA, coisa de resto já sabida, mas pouco admitida abertamente, mesmo em tom de brincadeira.
Johnson disse compartilhar da opinião do secretário de Defesa dos EUA, James Mattis, que recentemente cobrou que todos os países membros da Otan destinem 2% dos seus PIBs para gastos militares. Também nesta sexta-feira, a chefe de governo da Alemanha, Angela Merkel, reafirmou a importância da Otan e garantiu que a Alemanha está comprometida com a meta de destinar 2% do seu PIB para a indústria bélica mas pondera que “também é importante a ajuda ao desenvolvimento e à prevenção de crise”.
Ou seja, em tempos de dramas humanitários em diversas escalas: refugiados, guerras, desemprego, etc., a convicção que une, com mais ou menos ênfase, os países poderosos da Europa, é a defesa da aliança agressiva chamada Otan e o investimento cada vez maior em armas, o que significa, inevitavelmente, mais guerra.
Má notícia para os povos, que devem intensificar a mobilização contra a anunciada escalada militarista, pois de uma coisa pode se ter certeza: eles, nesses assuntos, sempre falam a sério.
* Jornalista, membro da Comissão de Política e Relações Internacionais do PCdoB