Gregos dizem não à União Europeia conservadora e neoliberal
O povo grego escreveu neste domingo (5) uma página de luta e vitória em seu próprio nome e de todos os povos da Europa e do mundo. Por esmagadora maioria de 60%, disse não à ditadura do capital monopolista financeiro, às políticas ruinosas da União Europeia que vilipendiam a cada dia a soberania nacional e provocam a degradação das condições de vida dos trabalhadores e do povo.
Por José Reinaldo Carvalho
Já nas primeiras horas do dia, conhecendo as sondagens de opinião pública, os analistas a serviço do capital financeiro internacional, tal como fizeram durante toda a semana, marcada também por ameaças e chantagens desde que o referendo foi convocado pelo primeiro-ministro Alexis Tsipras, empenharam-se numa operação midiática para desqualificar o previsível resultado. Difundiram que a consulta era inútil, que os gregos iam às urnas decidir sobre algo que já não existia, em referência às propostas que estavam a ser negociadas entre os credores internacionais e o governo nacional.
A realidade fala mais alto e é preciso fazê-la respeitar. A maioria dos votantes no referendo disse não às imposições dos credores – que Tsipras já havia rejeitado. Mas não só. Estavam em cheque – e foi a isto que o povo grego disse não – as relações de subjugação entre a União Europeia e os países mais vulneráveis que dela fazem parte.
Exaurido por políticas escravizadoras, depauperado pela retirada de direitos e a deterioração das condições econômicas do país, o povo grego disse não a um modelo de união econômica, comercial, monetária, política e militar – a União Europeia – que, sob o poder da grande burguesia monopolista-financeira e o comando de potentados imperialistas como a Alemanha, alimenta-se da espoliação dos povos. O pronunciamento dos gregos é um contundente não também ao sistema financeiro internacional e seus mecanismos de agiotagem, às políticas conservadoras e neoliberais que esmagam os trabalhadores e povos em todo o mundo.
A clara manifestação do povo grego reveste-se também de forte significado geopolítico, põe em cheque a União Europeia, suas estruturas, coesão e concepções. Para além das aparências e por cima das chantagens e ameaças dessa organização imperialista, fica patente que tudo é passível de mudança e é possível, sim, resistir, lutar e vencer. A cedência não é um caminho válido para as forças progressistas e de esquerda.
A vontade do povo grego deve fazer-se respeitar. Fortalecido por seu pronunciamento no referendo, com ainda maior razão conta com a simpatia e a solidariedade de todos os povos do mundo.