GEOPOLÍTICA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Cuba e Brasil a partir da música[:es]Cuba y Brasil desde la música

Compartilhe

Os 30 anos que se passaram desde o feliz momento em que a nossa ilha e o gigante sul-americano restauraram suas relações diplomáticas estão sendo comemorados, a partir da área onde nossos países mais se entrelaçam: a música. E assim, num ato de reafirmação, realizou-se o concerto Canções do Sul, há poucos dias, na sala Ernesto Lecuona, do Grande Teatro de Havana Alicia Alonso.

Por Frank Padrón

A matancera[1] Lindiana Murphy e grupo Mantra – respeitáveis expoentes cubanos da chamada World Music[2] – homenagearam a esse colosso da canção brasileira que foi e é Antonio Carlos Jobim, e mesmo com uma parte considerável do repertório de sua autoria (ou coautoria, porque Tom Jobim compôs com outros grandes, especialmente o poeta e cantor Vinícius de Moraes) outros colegas gigantes estavam presentes: Caetano,  de Coração Vagabundo, por exemplo, uma terna carta de apresentação,  ou  o sensual Beijo Roubado, de Adelino Moreira, para não mencionar Negue (Adelino Moreira e Enzo de Almeida Passos), que tirou da cantora uma interpretação sensível e  pessoal,  quando parecia que após a versão de Maria Bethania ninguém mais ousaria cantá-la, ou a ritmada e saborosa Dança da Solidão, de Paulinho da Viola.

No entanto, vários dos temas principais de Tom Jobin (Esquecendo Você, Dasafinado, Chega de saudade, Corcovado …), estruturaram o concerto, deixando-nos a apreciar uma cantora completa, não apenas com grandes habilidades de comunicação, graças à sua voz bem modulada, mas também à simpatia e a graciosa presença de palco presentes em seu trabalho.

Apesar de um português com sotaque mais angolano do que brasileiro (devido ao trabalho dos músicos naquele país, onde gravaram o CD Terra), a graça e a força telúrica da música que vem do reino do samba se fez sentir em toda a sua dimensão, às vezes compartilhada com algumas peças geradas precisamente em Angola, mas enraizadas no entrelaçamento com o componente africano que, como sabemos, está presente em grande parte da música brasileira.

E assim, digamos, soaram as músicas Eu preciso falar com você e Hoje, que se encaixaram muito bem ao espírito da programação.

Vale ressaltar o notável arranjo e complemento instrumental que acompanharam as músicas cantadas por Murphy, a partir de uma plataforma quase sempre jazzística que deu um tempero de rica sonoridade às interpretações: Rosa Garcia no piano, Dallana Fages no baixo, Yosvany Betancourt na percussão, Yasney Rojano no violino e saxofones (tenor e soprano) e o diretor musical, Alexander Diaz, foram o complemento ideal do concerto tão requintado.

E, por falar em maravilhas, a soprano do Teatro Lírico Nacional, Milagros de Los Angeles, nos ofereceu um luxo: sua versão plena de sensibilidade de outro clássico de Jobim: Eu sei que vou te amar.

Oxalá não tenhamos que esperar outras datas comemorativas ou outras celebrações como esta, para desfrutar mais frequentemente da música brasileira no estilo de muitos dos nossos intérpretes, capazes de compreendê-la e projetá-la a partir de seus estilos e interpretações, com toda a sua magia e beleza.

[1]  Natural da cidade de San Carlos y San Severino de Matanzas (N.T.).

[2] Música do mundo. (N.T.)

Tradução de Maria Helena De Eugenio para o Resistência

Fonte: Granma

[:es]

Los 30 años que han transcurrido desde el feliz momento en que nuestra Isla y el gigante sudamericano restablecieron relaciones diplomáticas están siendo celebrados desde ese terreno donde más confluyen nuestros dos países: la música; por ello fue un acto de reafirmación el concierto Canciones del Sur que tuvo lugar ha­ce unos días en la sala Ernesto Le­cuona del Gran Teatro de La Habana Alicia Alonso.

La matancera Lindiana Murphy y su grupo Mantra — respetables ex­ponentes entre nosotros de la llamada World Music — rindieron homenaje a ese coloso de la canción brasileña que fue, es Antonio Carlos Jo­bin, y si bien una considerable parte del repertorio pertenece a su autoría (o coautoría, por cuanto compuso con otros grandes, sobre todo el poeta y también cantante Vinicius de Moraes) otros gigantes colegas suyos estuvieron presentes: el Cae­tano de Coraçao vagabundo, por ejemplo, tierna carta de presentación, o el sensual Beijo roubado, de Adelino Moreira, para no hablar de Ne­gue (Adelino Moreira y Enzo de Almeida Passos), que arrancó a la intérprete una sentida y personal interpretación, cuando pareciera que tras la versión de Ma­ría Bethania nadie pudiera atreverse, o la rítmica y sabrosa Dança da solidao, de Paulinho da Viola.

Sin embargo, varios de los temas esenciales de Tom Jobín (Esque­cen­do vo­cé, Dasafinado, Chega de saudade, Corcovado…) estructuraron el concierto entregándonos a una cantante plena, no solo de amplias do­tes comunicativas gracias a su bien proyectada voz, sino a la simpatía y a la grácil presencia es­cénica que derrocha su labor.

Aunque desde un portugués con más acento angolano que brasileño (dado el trabajo de los músicos en ese país, en donde grabaron el CD Te­rra), la gracia y fuerza telúrica de la música que proviene del reino de la  samba se hizo sentir en toda su di­mensión, compartida a veces con al­gunas piezas generadas precisamente en Angola, pero donde confluye no poco el arraigado componente afro que, como sabemos, de­tenta buena parte de la música en Brasil.

Así sonaron, digamos, Eu preciso falar con vocé u Hoje, que encajaron muy bien en el espíritu del programa.

Valga resaltar el notable complemento instrumental y arreglístico que arropó las piezas cantadas por Murphy, desde una plataforma casi siempre jazzística que sazonó con una sonoridad muy rica las interpretaciones; el piano de Rosa Gar­cía, el bajo de Dallana Fages, la percusión de Yosvany Betancourt, el violín de Yasney Rojano y los saxos (tenor y soprano) del director musical del en­semble, Alexander Díaz, constituyeron el complemento ideal para tan exquisito concierto.

Y hablando de exquisiteces, una nota de lujo la puso la soprano del Tea­tro Lírico Nacional Milagros de los Ángeles, quien ofreció una versión muy sentida de otro clásico jobiniano: Eu sei que vou te amar.

Ojalá no haya que esperar a fe­chas redondas o celebraciones co­mo estas para disfrutar con más frecuencia de la música brasileña en el estilo de mu­chos intérpretes nuestros, capaces de entenderla y proyectarla desde sus estilos, con toda su magia y su belleza.

Rolar para cima