PCdoB
14º Congresso do Partido Comunista do Brasil reafirma valores de outubro e internacionalismo proletário
O 14º Congresso do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) realizado de 17 a 19 de novembro, em Brasília, homenageou os 100 anos da revolução liderada por Lênin, reafirmando o compromisso do Partido com os ideais revolucionários e com o internacionalismo proletário. No dia 18 (sábado), durante o ato internacionalista em homenagem à revolução soviética, o Secretário de Política e Relações Internacionais, José Reinaldo Carvalho, pronunciou, diante das centenas de delegados e delegadas do PCdoB de todo o país e de representantes de 32 organizações comunistas e revolucionárias de 27 nações, o discurso que reproduzimos, abaixo, na íntegra.
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Discurso de José Reinaldo no ato internacionalista pelos 100 anos da revolução de outubro
Queridos e queridas camaradas delegados e delegadas ao 14º Congresso do PCdoB.
Queridos e queridas camaradas das delegações internacionais.
O nosso Partido é quase tão longevo quanto a grande Revolução Socialista de Outubro. Nasceu sob seu influxo e segue cultivando seus imortais valores. Estamos convictos da vigência destes valores com os olhos postos no futuro. Para os comunistas, a Revolução triunfante em 1917 será sempre uma fonte de inspiração nos combates que se realizam na atualidade, sob novas condições, na resistência à ofensiva do sistema capitalista contra os trabalhadores e os povos e para abrir caminho à nova etapa da luta pelo socialismo.
Os que defendemos um mundo de liberdade, paz, justiça e igualdade social, valores realizáveis apenas numa sociedade liberta da opressão e da exploração capitalistas e da dominação imperialista; os que aprendemos que a história das lutas sociais desde 1848, apesar dos sobressaltos, ziguezagues, avanços e retrocessos, vitórias e derrotas, é perpassada pelo fio vermelho da luta popular; os que encontramos nos escritos de Marx, Engels, Lênin e outros expoentes do pensamento revolucionário a fonte – embora não a única –, de nosso saber sobre a sociedade e a história, temos inesgotáveis razões para celebrar o centenário da Revolução.
A Revolução russa possui um significado simples, cristalino, por isso mesmo transcendental. Pela primeira vez na história, o proletariado, unido às demais camadas populares, principalmente o campesinato, assumiu o governo e iniciou a construção do poder dos trabalhadores e da sociedade socialista. O triunfo da Revolução assinala o início de uma grande época na história da humanidade: a da transição do capitalismo ao socialismo.
Com a vitória da Revolução de Outubro, o capitalismo deixou de ser um sistema mundial único. O primeiro resultado prático da vitória da Revolução e da instauração do poder revolucionário foi iniciar a construção de uma ordem política, econômica e social socialista, o que resultou num avanço para os povos até então oprimidos pelo Império russo, e num colossal apoio ao movimento pela emancipação dos trabalhadores em todo o mundo.
A Revolução de outubro de 1917 ocorreu no calor da luta teórica e política de Lênin contra os oportunistas da II Internacional, que apregoavam o caminho da conciliação de classes, quando a história, em trabalho de parto, amadurecia soluções revolucionárias para dar à luz o novo. Outubro de 1917 foi o “laboratório” que deu aos revolucionários daquela geração os elementos para a elaboração de conceitos fundamentais e universais, ainda hoje válidos e vigentes, sobre o Estado, o partido, a estratégia e a tática. Em suma, para a sistematização – trabalho que se estende aos dias de hoje em novas condições históricas – da teoria da revolução.
Confirmou-se a tese de Marx e Engels, baseada na análise científica da sociedade, de que o capitalismo é um sistema econômico-social e político historicamente condenado. Sob o influxo de suas incontornáveis contradições antagônicas, num dado momento a evolução econômica e a luta política de classes apresentam inevitavelmente dilemas agudos e têm lugar situações revolucionárias, as quais, num quadro de amadurecimento das condições objetivas e subjetivas, resultam na vitória da revolução.
A assertiva de Lênin, meses antes da Revolução, de que, com a passagem do capitalismo à etapa imperialista, abria-se a época da revolução socialista também restou comprovada. Isto fica mais claro quando se analisa o cenário marcado pelas contradições fundamentais que definem o caráter da época.
O triunfo das classes oprimidas em 1917 na Rússia demonstrou que somente a revolução pode abrir caminho à conquista da emancipação nacional e social, às transformações sociais e políticas progressistas. A colaboração de classes como estratégia do movimento operário e popular foi superada pelos acontecimentos. Segue nos dias de hoje não mais como opção do movimento comunista mas como engendro de forças a este opostas.
Na vitória da Revolução russa foi decisivo o papel dirigente desempenhado pela classe operária, por meio do Partido Bolchevique. O proletariado russo dentro de um tempo curto tinha feito duas revoluções democrático-burguesas e conquistado autoridade como dirigente do povo na luta contra o absolutismo, para derrubar a burguesia e instaurar a ditadura do proletariado.
A condição decisiva para a vitória foi a direção política-ideológica do Partido Bolchevique, que entrelaçou a verdade geral do marxismo-leninismo com a prática revolucionária do próprio país. Ele conseguiu unir a luta do proletariado pelo socialismo, a luta dos camponeses pela terra e contra a exploração e a violência dos latifundiários, a luta de libertação nacional dos povos oprimidos da Rússia contra a opressão nacional e luta de todo o povo contra a guerra imperialista. O Partido conseguiu separar as massas da influência dos partidos oportunistas e derrotou as suas tentativas e do Governo Provisório de impedir o desenvolvimento e a vitória da revolução socialista.
O conjunto das realizações da Revolução de Outubro e da luta pela construção do socialismo que se lhe seguiu tem conteúdo e forma de acontecimentos épicos e não há propaganda negativa nem leitura niilista ou ambígua, nem mesmo a renúncia capitulacionista a seu legado que apaguem essa epopeia da memória dos povos ou esgotem sua força inspiradora nos atuais e futuros embates revolucionários.
Essa força inspiradora provém dos seus grandiosos feitos e de sua repercussão internacional. A Revolução Russa tornou-se paradigmática para o mundo porque fez saltar pelos ares um império reacionário, que Lênin chamava de “prisão dos povos”. Sobre seus escombros, surgiu ao cabo de uns poucos anos uma nova civilização humana, uma economia desenvolvida, um povo culto e digno. Sob a influência soviética cresceu o movimento operário nos países capitalistas, desenvolveu-se a luta anticolonial nos países dependentes. A Revolução Russa soergueu um Estado soberano e instrumentalizou um Exército poderoso que se constituiu na força capaz de derrotar o mais feroz inimigo da humanidade – o nazi-fascismo.
A Revolução Socialista de Outubro e o Estado soviético por ela fundado exerceram enorme impacto no mundo e influência na organização e levantamento do movimento revolucionário mundial. Mostraram às massas trabalhadoras de outras nações o caminho da luta emancipadora, inspiraram-nos com a força do exemplo, impulsionaram o movimento operário e de libertação nacional durante toda uma época histórica. A Revolução de Outubro impactou nas lutas contra o sistema capitalista tanto nas metrópoles quanto nas colônias e países dependentes e aprofundou ainda mais a crise desse sistema.
A Revolução russa e a subsequente construção do socialismo no país eurasiático se produziram em circunstâncias mundiais e nacionais peculiares, cuja expressão geopolítica mais importante, à época, foi a Primeira Guerra Mundial. O esgotamento do regime czarista criou as condições para a eclosão de movimentos revolucionários, desde o início do século 20 (revolução democrática de 1903-1905).
A Revolução de Outubro quebrou a frente do imperialismo mundial, derrubou a burguesia na Rússia, levou ao poder o proletariado em um sexto do território mundial e criou as condições para a liquidação de todas as formas de exploração e opressão do homem pelo homem.
A vitória da revolução abriu uma nova época na história contemporânea, a época da revolução proletária e nacional-libertadora, da criação da frente revolucionária do proletariado e dos povos oprimidos contra o imperialismo.
Por todas essas razões, a Revolução de Outubro foi uma revolução com caráter internacionalista.
Nenhum outro acontecimento político-social, como a Revolução Russa, materializou com tamanha dimensão a palavra de ordem lançada seis décadas antes por Marx: “Proletários de todos os países, uni-vos”! Se bem não tenha resultado na revolução proletária mundial – esta era a expectativa dos bolcheviques e de todo o movimento revolucionário à época -, a revolução socialista de 1917 teve extraordinário impacto internacional, exerceu influência direta sobre acontecimentos subsequentes, mudou a face do mundo e deixou marca indelével em todo o século 20.
Mudava a face do mundo, abria-se nova época na história da humanidade. Realizada no auge da guerra entre grandes potências que rivalizavam para dominar o planeta, a Revolução russa estabeleceu o contraponto essencial com o sistema imperialista. Desde então, a disjuntiva entre o capitalismo (imperialista) e o socialismo tornou-se uma das contradições essenciais da época. Os embates políticos, as guerras e as revoluções nacional-libertadoras e socialistas do século 20 eclodiram e desenvolveram-se tendo esses antagonismos como fatores objetivos condicionantes.
O poder estatal socialista que emergiu em 1917, internacionalista por natureza, tornou-se o vetor preponderante na luta pela paz mundial e o progresso social, um incontornável fator a neutralizar os efeitos da agressividade do imperialismo e a influenciar positivamente as lutas dos trabalhadores e dos povos.
A Revolução russa provocou impacto mobilizador no movimento operário revolucionário internacional e dos povos das colônias e semicolônias. Greves e manifestações em solidariedade com o poder soviético ocorreram em quase toda a Europa, nos Estados Unidos, Japão e América Latina. O movimento de libertação nacional em países coloniais e semicoloniais, como China, Coreia, Índia e na Indochina cobrou ímpeto.
A Grande Revolução Socialista Soviética criou condições propícias para o surgimento da Internacional Comunista, a Terceira Internacional, após a bancarrota da Segunda Internacional, provocada pelo nacionalismo estreito, a colaboração de classes e o oportunismo de direita. Esta revolução exerceu grande influência no movimento operário, na expansão e compactação de grupos de esquerda e na sua separação da influência social democrata. Como partido no poder, coube ao Partido Bolchevique, sob a direção de Lênin, a iniciativa de agrupar no âmbito da nova organização internacional as forças de esquerda, comunistas, revolucionárias, separadas das forças centristas e oportunistas de direita. A criação da Terceira Internacional em 1919 foi um fato marcante no movimento operário internacional. Seu mérito foi ter assimilado a tempo os frutos da luta revolucionária do proletariado russo, como base para a trajetória que se abria na luta pelo socialismo em escala mundial.
O século 20 foi fortemente marcado pelo socialismo vitorioso na União Soviética e sob a influência desta tornou-se o século das revoluções anti-imperialistas, democráticas, populares e socialistas, das lutas pela libertação nacional e social dos povos, das lutas anticoloniais, democráticas, pela paz e a justiça, objetivos estes que se confundem com os grandes valores e ideais da Grande Revolução Socialista de Outubro.
Partiu da Internacional Comunista e dos partidos nela organizados a iniciativa de criar na década de 1930 as Frentes Populares, decisivas na luta dos povos contra o fascismo.
A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas foi a força principal na vitória sobre a maior e mais agressiva potência militar da burguesia imperialista – a Alemanha hitlerista. A vitória sobre o nazi-fascismo foi uma conquista dos povos, das forças da paz, da democracia, da solidariedade e do progresso social. Para esse triunfo, concorreu especialmente a ação dos comunistas, que se postaram à frente da luta contra o nazi-fascismo. A União Soviética, pátria do socialismo, com a luta heroica do seu povo, foi o fator político e militar decisivo.
Os povos da União Soviética pagaram durante a Segunda Guerra Mundial o mais terrível preço em vidas humanas e prejuízos materiais, com a morte de 27 milhões dos seus cidadãos, incluindo 7,5 milhões de soldados. O país passou por inusitada devastação: 1.710 cidades e 70 mil povoados foram completamente destruídos; milhares de fábricas, empresas e cooperativas agrícolas danificadas, seis milhões de casas demolidas.
As vitórias do Exército Vermelho nas históricas batalhas de Moscou (outubro de 1941 a janeiro de 1942), Stalingrado (agosto de 1942 a fevereiro de 1943), Kursk (entre a primavera e o verão de 1943) e Berlim, na primavera de 1945, permanecerão indelevelmente marcadas na memória da humanidade, como o tributo dos povos soviéticos para a causa da libertação da humanidade.
A vitória foi, assim, a expressão e o resultado da fraternidade internacionalista entre os povos, na busca pela liberdade, a democracia, a independência e a justiça.
Sob a influência da revolução, desenvolveram-se o movimento operário nos países capitalistas e a luta anticolonial nos países dependentes.
A Revolução socialista e o socialismo soviético estiveram presentes como inspiração, influência indireta e apoio moral na grande Revolução chinesa, na Revolução cubana, na Resistência vietnamita. Até mesmo a adoção, pelos países capitalistas, do Estado de “bem-estar”, resultou, a par das lutas sindicais e políticas nos países capitalistas, da influência da Revolução de Outubro e do socialismo na URSS. E foi a Revolução soviética a base para a organização do campo socialista e do Movimento Comunista Internacional.
Ainda hoje nos defrontamos com o niilismo e ambiguidades contidos em afirmações como a de que a Revolução Russa e tudo o que dela decorreu foram uma sequência de erros colossais, uma tentativa de afastar a história de seu caminho natural, agora retomado depois da grande derrocada dos anos 1990 – o caminho que conduziria a humanidade ao “fim da História”. A derrota do socialismo e seu desaparecimento como sistema mundial, no apagar das luzes do século 20, abriram espaço a tal leitura liquidacionista. Esta leitura até hoje afeta a conduta de forças políticas que, partindo de premissas falsas consideraram que o antídoto aos erros cometidos seria adotar uma estratégia e uma tática afastadas dos postulados revolucionários e uma teoria e prática de construção do partido comunista que os tornam iguais aos partidos burgueses e sociais democratas. É o mesmo espaço em que se tentam equilibrar as forças da “nova esquerda”, com suas diferentes versões de social democracia reciclada ou de autodenominado “neocomunismo”, que busca, exumando argumentos há muito sepultados, identificar com violência e crimes toda a experiência da luta e da construção do socialismo.
Uma luta sempre atual
Para os comunistas, a Revolução triunfante em 1917 será sempre uma fonte de inspiração nos combates que se realizam na atualidade, sob novas condições, na resistência à ofensiva do sistema capitalista contra os trabalhadores e os povos e para abrir caminho à nova etapa da luta pelo socialismo.
Objetivamente, a extinção da União Soviética, no início dos anos 1990, marcou uma viragem negativa na evolução do quadro mundial. Sendo resultado de uma contrarrevolução, cujos primeiros sinais se manifestaram a partir do 20º Congresso do Partido Comunista da União Soviética (1956), a derrota da Revolução soviética implicou inaudito retrocesso na situação política internacional, quadro em que a burguesia, o imperialismo e toda a reação mundial arremetem contra todas as conquistas democráticas, sociais, civilizacionais da humanidade.
A derrota do socialismo, para a qual concorreram também fatores externos ligados à pressão e ao cerco dos países imperialistas, criou uma situação inteiramente nova no mundo. Como já assinalamos, no terreno das ideias deu azo à negação dos valores da Revolução de Outubro. No terreno político ensejou o surgimento de uma correlação de forças extremamente desfavorável aos que lutam por uma sociedade liberta da exploração capitalista. Hoje é corrente a visão de que o socialismo foi definitivamente derrotado e saiu da cena histórica como realidade e perspectiva.
Não compartilhamos esta visão. O socialismo continua sendo uma necessidade objetiva da evolução da civilização humana. E, nessa ótica, o socialismo e a sociedade sem classes, o comunismo, são o ideal supremo a justificar a existência e a atividade do Partido Comunista. Ao reafirmarmos os princípios e os ideais de Outubro de 1917, simultaneamente nos aferramos à realidade da época e à do país em que atuamos. Hoje parece claro que está sepultada a ideia do “comunismo súbito”. O exame atento da História indica que a construção do socialismo e o alcance de uma sociedade tão avançada quanto o comunismo – sociedade sem classes, reino da abundância, liberdade triunfante sobre a necessidade – é tarefa para muitas gerações que atravessará diferentes épocas históricas.
A saída para os graves impasses por que passa a humanidade, a superação da crise de civilização que atravessamos, o impedimento da barbárie exigirão das forças progressistas e revolucionárias a capacidade de elaborar novas estratégias para enfrentar os novos desafios próprios da época contemporânea. A correlação de forças desfavorável, decorrente do desaparecimento do socialismo como sistema mundial implica adaptar o pensamento das forças revolucionárias a uma luta de novo tipo pelo socialismo, recolhendo as lições do caminho percorrido. Trata-se, pois, de construir novos padrões e empreender novos passos de um novo processo de acumulação revolucionária, inclusive no que diz respeito à afirmação, revigoramento e consolidação do Partido Comunista. Comemorar Outubro de 1917 é compreender que nesse mister estarão presentes os valores e ideais daquela grandiosa Revolução.
É preciso também ter em conta que não há modelo para a luta revolucionária e a construção do socialismo. A adoção do modelo único foi um grave erro, uma posição anticientífica.
Atualmente, os povos estão confrontados com as potências imperialistas, os Estados Unidos e seus aliados, que tentam impor sua dominação através do militarismo e da guerra. Nesse quadro, tornou-se uma noção corrente que o socialismo e a revolução sofreram um golpe fatal e doravante já não há por que insistir numa estratégia revolucionária. Com isso, ressurgem as propostas de adaptação do movimento revolucionário à ordem estabelecida.
Os comunistas, contrariamente a esse senso comum, consideramos que a luta pelo socialismo continua na ordem do dia, porque corresponde a uma necessidade objetiva da evolução da sociedade. E não nos iludimos quanto à possibilidade de esse salto histórico se processar espontaneamente, por via evolutiva ou por dádiva das classes dominantes. As forças que lutam pelo socialismo têm em conta as novas condições históricas, que a revolução não será fruto de aventuras nem o socialismo pode ser construído abruptamente.
O socialismo é universal enquanto teoria geral e aspiração de libertação da classe operária em todo o mundo. É universal enquanto transformação de uma época de opressão numa era em que a humanidade será livre e realizará suas aspirações de justiça e progresso. Mas o socialismo será resultado de uma luta multifacética de cada povo, em circunstâncias históricas e políticas bem delimitadas, o que exigirá das forças revolucionárias e do Partido Comunista de cada país a elaboração de novos e originais programas, estratégias e táticas consoantes os princípios e o contexto histórico concreto.
A passagem do centenário do maior acontecimento da história da humanidade enseja à atual geração de lutadores pelo socialismo reflexões que resultem em ação prática. Não está ainda plenamente configurada a correlação de forças que levará a humanidade a um novo ciclo revolucionário. Mas tampouco essa correlação de forças forma-se por geração espontânea, cabendo às forças revolucionárias adotar linhas estratégicas, procedimentos táticos e métodos de ação tendo em vista enfrentar a necessidade de abordar, nas novas condições, a luta pelo socialismo.
Diante do capitalismo-imperialismo, da sua profunda e inarredável crise estrutural e sistêmica, atualmente em fase aguda, das políticas neoliberais, das políticas de guerra, da natureza reacionária do sistema político e econômico burguês, ganha relevo a questão: encontra-se na ordem do dia a tarefa de lutar por melhorias no capitalismo, de apenas combater as “deformações” da gestão da crise, da governação e das políticas públicas, ou se trata, ao contrário, de elaborar estratégias, táticas e métodos revolucionários que conduzam os trabalhadores à luta pelo socialismo como único caminho para superar revolucionariamente os impasses em que a humanidade está confrontada sob o atual sistema? O grande paradoxo da presente época é que o capitalismo atingiu um tal nível de desenvolvimento, um tamanho grau de expansão, que alcança todos os rincões do planeta, uma escala antes inimaginável de desenvolvimento de suas capacidades, mantendo simultaneamente sua essência de perseguir o lucro máximo, o que obtém através da exploração e opressão das massas trabalhadoras e da espoliação das nações dependentes. Esta é a contradição fundamental a partir da qual se desenvolverá a luta política das classes trabalhadoras. O capitalismo dos nossos dias beneficia apenas as grandes burguesias parasitárias dos países imperialistas e suas dependências. É, assim, inevitável a eclosão de lutas, em que os fatores de classe se entrelaçam com os nacionais. É nesse contexto que ressurge contemporaneamente a luta pelo socialismo.
Neste quadro, apresenta-se perante os comunistas e demais correntes da esquerda revolucionária consequente a questão de construir um sujeito político capaz de unir, mobilizar e organizar a classe trabalhadora e as massas populares em suas dimensões estratégica e tática.
Do ponto de vista dos comunistas, é imperioso persistir no fortalecimento político, ideológico, orgânico, eleitoral e de massas do partido comunista, em unidade com outros setores consequentes de esquerda. Em momentos de profunda crise do capitalismo e em que as políticas da burguesia monopolista-financeira e do imperialismo são cada vez mais antidemocráticas e belicistas, o partido comunista deve ter nítido o horizonte socialista, consolidar a sua identidade de classe e ideológica e reforçar os seus laços com as massas populares e trabalhadoras. Quaisquer que sejam os procedimentos táticos necessários à acumulação de forças e por mais flexíveis que os comunistas devam ser na concertação de alianças amplas para alcançar vitórias parciais, mais ainda deve afirmar-se o caráter revolucionário de sua estratégia e seu perfil político e ideológico.
Parte indissociável disto é o internacionalismo proletário, princípio essencial dos comunistas, que significa solidariedade para com os povos em luta pela soberania nacional, a justiça social e a revolução política e social, tarefa à qual os comunistas brasileiros se dedicam com afinco, participando em entidades e movimentos com nítido caráter anti-imperialista, reforçando os laços de cooperação e a unidade com os partidos comunistas e as organizações revolucionárias e populares, compartilhando experiências e concertando ações comuns.
Para os comunistas brasileiros, a Revolução triunfante em 1917 será sempre uma fonte de inspiração nos combates que se realizam, sob novas condições, na resistência à ofensiva do sistema capitalista contra os trabalhadores e os povos e para abrir caminho à luta pelo socialismo, nas novas condições do século 21.
Como partido patriótico e internacionalista, atuando numa realidade nacional e internacional complexa, seguimos firmes na luta pelo socialismo. Os conflitos nacionais e de classes são cada vez mais agudos. Os partidos comunistas e demais forças revolucionárias e anti-imperialistas são chamados a desempenhar destacado papel nas lutas contemporâneas.
Neste congresso, reafirmamos o internacionalismo proletário, a base teórica marxista-leninista de nosso partido, a necessidade da luta pelo socialismo no Brasil e no mundo, e pela realização do ideal comunista.
Temos a honra de apresentar a fraternal delegação de Partidos Comunistas, revolucionários e anti-imperialistas presentes no nosso 14º congresso. Recebam as nossas boas-vindas e levem aos vossos países a certeza de que no Brasil há um partido que não claudica na luta anti-imperialista e ergue bem alto a bandeira da paz, dos direitos dos povos e do progresso social. Um partido empenhado pela unidade dos povos, pela construção de uma frente anti-imperialista mundial. Frente que construímos a partir das nossas lutas nacionais, em torno de um programa democrático, patriótico e popular.
Somos um partido do Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários, dos Movimentos anti-imperialistas, do Foro de São Paulo. O Partido da unidade e do Consenso de Nossa América.
Muito obrigado por sua presença.
Camaradas, peço a atenção de todos para uma citação, que sintetiza o espírito e as ações dos que aqui se encontram e é também o compromisso dos comunistas brasileiros.
“Revolução é sentido do momento histórico; é mudar tudo que deve ser mudado; é igualdade e liberdade plenas; é ser tratado e tratar os demais como seres humanos; é emancipar-nos por nós mesmos e com nossos próprios esforços; é desafiar poderosas forças dominantes dentro e fora do âmbito social e nacional; é defender valores nos quais se crê ao preço de qualquer sacrifício; é modéstia, desinteresse, altruísmo, solidariedade e heroísmo; é lutar com audácia, inteligência e realismo; é não mentir jamais nem violar princípios éticos; é convicção profunda de que não existe força no mundo capaz de esmagar a força da verdade e as ideias. Revolução é unidade, é independência, é lutar por nossos sonhos de justiça para Cuba e para o mundo, que é a base de nosso patriotismo, nosso socialismo e nosso internacionalismo”. (Fidel Castro Ruz)
O companheiro Fidel, líder histórico da Revolução Cubana nos deixou há um ano, no dia 25 de novembro. O nosso congresso envia ao companheiro Raúl Castro, primeiro secretário do PC de Cuba, a este Partido de vanguarda da Revolução Cubana e ao heroico povo da maior das Antilhas o nosso cálido abraço, a nossa solidariedade, ao lado da confiança de que seguirá a senda aberta por Fidel, o comandante invicto. Apelo a este plenário que aclame a moção em homenagem a Fidel e de solidariedade ao povo cubano.
Saúdo as delegações dos partidos comunistas que exercem o poder político construindo o socialismo cada um com suas peculiaridades: Partido Comunista de Cuba, Partido Comunista da China, Partido do Trabalho da Coreia, Partido Comunista do Vietnã e Partido Popular Revolucionário do Laos. A plenária final do nosso Congresso está chamada a aclamar uma moção de solidariedade a esses partidos.
Igualmente, vamos aprovar uma moção pela paz na Península Coreana. O povo da República Popular Democrática da Coreia tem todo o direito de se defender.
Saúdo o valente povo sírio, o partido Baath, os partidos comunistas desse país e o presidente Assad pela heroica luta e retumbante vitória no combate ao terrorismo e à intervenção estrangeira. Este plenário com certeza também há de aclamar a moção apresentada com este conteúdo.
Proponho também que aclamemos a saudação ao povo palestino, ao povo saarauí.
Saudemos em uníssono, num alto brado libertador, os povos irmãos latino-americanos, em especial a Venezuela bolivariana, fundada pelo eterno comandante Hugo Chávez e hoje liderada pelo presidente Nicolás Maduro.
Enviemos também por aclamação uma saudação ao PC Ucraniano, bastião da luta contra o fascismo no Leste europeu.
Nossa saudação ao Cebrapaz e ao Conselho Mundial da Paz e a todos os camaradas que no âmbito de entidades do movimento popular e democrático, têm atuação internacionalista. Meu muito obrigado a todos os militantes que garantiram a acolhida das delegações internacionais.
Recebam todas as delegações fraternais internacionalistas aqui presentes a palavra de honra dos comunistas brasileiros de que estaremos lado a lado com vocês agora e sempre na construção de uma ampla frente anti-imperialista mundial. O PCdoB é uma casa ampla da amizade, tem o coração tão grande como o povo brasileiro, cheio de amor pela humanidade. Um partido internacionalista com quem vocês sempre podem contar.
Viva o Internacionalismo proletário!
Viva a unidade dos povos!
Viva a luta anti-imperialista!
Viva o povo brasileiro!
Viva o PCdoB!