Vanessa sobre ida à Venezuela: “Mostramos como uma comitiva deve agir”
Em entrevista ao Portal Vermelho, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) falou sobre a viagem da comitiva de senadores brasileiros à Venezuela, no último dia 24, em que se encontrou com representantes do governo e da oposição daquele país, após o circo encenado por Aécio Neves (PSDB) e senadores da oposição que utilizaram a aprovação de uma visita à Venezuela para fazer chicana contra o governo legítimo de Nicolás Maduro.
Por Dayane Santos, do Portal Vermelho
“Deu para mostrar como deve trabalhar e agir uma comitiva parlamentar quando ela é oficial. A comitiva anterior, comandada por Aécio Neves, foi à Venezuela claramente para fazer um ato contra o governo, mas jamais poderiam ter feito isso em nome do Senado”, defendeu a senadora. Além de Vanessa, a comitiva foi formada pelos senadores Roberto Requião (PMDB-PR), Telmário Mota (PDT-RR), Randolfe Rodrigues (Psol-AP), Lídice da Mata (PSB-BA) e Lindbergh Farias (PT-RJ).
Vanessa também rebateu as afirmações da grande mídia e de integrantes da oposição que, na tentativa de desqualificar a visita, disseram que a segunda comitiva de senadores era “chapa branca”.
“Nós não temos o direito e não podemos fazer, em representação ao Senado, uma ação político-partidária. Foi o que fizeram os outros senadores”, denunciou. “Ficou claro que a única coisa que eles queriam era criar um factoide que fosse positivo a oposição da Venezuela e a oposição brasileira. Um absurdo”, disse a senadora, pontuando que Aécio e companhia queriam visitar os golpistas presos sem nem sequer pedir autorização à Justiça venezuelana.
“Eles foram com o objetivo de ir a prisão sem sequer terem se dirigido ao governo da Venezuela ou apresentar um pedido de liberação para fazer essa visita aos presos. O que deixa claro que eles não queriam conversar e tão pouco estão preocupados com a situação da Venezuela”, disse. Os senadores Aécio, Ronaldo Caiado e outros, tentaram se encontrar com os golpistas Leopoldo Lopez e Antonio Ledezma, presos depois de revelado um esquema para tentar derrubar o governo do presidente eleito Nicolás Maduro. A ação golpista aconteceu na cidade de Guariba e provocou a morte de 43 pessoas.
“Muito se fala em falta de democracia, mas percebemos algo muito interessante: quando nos reunimos com os representantes de Guaribas, havia poucos jornalistas, a maioria da imprensa brasileira. Mas quando nos reunimos com as esposas dos presos Lopes e Ledezma, o número de jornalistas era muito maior. Perguntei: É a imprensa internacional? E me disseram que não. A maioria era de jornalistas venezuelanos. Então, como eles dizem que não tem espaço na mídia e que o governo interfere em tudo? É muito contraditório”, destacou.
Agenda
A comitiva de senadores cumpriu uma extensa agenda de encontros contemplando a situação e oposição venezuelana, incluindo reuniões com as esposas dos golpistas presos Leopoldo Lopes e Carlos Ledezma, representantes do MUD (grupo que reúne diversas forças de oposição), o governador do Estado de Miranda, Henrique Capriles – também da oposição – e com vítimas de Guaribas, localidade onde 43 pessoas morreram, fato que motivou a prisão de Lopes e Ledezma.
“Dizem que foi um ato de protesto, mas não foi bem assim. Foram movimentos violentos e tentaram vender para o mundo a imagem de que se tratava de uma agressão da polícia e do governo venezuelano. Mas o fato é que das 43 mortes, cinco eram de pessoas ligadas à oposição e todas as demais eram chavistas”, destacou Vanessa, afirmando que o Ministério Público da Venezuela vai encaminhar os autos do processo para o Senado brasileiro para a formulação de um relatório final sobre a visita.
“As prisões de Lopes e Ledezma são justamente por conta da participação deles nesses eventos que foram criminosos e ceifaram vidas”, salientou a senadora, destacando que a teoria da oposição brasileira amplamente massificada pela mídia “de que não há democracia ou Justiça na Venezuela e que eles foram presos sem provas ou sentenças” caem por terra com as provas anexadas aos processos.
“A Justiça da Venezuela vem trabalhando caso a caso. A situação de Leopoldo Lopes, por exemplo, é muito delicada porque há provas contundentes do seu envolvimento nas manifestações violentas em que pessoas foram mortas. Ainda tem o agravante de que Lopes foi um dos anistiados após ter sido condenado por participação no golpe contra Hugo Chávez, em 2007, ou seja, há reincidência e a legislação não permite benefícios”, explicou.
Mercosul
A senadora destacou ainda que até a cúpula do Mercosul, em 17 de julho, será reinstalada a Frente Parlamentar de Amizade Brasil-Venezuela e que os parlamentares venezuelanos já criaram. Ela disse também que, a convite da Venezuela, o Brasil enviará observadores para as eleições, que estão marcadas para o dia 6 de dezembro.
Vanessa finalizou enfatizando que a visita da comitiva de senadores brasileiros “deixou claro que o Brasil, enquanto membro do Mercosul, respeita a soberania dos países e tem a certeza de que a Venezuela encontrará uma boa saída para a situação, inclusive para os presos”.