América Latina

A Alba e a emergência da luta anti-imperialista

05/05/2024

A Aliança Bolivariana para as Américas é parte dos países e regiões fundadoras do novo mundo que está nascendo e da nova ordem mundial multipolar, escreve o dirigente comunistra José Reinaldo Carvalho 

Por José Reinaldo Carvalho (*) – Quando a ofensiva imperialista contra os direitos dos povos, a soberania nacional das nações da América Latina e Caribe e a integração para o desenvolvimento compartilhado se intensifica, ganha terreno e afasta determinadas forças de esquerda do caminho da luta consequente, eis que a Revolução Bolivariana, a três meses da eleição presidencial, faz um novo chamado à unidade e ao combate, convocando as forças progressistas e revolucionárias da região e os movimentos populares a uma reflexão profunda sobre estratégia, tática, métodos, organização, mobilização e unidade programática.

É este o sentido da realização em Caracas, capital venezuelana, do Encontro para uma Alternativa Social Mundial, nos últimos dias 18 e 19, que se constituiu como uma genuína referência moral, política e programática para os povos. O Encontro foi convocado pela Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (ALBA).

“Vamos unir tudo o que pode ser unido pelo futuro, pela sociedade e pela alternativa de uma nova era socialista, construtiva e igualitária, esta é a consigna”, afirmou o presidente Nicolás Maduro em sua intervenção, durante a qual também instou a desenvolver com visão ampla novas estratégias para que os povos independentes e soberanos continuem sua luta contra o fascismo e o imperialismo, por uma “civilização humana de paz e amor, de vida e esperança, de um mundo multipolar dos povos”. Propôs ainda que desempenhem um papel decisivo as forças progressistas que exercem o poder e os movimentos populares de massas que se encontram na resistência e na luta.

Maduro não hesitou em proclamar que o mundo multipolar já nasceu, marcando o início da contagem regressiva para a dominação imperialista. Esta afirmação não é apenas uma observação política, mas um chamado à ação para os povos do mundo.

Em suma, as palavras de Maduro ecoam como um lembrete urgente da necessidade de solidariedade entre os povos na luta contra a opressão imperialista. A emergência da luta anti-imperialista não é apenas um fenômeno político, mas um imperativo moral e histórico na formação de um mundo multipolar verdadeiramente democrático e justo.

As ideias defendidas por Maduro correspondem às necessidades desta época de emergência da era multipolar. Isto requer, além de unidade, resistência e luta, a criação de estratégias revolucionárias renovadas, distintas dos atalhos da adaptação da ordem imperialista a que oportunistas de várias colorações tentam atrair os povos e os partidos progressistas e os movimentos de massas.

São orientações políticas essenciais. As atuais lutas dos povos não estão dissociadas dos graves problemas geopolíticos, das guerras em curso, de outras em preparação e sobretudo do genocídio perpetrado pelos sionistas na Palestina. O imperialismo estadunidense, ao sentir ameaçada a sua hegemonia torna-se mais agressivo. Juntamente com seus aliados da Otan e da União Europeia, ameaçam a segurança internacional, a paz mundial, os direitos e a soberania dos povos.

Na América Latina essas ameaças se afiguram agudas quando observamos as ações dos Estados Unidos contra Cuba, Venezuela e Nicarágua, a intensificação do bloqueio, a ampliação das sanções e a ofensiva política desestabilizadora propriamente dita, no caso da Venezuela, que está em plena campanha eleitoral. O imperialismo estadunidense não aceita nem jamais aceitará que uma eleição presidencial decida pelo aprofundamento do processo revolucionário e pelo aperfeiçoamento das instituições que lhe correspondam. Como potência imperialista que se julga no direito de exercer o poder na região, o evento eleitoral é visto como uma oportunidade para derrubar a Revolução.

Tal circunstância é um sinal de alerta a todas as forças políticas progressistas da região, estejam ou não no governo, a chamar a atenção para a realização de ações pelos objetivos comuns de nossos povos – a defesa e o fortalecimento da soberania e independência dos países da região, a integração regional soberana em prol do desenvolvimento econômico e social.

Foi neste cenário que os chefes de Estados e Governos dos países da Alba tomaram a decisão histórica de aperfeiçoar o conteúdo das suas propostas e ações não mais apenas como Alternativa, mas como Aliança. Agora a Alba torna-se uma Aliança. Os chefes de Estado e de Governo e representantes de delegações, reunidos na quarta-feira (24) em Caracas, capital venezuelana, adotaram uma série de decisões que levarão o mecanismo regional a uma nova etapa em seu funcionamento, com iniciativas inovadoras e o ressurgimento de outras que tiveram impacto entre seus povos. O objetivo da Aliança é “construir a união de nossos povos”, como disse o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. A ALBA (Aliança Bolivariana para as Américas) está conectada com o novo mundo, com o novo poder que está surgindo e essa nova civilização, afirmou o governante bolivariano. Segundo Maduro, a Aliança pode se ver como parte dos países e regiões fundadoras do novo mundo que está nascendo e da nova ordem mundial multipolar.

A conjuntura política na América Latina reflete o desenvolvimento da luta anti-imperialista nas novas circunstâncias. Por diferentes caminhos os povos da região se empenham pelo resgate da soberania e independência na luta contra as políticas neoliberais e os intentos de intervenção externa. O chamado que vem do Encontro da Alba é precisamente para que a luta anti-imperialista, a unidade dos povos e a solidariedade entre os países da região desempenhem um papel central no novo contexto do mundo multipolar.

(*) José Reinaldo Carvalho é jornalista, editor do Resistência, membro do Comitê Central e da Comissão Política Nacional do Partido Comunista do Brasil, onde dirige a frente de Solidariedade e Paz. É presidente do Cebrapaz – Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz

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